Israelenses voltam às ruas e organizam ações para pedir fim da guerra em Gaza e retorno dos reféns
Em uma nova jornada de mobilização nesta terça-feira (26), israelenses estão nas ruas desde a manhã para exigir o fim da guerra em Gaza e o retorno dos reféns. Várias ações estão previstas ao longo do dia. Gabinete de segurança israelense se reúne à noite para discutir retomada de negociações de trégua.
Em uma nova jornada de mobilização nesta terça-feira (26), israelenses estão nas ruas desde a manhã para exigir o fim da guerra em Gaza e o retorno dos reféns. Várias ações estão previstas ao longo do dia. Gabinete de segurança israelense se reúne à noite para discutir retomada de negociações de trégua.
Com informações de Michel Paul, correspondente da RFI em Jerusalém, e AFP
O Fórum das Famílias de Reféns, principal organização israelense que reúne parentes dos reféns em Gaza, lançou um apelo por uma demonstração massiva de solidariedade, com o objetivo de pressionar o governo a aceitar um acordo de cessar-fogo com o Hamas.
As manifestações tiveram início na segunda-feira (25), com participantes reunidos nas proximidades da base aérea de Hatzerim, perto de Beersheba, no sul do país, para pedir aos pilotos israelenses que cessem os bombardeios à Faixa de Gaza e deixem de realizar ações que podem ser consideradas crimes de guerra.
Há oito dias, meio milhão de israelenses já haviam ido às ruas com a mesma demanda. Na semana anterior, quase um milhão de pessoas se mobilizaram com o mesmo propósito, conforme relatado à RFI pelo jornalista Daniel Bensimon, ex-deputado trabalhista.
Recado ao governo e à comunidade internacional
A atual jornada de protestos, sob o lema "Israel se mobiliza", começou às 6h29, horário local — exatamente o momento em que teve início o ataque de 7 de outubro de 2023.
Efrat, ativista do Fórum das Famílias de Reféns e responsável pelo apelo à mobilização, explicou à RFI que o objetivo é enviar uma mensagem contundente ao governo israelense e à comunidade internacional:
"O povo israelense quer a libertação de todos os reféns. Um acordo é possível, mas cada dia que passa coloca os reféns em perigo. Não podemos deixar escapar esta oportunidade", disse Efrat.
O Fórum também declarou que "uma maioria absoluta do povo israelense deseja o retorno de nossos familiares ao lar. O adiamento deliberado da assinatura de um acordo para sua libertação contraria a vontade popular e nossos valores fundamentais: responsabilidade mútua e solidariedade".
Ações em todo o país
A programação para o dia de mobilização incluiu diversas ações em todo o país, como bloqueios de estradas e passeatas. Entre os eventos previstos estavam uma marcha de mães com bebês em carrinhos pedindo o fim da guerra, a leitura dos nomes dos reféns em frente às residências de vários ministros e, como ponto central, a presença de manifestantes durante a reunião do gabinete de segurança.
O principal evento ocorreu em Tel Aviv, onde dezenas de milhares de pessoas marcharam rumo à chamada Praça dos Reféns para um grande ato público. Ali, as famílias reiteraram seus apelos por unidade e exigiram que o governo assine o acordo, encerre a guerra e traga todos de volta para casa.
Embora não tenha havido um chamado geral à greve, a iniciativa recebeu apoio expressivo de diversas empresas — especialmente do setor de alta tecnologia — e de várias instituições públicas, que autorizaram seus funcionários a participar do ato.
Em comunicado, as famílias dos reféns acusaram o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de "sabotar deliberadamente" as negociações e de estar "desconectado da realidade".
No entanto, o jornalista israelense Daniel Bensimon expressou à RFI ceticismo quanto à capacidade dessa mobilização alterar a postura do governo. Ele observou que passeatas anteriores, como a de quase um milhão de pessoas na semana passada, não provocaram mudanças, descrevendo Netanyahu como "fanático, quase obsessivo com esta guerra", determinado a "permanecer em Gaza" e inabalável em sua política.
A guerra em Gaza foi desencadeada por um ataque a Israel que causou a morte de 1.219 pessoas, em sua maioria civis, segundo levantamento baseado em números oficiais. A ofensiva israelense na Faixa de Gaza resultou em pelo menos 62.744 palestinos mortos, também majoritariamente civis, conforme dados do ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.
Gabinete de segurança discute retomada de negociações
O gabinete de segurança israelense se reunirá de noite em Jerusalém, conforme anunciado na segunda-feira, por um porta-voz do primeiro-ministro. Segundo a mídia local, o encontro abordará a possível retomada das negociações visando uma trégua em Gaza. Questionado pela AFP, o porta-voz de Benjamin Netanyahu, Omer Mantzour, não especificou os temas da reunião.
O gabinete de segurança, presidido por Netanyahu, já havia aprovado no início de agosto um plano para assumir o controle da cidade de Gaza e da segurança de todo o território palestino, com o objetivo de aniquilar o Hamas e libertar os reféns. Atualmente, o exército israelense prepara uma ofensiva já anunciada na cidade de Gaza.
Contudo, na última quinta-feira, Netanyahu ordenou a abertura de negociações para libertar "todos" os reféns em Gaza. A decisão foi uma resposta a uma nova proposta de trégua apresentada pelos mediadores — Egito, Catar e Estados Unidos — e aceita pelo movimento islâmico palestino Hamas. Embora Netanyahu não tenha mencionado explicitamente a proposta, ela prevê um cessar-fogo de 60 dias, associado à libertação dos reféns.