Milhões de australianos acendem velas em memória das vítimas do massacre antissemita em Sydney
Milhões de australianos vão acender velas e observar um minuto de silêncio neste domingo (21), uma semana após o massacre antissemita cometido por dois homens contra participantes de uma celebração judaica em uma praia icônica de Sydney. As autoridades também discutem com a comunidade judaica a criação de um memorial permanente na praia, além da instituição de um dia de luto nacional no início de 2026.
No dia 14 de dezembro, os dois agressores — Sajid Akram, 50 anos, um indiano que entrou na Austrália com visto em 1998, e seu filho Naveed Akram, nascido no país há 24 anos — abriram fogo contra um a reunião para a festa judaica de Hanukkah na praia de Bondi.
Segundo as autoridades, o atentado, do qual são suspeitos o pai (morto no local) e o filho, foi motivado pela ideologia do grupo jihadista Estado Islâmico. O filho, Naveed Akram, está hospitalizado sob forte vigilância policial e foi indiciado por terrorismo e 15 assassinatos.
"A luz contra a escuridão"
Exatamente uma semana após o primeiro alerta de tiros, às 18h47 de domingo (04h47 no horário de Brasília), os australianos vão se reunir para um minuto de silêncio, convidados a refletir sobre "a luz contra a escuridão".
As bandeiras serão hasteadas a meio mastro e as pessoas serão convidadas a colocar uma vela na janela em homenagem às vítimas e em solidariedade à comunidade judaica, informou no sábado (20) o primeiro-ministro Anthony Albanese.
Serão "60 segundos retirados do barulho do cotidiano, dedicados a 15 australianos que deveriam estar entre nós hoje", declarou o premiê, que participará das homenagens na praia de Bondi. "Será uma pausa para refletir e afirmar que o ódio e a violência nunca nos definirão como australianos."
Muitos australianos já prestaram homenagem às vítimas de forma espontânea. Na sexta-feira, centenas de surfistas e nadadores se reuniram para um tributo na praia, formando um círculo gigante nas ondas. No sábado, salva-vidas observaram três minutos de silêncio à beira-mar, alguns chorando ou se abraçando.
O massacre obrigou o país a repensar sua política de combate ao antissemitismo e reconhecer o fracasso em proteger os judeus australianos.
Alerta vermelho
As autoridades do país-continente tentam responder ao choque e à emoção provocados por esse atentado antissemita, o pior massacre na Austrália em várias décadas.
O governo anunciou o endurecimento das leis contra o extremismo e sobre posse de armas.
Também vieram à tona atos de heroísmo: o vendedor de frutas Ahmed al Ahmed se escondeu entre carros durante o ataque e conseguiu arrancar o fuzil de um dos agressores. Gravemente ferido no ombro, foi saudado como "herói".
Membros da comunidade judaica criticaram o governo trabalhista, afirmando que seus alertas sobre a escalada do antissemitismo desde 7 de outubro não foram levados a sério.
Para o rabino Yossi Friedman, "a mensagem estava clara há mais de dois anos". "Nos sentimos seguros? Para ser honesto, não muito."
Nesta semana, várias cerimônias fúnebres foram realizadas, incluindo a da pequena Matilda, de 10 anos, considerada especialmente comovente.
Agora, uma equipe de investigadores da polícia e da inteligência analisa os deslocamentos e contatos dos dois suspeitos, incluindo uma viagem ao sul das Filipinas algumas semanas antes do ataque.
"Vamos identificar os métodos, os meios e as conexões desses criminosos para determinar com quem eles se comunicaram antes do atentado", declarou Krissy Barrett, chefe da Polícia Federal Australiana.
Com AFP