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ONU pede que Paquistão suspenda expulsões de afegãos após terremoto devastador

O alto comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi, pediu nesta quarta-feira (3) que o Paquistão suspenda as expulsões de cidadãos afegãos, após o terremoto que deixou mais de 1.400 mortos no Afeganistão.

3 set 2025 - 15h33
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O alto comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi, pediu nesta quarta-feira (3) que o Paquistão suspenda as expulsões de cidadãos afegãos, após o terremoto que deixou mais de 1.400 mortos no Afeganistão.

Refugiados afegãos se abrigam em um parque público em Islamabade, capital do Paquistão, em 11 de agosto de 2025.
Refugiados afegãos se abrigam em um parque público em Islamabade, capital do Paquistão, em 11 de agosto de 2025.
Foto: AFP - AAMIR QURESHI / RFI

"A ajuda dos países doadores, incluindo o Paquistão, é essencial e bem-vinda", escreveu Grandi na rede social X. "Diante dessa situação, faço um apelo ao governo do Paquistão para que interrompa a execução do plano de repatriação de estrangeiros em situação irregular", acrescentou.

O recente terremoto afetou mais de 500 mil pessoas no leste do Afeganistão. Apesar da tragédia, autoridades paquistanesas e afegãs relataram que milhares de afegãos com registro de refugiado da ONU foram forçados a retornar ao seu país na segunda-feira (1)°.

O Paquistão iniciou as expulsões no fim de 2023, mas acelerou o processo em abril. Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), mais de 478 mil afegãos voltaram ao país desde então, sendo cerca de 337 mil pela fronteira de Torkham, próxima ao epicentro do terremoto.

Cerca de 24% dos repatriados chegaram à província de Nangarhar, uma das mais afetadas pelo tremor, informou o ACNUR, que está mobilizando recursos para atender as comunidades atingidas.

As autoridades paquistanesas também revogaram documentos de residência de afegãos que vivem no país há gerações. A partir de 1º de setembro, passaram a considerar como irregulares até mesmo os portadores do cartão "PoR" (Proof of Registration), emitido pela ONU.

O terremoto de magnitude 6, que atingiu o leste do Afeganistão na noite de domingo (31), ocorreu justamente na véspera da nova política migratória, e muitas das mais de 1.400 vítimas eram afegãos recém-retornados do Paquistão.

"Solidariedade entre vizinhos"

Na terça-feira, o relator especial da ONU para os direitos humanos no Afeganistão, Richard Bennett, também pediu ao Paquistão que "ao menos suspenda as expulsões previstas", classificando o gesto como um "ato de solidariedade entre vizinhos".

Desde o fim de 2023, Paquistão e Irã já forçaram o retorno de mais de 4 milhões de afegãos. A ONU alerta que muitos desses retornos são forçados. Enquanto isso, equipes de resgate ainda enfrentam dificuldades para alcançar os sobreviventes de um dos terremotos mais letais da história recente do país.

O tremor, registrado por volta da meia-noite de domingo, deixou 1.469 mortos, mais de 3.500 feridos e destruiu quase 7 mil casas nas províncias de Kunar, Laghman e Nangarhar, segundo balanço atualizado pelas autoridades talibãs.

"O nosso vilarejo desabou, nenhuma casa ficou de pé", relatou Omarkhan Omari, de 56 anos, morador de Dara-i-Nur, em Nangarhar. Ele disse nunca ter sentido um tremor tão forte.

O Afeganistão, localizado entre as placas tectônicas da Eurásia e da Índia, é frequentemente atingido por terremotos. Mas, segundo a ONU e organizações humanitárias, este desastre acontece "no pior momento possível", já que a ajuda internacional ao país foi drasticamente reduzida nos últimos meses.

Em Nourgal, distrito da província de Kunar, "algumas aldeias ainda não receberam nenhum tipo de ajuda", afirmou o funcionário local Ijaz Ulhaq Yaad.

Deslizamentos dificultam acesso

Deslizamentos de terra dificultam o acesso às áreas montanhosas. A ONG Save The Children relatou que uma de suas equipes caminhou 20 km carregando equipamentos médicos nas costas para alcançar um vilarejo isolado por desmoronamentos.

O Ministério da Defesa do Afeganistão informou que organizou dezenas de voos para evacuar cerca de 2 mil feridos e seus familiares para hospitais da região.

Desde domingo, o governo talibã não anunciou nenhum plano de reconstrução ou assistência financeira às vítimas. Apenas declarou que não conseguirá lidar com a situação sozinho. Segundo o porta-voz adjunto Hamdullah Fitrat, foram montados acampamentos próximos ao epicentro para armazenar suprimentos e coordenar o transporte dos feridos.

A ONU já liberou US$ 5 milhões de seu fundo de emergência. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que ainda precisa de US$ 3 milhões para implementar sua resposta emergencial. A OMS também alertou para o risco de surtos de doenças entre as populações deslocadas, que já se encontram em situação de extrema vulnerabilidade.

Desde que os talibãs voltaram ao poder em 2021, o país já enfrentou outro terremoto devastador: em 2023, na região de Herat, no oeste, mais de 1.500 pessoas morreram e mais de 63 mil casas foram destruídas. Desde 1900, o nordeste do Afeganistão já foi atingido por 12 terremotos de grande magnitude.

(Com AFP)

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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