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Rabino que sobreviveu ao ataque de 7 de outubro retorna ao kibutz Nirim e renova apelo pela paz

Quase dois anos após os ataques de 7 de outubro de 2023, o rabino liberal Avi Dabush voltou a viver no kibutz Nirim, no oeste de Israel, um dos mais atingidos pelos massacres do grupo Hamas. Dabush recebeu a RFI em seu exuberante jardim, onde compartilhou memórias dolorosas e reafirmou seu compromisso com a paz.

7 out 2025 - 14h14
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Quase dois anos após os ataques de 7 de outubro de 2023, o rabino liberal Avi Dabush voltou a viver no kibutz Nirim, no oeste de Israel, um dos mais atingidos pelos massacres do grupo Hamas. Dabush recebeu a RFI em seu exuberante jardim, onde compartilhou memórias dolorosas e reafirmou seu compromisso com a paz.

O rabino Avi Dabush, em entrevista à RFI no kibutz Nirim, no oeste de Israel.
O rabino Avi Dabush, em entrevista à RFI no kibutz Nirim, no oeste de Israel.
Foto: © RFI / F. MISSLIN / RFI

Frédérique Misslin, correspondente da RFI em Israel 

O kibutz de Nirim, localizado ao sul do deserto de Negev, na fronteira com a Faixa de Gaza, abriga hoje cerca de 80% de seus moradores originais. "Estamos a 1,5 quilômetro de Khan Yunis", explica o rabino, referindo-se à cidade palestina vizinha, no sul do enclave. 

Segundo ele, a proximidade com a guerra é constante e perturbadora. "Estamos felizes por estar de volta, mas estar tão perto da guerra é muito difícil. Ouvimos as explosões dos bombardeios, e esses ruídos sempre nos remetem à manhã de 7 de outubro."

Naquele dia, Dabush passou quase 36 horas escondido em casa com sua família, enquanto combatentes do Hamas invadiam o kibutz, matando e sequestrando vizinhos. Após 681 dias longe de casa, ele recebeu autorização para retornar recentemente.

"Aqui, você não pode realmente se desconectar da guerra; é uma realidade muito próxima e terrível. É por isso que queremos o fim da guerra, o retorno dos reféns e também um governo diferente em Gaza para os palestinos, e um governo diferente aqui em Israel também."

Defesa da paz entre povos

Militante incansável pela paz, Dabush continua a defender o diálogo entre israelenses e palestinos, mesmo diante da dor e da pressão social por vingança. Engajado, ele participa de todas as manifestações pela paz. "A guerra é tão ruim para todos, e para meus filhos, para nossos filhos, para nossa nação e, claro, para os palestinos. E também para os meus valores judaicos."

Dabush reconhece os sentimentos contraditórios que o atravessam: "Em mim, existem todas as vozes israelenses, de vingança, de medo, de decepção, desespero e assim por diante. Mas devemos escolher de forma diferente. Em nossa Torá está escrito: se você tem a vida e a morte, escolha a vida."

Dabush também lamenta o discurso de ódio que se espalhou logo após os ataques. "As pessoas desta área falavam: 'Devemos matar todos eles; não há pessoas inocentes'. Agora, mais e mais pessoas voltaram à sanidade e entendem que, se você diz: 'Não me importo com bebês ou crianças pequenas, não me importo com mulheres que estão sendo mortas', você perde algo muito importante em sua humanidade."

Reconstrução material e emocional 

Pérola Gaz, brasileira de 70 anos, vive em Israel desde 1987 e morava no kibutz Be'eri, também atacado pelo Hamas. Em entrevista ao correspondente da RFI em Israel, Henry Galsky, ela contou que, durante o atentado, se escondeu com as netas de seis e 10 anos, na época, em um quarto protegido de sua casa, onde foi resgatada 20 horas depois por soldados de Israel. 

"É muito difícil superar traumas como esse. Há dias piores, há dias melhores. Penso em voltar porque faço parte dessa comunidade", conta a brasileira que atualmente vive em outro kibutz, aguardando a reconstrução de Be'eri.

Mais ao sul está Nir Oz, onde viviam 400 pessoas. A apenas 2,5 quilômetros de Gaza, o kibutz foi quase totalmente destruído. Nessa pequena comunidade, 117 pessoas foram sequestradas ou assassinadas. Dos 48 reféns ainda mantidos em cativeiro, 20 dos quais ainda vivos, nove são de Nir Oz.

"Só daqui a três anos vamos reconstruir completamente Nir Oz. Algumas famílias já retornaram. Alguns jovens também estão no kibutz para ajudar a reerguer a comunidade. Somos refugiados internos em Israel e será preciso construir um novo kibutz, maior do que o anterior", diz à RFI Rita Lifshitz, de 84 anos. "85% do kibutz precisam ser reconstruídos do zero, pois as casas foram queimadas e destruídas na invasão do Hamas", destaca Rita Lifshitz.

O jornal Libération também entrevistou sobreviventes de Nir Oz, onde, algumas moradias foram reduzidas a cinzas. "Não podemos reconstruir e nem começar um processo de cura. Eu conheço nove pessoas que ainda estão presas em Gaza e as famílias continuam muito preocupadas", diz Ranae Butler, que perdeu o irmão, a cunhada e três sobrinhos no ataque do Hamas em 2023. 

Enquanto a reconstrução dos kibutzim continua, familiares dos israelenses sequestrados pelo Hamas sofrem cotidianamente. De acordo com o jornal Le Monde, parentes das vítimas se mostram céticas sobre as intenções do primeiro-ministro israelense de implementar um plano de paz. "Benjamin Netanyahu é o principal obstáculo", dizem. 

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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