ONU denuncia tortura 'sistemática' de civis ucranianos por forças russas
Segundo relatório da ONU divulgado nesta terça-feira (23), autoridades russas submeteram civis ucranianos detidos em áreas ocupadas a tortura — incluindo violência sexual — de forma generalizada e sistemática. Desde o início da guerra, mais de 15 mil civis foram presos pela Rússia. Relatos consistentes de espancamentos e choques elétricos revelam um padrão contínuo de abusos.
Segundo relatório da ONU divulgado nesta terça-feira (23), autoridades russas submeteram civis ucranianos detidos em áreas ocupadas a tortura — incluindo violência sexual — de forma generalizada e sistemática. Desde o início da guerra, mais de 15 mil civis foram presos pela Rússia. Relatos consistentes de espancamentos e choques elétricos revelam um padrão contínuo de abusos.
"A Rússia deteve civis ucranianos em larga escala", afirmou Danielle Bell, chefe da missão da ONU, durante a apresentação do documento à imprensa. Falando de Kiev, ela informou que mais de 15 mil civis ucranianos foram detidos pelas forças russas desde o início da guerra, dos quais pelo menos 1.800 continuam presos.
Desde junho de 2023, investigadores da ONU entrevistaram 216 civis libertados. Segundo o relatório, 92% relataram de forma consistente e detalhada episódios de tortura ou maus-tratos durante o período de detenção. Os relatos incluem espancamentos severos com bastões e cassetetes, choques elétricos em várias partes do corpo. Muitos também disseram ter sofrido ameaças de morte e violência contra si ou familiares.
O relatório aponta que 90 civis morreram sob custódia em decorrência de execuções extrajudiciais, e outros 38 devido à tortura, à falta de alimentos e à ausência de cuidados médicos.
Mantidas em detenção por dias, semanas, meses ou até anos
"Pessoas foram presas arbitrariamente nas ruas das áreas ocupadas, acusadas com base em justificativas jurídicas instáveis e mantidas em detenção por dias, semanas, meses ou até anos", denunciou o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, em comunicado. "É fundamental que os direitos dos civis detidos, gravemente afetados por este conflito devastador, sejam prioridade em qualquer negociação de paz", acrescentou.
O relatório também documenta casos de tortura e maus-tratos cometidos por autoridades ucranianas contra civis detidos. No fim de julho, a Ucrânia contabilizava oficialmente mais de 2.250 pessoas presas por envolvimento com o conflito — em sua maioria cidadãos ucranianos acusados de traição, espionagem ou colaboração com as forças russas ocupantes, inclusive em tarefas cotidianas como construção civil ou coleta de lixo.
A missão da ONU entrevistou 409 desses detidos. Entre eles, 117 forneceram testemunhos considerados confiáveis sobre tortura e maus-tratos sofridos durante o período de prisão, especialmente em 2022.
(Com AFP)