"Moradores de Teerã vão pagar o preço" por novos ataques de mísseis contra Israel, diz ministro da Defesa
O Irã lançou novos mísseis nesta segunda-feira (16) contra várias cidades de Israel, matando pelo menos cinco pessoas e deixando 92 feridas. Os ataques iranianos já deixaram 24 mortos e cerca de 400 feridos no país desde sexta-feira (13), segundo um novo balanço divulgado pelo gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. A ofensiva é uma resposta aos ataques israelenses que atingiram o território iraniano pela quarta noite consecutiva.
Em Tel Aviv, imagens mostram prédios destruídos e bombeiros em busca de sobreviventes nos escombros. Os bombardeios também atingiram Petah Tikva e Bnei Brak, localizadas nos arredores da maior cidade de Israel. Sirenes de alerta também soaram durante a noite em Jerusalém. A defesa antiaérea foi ativada, mas vários mísseis não foram interceptados.
O ministro da Defesa, Israel Katz, alertou que os moradores de Teerã "pagarão o preço" pelos ataques iranianos contra civis israelenses. Paralelamente, o Exército do país também informou nesta segunda-feira que um míssil lançado do Iêmen caiu antes de entrar no espaço aéreo nacional.
"Os Guardiões da Revolução afirmaram que esse novo ataque permitiu "que mísseis atingissem com sucesso os alvos" em Israel e prometeram operações "ainda mais devastadoras". O Exército iraniano frisou que o ataque desta segunda foi realizado "apesar do apoio total dos Estados Unidos e das potências ocidentais" a Israel.
Já Israel afirmou ter atingido centros de comando da Força Qods em Teerã, a unidade de elite dos Guardiões da Revolução responsável por operações externas. A força aérea israelense também atacou "dezenas" de locais de mísseis terra-terra e instalações militares no oeste do país.
Os ataques deixaram pelo menos 224 mortos no Irã desde sexta-feira e mais de mil feridos, segundo o Ministério da Saúde iraniano. O presidente do Irã, Massoud Pezeshkian, pediu nesta segunda-feira que a população se una e "resista" contra essa "agressão criminosa".
"Não sobrou nada"
Mísseis iranianos já haviam caído na região de Tel Aviv na noite de sábado para domingo. "Não sobrou nada, nenhuma casa, acabou!", disse Evguenia Doudka, moradora de Bat Yam, cidade costeira atingida pelos bombardeios. "O alarme soou e fomos para o abrigo. De repente, todo o abrigo se encheu de poeira, e foi aí que percebemos o que aconteceu."
No domingo, ataques também atingiram dezenas de alvos em Teerã, incluindo um prédio residencial onde cinco pessoas morreram, segundo a televisão local. O governo iraniano anunciou que mesquitas, estações de metrô e escolas serviriam como abrigos antiaéreos a partir da noite de domingo.
Os ataques israelenses mataram desde sexta-feira os três mais altos responsáveis militares do país e nove cientistas do programa nuclear iraniano. No domingo, longas filas de carros engarrafavam as estradas para sair de Teerã.
"Não conseguimos dormir desde sexta-feira por causa do barulho das explosões. Hoje, uma casa foi atingida e ficamos com muito medo. Então decidimos deixar Teerã", contou Farzaneh, uma mulher de 56 anos que seguia para o norte do país.
Israel lançou na sexta-feira uma campanha aérea contra centenas de locais militares e nucleares no Irã, após afirmar que o país se aproximava de um "ponto sem retorno" na fabricação da bomba atômica.
Teerã é suspeito pelos ocidentais e por Israel de querer fabricar a arma nuclear. O Irã nega e defende seu direito de desenvolver um programa nuclear civil, mas prometeu no domingo uma "resposta devastadora" aos ataques israelenses e afirmou que Israel, em breve, "não será mais habitável".
Trump diz que EUA podem intervir Também no domingo, o Exército israelense anunciou ter atacado o aeroporto de Machhad, a segunda maior cidade do Irã, localizada no nordeste do país, a cerca de 2.300 km de Israel.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou ao canal americano Fox News que Israel havia "destruído a principal instalação" do local de enriquecimento de urânio de Natanz, no centro do país. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou nesta segunda-feira ter conversado com Netanyahu e dito que a diplomacia era a melhor solução "a longo prazo" com o Irã.
O presidente americano Donald Trump, aliado de Israel, fez um apelo no domingo para que os dois países "cheguem a um acordo". Ele acrescentou que é "possível" que os Estados Unidos se envolvam no conflito. Irã pede ação da Europa O Irã pediu nesta segunda-feira a intrevenção dos países europeus para parar os ataques israelenses contra seu território.
"A Alemanha, a França e a Inglaterra deveriam ter condenado de forma muito clara os crimes do regime sionista', declarou o porta-voz da diplomacia iraniana, Esmaïl Baghaï. "Esperamos naturalmente que os países europeus se empenhem em pôr fim à agressão e condenem as ações desse regime contra as instalações nucleares iranianas", acrescentou o porta-voz durante uma coletiva de imprensa.
Com informações da AFP