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José Antonio Kast é eleito presidente do Chile, e direita volta ao poder

Conservador confirma seu favoritismo ao aglutinar os votos dos demais candidatos da direita e derrota a comunista Jeannette Jara

14 dez 2025 - 19h35
(atualizado às 19h36)
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José Antonio Kast é eleito presidente do Chile
José Antonio Kast é eleito presidente do Chile
Foto: Reprodução/Instagram

O conservador José Antonio Kast confirmou o favoritismo que carregou durante toda a campanha para o segundo turno e foi eleito presidente do Chile neste domingo, 14. Com isso, o Palácio La Moneda será ocupado pela direita depois de quatro anos sob o governo de esquerda de Gabriel Boric. Kast será o primeiro presidente abertamente admirador do ditador Augusto Pinochet.

Com 25% das urnas apuradas, Kast tem 59% dos votos contra 40% da candidata governista Jeannette Jara, do Partido Comunista. Com vantagem de quase 20 pontos porcentuais para Kast, projeções estatísticas feitas pela justiça eleitoral chilena consideram a vitória irreversível.

As pesquisas de intenção de votos já apontavam uma clara vantagem do conservador depois que ele conseguiu reunir os votos dos outros candidatos da direita derrotados no primeiro turno.

José Antonio Kast é um advogado de 59 anos, católico devoto e pai de nove filhos. Esta foi a terceira vez que ele concorreu ao La Moneda, tendo sido derrotado no passado devido principalmente às suas pautas sobre gênero.

O candidato, então, aprendeu com as derrotas, deixou de lado as chamadas pautas de costumes, agregou mulheres à sua campanha e se tornou mais palatável aos chilenos, especialmente diante de uma adversária do Partido Comunista.

Desta vez, ele concorreu como candidato do Partido Republicano, que ele fundou há cinco anos por considerar a direita tradicional muito branda. Uma das autoras de sua biografia María José Hinojosa descreveu Kast, em entrevista ao Estadão, como um "encantador com devaneios messiânicos" e que se vê como "o salvador do Chile".

Entre suas principais promessas estão levar o Chile para uma abordagem mais linha-dura contra o crime e deportar cerca de 340 mil imigrantes irregulares, em sua maioria venezuelanos. Ele não detalhou, porém, como cumprirá essas promessas, já que elas requerem muito dinheiro e parceria com os países dos deportados — não é o caso da Venezuela.

Após votar na comuna de Paine, a 40 km de Santiago, Kast foi ovacionado por uma multidão que gritava "Presidente!". Ele prometeu um governo de unidade. "Quem vencer, terá que ser presidente de todos os chilenos", disse à imprensa após votar.

"Vou votar em Kast porque ele me dá mais confiança. O comunismo nunca foi positivo em nenhum lugar do mundo", disse à AFP José González, um caminhoneiro de 74 anos, enquanto esperava na fila para votar no centro de Santiago.

Kast afirmou repetidamente durante sua campanha que "o país está caindo aos pedaços". Em suas aparições públicas, atrás de vidros à prova de balas em um dos países mais seguros da região, ele retrata o Chile quase como um Estado falido dominado pelo tráfico de drogas, um país que se afastou do "milagre econômico" que o tornou uma das nações mais bem-sucedidas da América Latina.

"O que importa, mais do que benefícios sociais, são empregos e segurança. Que as pessoas possam sair de casa sem medo e voltar à noite sem pensar que algo lhes acontecerá nas esquinas", disse à AFP Úrsula Villalobos, dona de casa de 44 anos que votou em Kast.

Segundo uma pesquisa do Ipsos de outubro, 63% dos chilenos afirmam que o crime e a violência são suas maiores preocupações, seguidos pelo baixo crescimento econômico. Especialistas apontam, contudo, que a percepção do medo no Chile é muito maior do que os números reais da criminalidade.

Os homicídios dobraram na última década, embora estejam em declínio há dois anos. Mesmo assim, houve um aumento dos crimes violentos, como sequestro e extorsão, coincidindo com a chegada ao país de gangues venezuelanas, colombianas e peruanas, como o Tren de Aragua, da Venezuela.

O governo de esquerda de Gabriel Boric, ex-líder estudantil que chegou ao poder após os protestos massivos de 2019, não conseguiu reformar a Constituição de Pinochet, o que "minou completamente seu apoio político", segundo Robert Funk, professor de ciência política da Universidade do Chile.

Kast apoiou a ditadura militar e afirma que, se Pinochet estivesse vivo, votaria nele. Mas, nesta última campanha, evitou discutir esse e outros assuntos que poderiam lhe custar votos, como sua oposição ao aborto em qualquer circunstância.

Investigações jornalísticas revelaram, em 2021, que o pai de Kast, nascido na Alemanha, foi membro do Partido Nazista de Adolf Hitler. No entanto, Kast afirma que seu pai foi um recruta forçado do exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial e nega que ele tenha sido um apoiador do movimento nazista.

Desde 2010, a direita e a esquerda se alternam no poder no Chile a cada eleição presidencial. Em 2021, após uma disputa entre Boric e Kast no segundo turno, o Chile teve o seu governo mais de esquerda da história, embora Boric tenha caminhado ao centro após derrotas constantes do governo no Congresso e na Constituinte.

Com a vitória de Kast, "não devemos pensar que ele tem um mandato super forte para fazer o que quiser", porque muitas pessoas estão votando nele por medo de Jara, estimou Funk. Elas votarão nele principalmente "apesar de seu apoio a Pinochet, não por causa de seu apoio a Pinochet"./Com AFP

Estadão
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