PUBLICIDADE

Mundo

"Sinto falta de Meredith", diz Amanda Knox

Morte da estudante britânica Meredith Kercher completa 10 anos nesta quarta-feira

1 nov 2017 - 18h29
Compartilhar
Exibir comentários

Nos 10 anos do assassinato da estudante britânica Meredith Kercher, a norte-americana Amanda Knox, absolvida do crime em 2015, publicou nesta quarta-feira (1º) um texto dizendo que "sente falta" da ex-colega.

Hoje jornalista e escritora, Knox se manifestou por meio de um texto em seu blog, no qual afirma que, em 1º de novembro de 2007, Kercher foi "estuprada e assassinada por um ladrão enquanto estava sozinha" na residência que elas dividiam em Perúgia, no centro da Itália.

A britânica havia chegado ao país um mês antes, para participar do programa de intercâmbio da União Europeia, e o único condenado pelo seu homicídio é o marfinense Rudy Guede, que cumpre pena de 16 anos de prisão.

"Quando olho para minhas memórias de Meredith, o que eu encontro são belos, banais momentos que compartilhamos. [...] Essas lembranças estão enterradas sob as horríveis fotos da autópsia e da cena do crime que eu vi, os xingamentos dos quais fui chamada, as ameaças de morte que recebi (e ainda recebo), as falsas acusações", escreveu a norte-americana.

Amanda Knox em frente à casa de seus pais em foto de 27 de março de 2015 em Seattle, Washington.
Amanda Knox em frente à casa de seus pais em foto de 27 de março de 2015 em Seattle, Washington.
Foto: Stephen Brashear / Getty Images

Segundo Knox, Kercher era sua "amiga mais próxima" em um "novo e empolgante" momento de suas vidas. "Algumas pessoas pensam que eu não tenho o direito de chorar Meredith. Elas acreditam que eu tive algo a ver com seu assassinato - eu não tive - ou que Meredith tenha sido esquecida durante minha própria luta por justiça - ela não foi", acrescentou.

A norte-americana ressaltou que muitas pessoas "amaram e conheceram" mais sobre Kercher, mas disse que ela compartilha com a família e os amigos da britânica o fato de que o assassinato mudou suas vidas.

"Odeio que minhas memórias sobre ela estejam enterradas sob os anos de sofrimento que eu e Raffaele [Sollecito, seu então namorado] tivemos após o homicídio. E é deprimente saber que o luto vem com o preço de ser criticada por qualquer coisa que eu diga ou não diga hoje. Mas o mais triste de tudo é que Meredith não está aqui, sendo que ela merecia estar. Sinto falta dela e sou grata pelas lembranças de nosso tempo juntas", concluiu.

Também absolvido, Raffaele Sollecito usou o Twitter para recordar o assassinato de Kercher, porém se concentrou nos efeitos do caso sobre sua vida. "Se passaram 10 anos, e nada mudou. A essa hora, estava feliz e despreocupado, faltando uma semana para me formar. Projetava estudar desenvolvimento de games na Irlanda, mas, após alguns dias, me acusaram de um homicídio com o qual eu jamais sonharia", disse.

A estudante britânica Meredith Kercher foi assassinada em Perugia, Itália. Amanda Knox e seu ex-namorado italiano Raffaele Sollecito foram acusados do assassinato da estudante britânica
A estudante britânica Meredith Kercher foi assassinada em Perugia, Itália. Amanda Knox e seu ex-namorado italiano Raffaele Sollecito foram acusados do assassinato da estudante britânica
Foto: Franco Origlia / Getty Images

O crime

O homicídio ocorreu na cidade italiana de Perúgia, onde Knox e Kercher dividiam um apartamento, em 1º de novembro de 2007. O corpo da britânica foi encontrado na residência em que elas moravam degolado, seminu e com uma série de feridas.

O caso logo chamou atenção pelas circunstâncias que o envolviam.

Ao lado de Guede, Knox e Sollecito - na época namorados - foram acusados de matar Kercher em meio a discussões sobre a limpeza da casa e jogos sexuais que fugiram do controle - hipótese que foi desconsiderada mais tarde.

Rudy Guede, natural da Costa do Marfim, foi preso após fugir para a Alemanha, escolheu um julgamento rápido na esperança de uma sentença reduzida se ele fosse considerado culpado e acabou condenado a 30 anos de prisão.
Rudy Guede, natural da Costa do Marfim, foi preso após fugir para a Alemanha, escolheu um julgamento rápido na esperança de uma sentença reduzida se ele fosse considerado culpado e acabou condenado a 30 anos de prisão.
Foto: Franco Origlia / Getty Images

A beleza da norte-americana também foi outro chamariz para o crime. Na Itália, ela ficou conhecida como "a diaba com rosto de anjo". O ex-casal chegou a ser sentenciado após o DNA de Knox ter sido encontrado em uma faca com o sangue da vítima e ficou preso na Itália até 2011, quando a Corte de Cassação, tribunal supremo do país, anulou o processo por falhas na perícia.

No mesmo dia em que foi libertada, a norte-americana voltou para a casa de sua família, em Seattle. No fim de 2013, o mesmo tribunal determinou a reabertura do caso, já que a inocência dos dois não tinha sido comprovada, culminando em uma sentença condenatória da Corte de Apelação de Florença em janeiro do ano seguinte. Contudo a decisão foi novamente derrubada pela Corte de Cassação, que não viu indícios de participação de Knox e Sollecito no assassinato e os absolveu em definitivo. Já Guede foi condenado por ter invadido a casa e matado Kercher, mas ele alega que conhecia a britânica e que estava na residência a convite dela.

Segundo sua versão, o homicídio ocorreu enquanto ele estava no banheiro, após uma discussão entre Kercher e Knox.

Imagem mostra Raffaele Sollecito em 30 de janeiro de 2014, quando chegou ao tribunal de Florença
Imagem mostra Raffaele Sollecito em 30 de janeiro de 2014, quando chegou ao tribunal de Florença
Foto: Franco Origlia / Getty Images

Veja também

História de americana acusada de matar jovem em república vira filme:
Ansa - Brasil   
Compartilhar
Publicidade
Publicidade