GBU-57 MOP: como é a bomba utilizada pelos EUA para destruir as instalações nucleares do Irã
Os locais subterrâneos iranianos reforçados são imunes à maioria das armas convencionais
Os Estados Unidos atacaram o Irã na noite deste sábado, 21, e precisaram usar as bombas chamadas de “bunker buster”, ou bombas destruidoras de bunkers, para destruir as instalações subterrâneas de Teerã, no Irã, que enriquecem material nuclear.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
De acordo com o presidente dos EUA, Donald Trump, foram três locais atingidos nesta noite, sendo dois os principais centros de enriquecimento de urânio do Irã. No caso, a instalação subterrânea de Fordow e a usina de enriquecimento maior em Natanz, que foi atacada por Israel há alguns dias.
Já o terceiro local fica perto da cidade antiga de Isfahan. Acredita-se que o Irã guarda seu urânio enriquecido próximo ao grau de bomba nesse local.
"Todos os aviões estão em segurança a caminho de casa. Parabéns aos nossos grandes guerreiros americanos. Não há outro exército no mundo que pudesse ter feito isso. Agora é a hora da paz! Obrigado pela atenção a este assunto”, disse o republicano.
O que são as bunker busters?
Projetadas para penetrar em estruturas subterrâneas ou reforçadas, como bunkers, abrigos ou túneis, as bombas são geralmente feitas com materiais resistentes — como aço de alta qualidade ou ligas de tungstênio —, sendo capazes de perfurar concreto, solo ou rocha, antes de detonarem, o que aumenta consideravelmente a sua capacidade de destruir alvos de difícil acesso.
Algumas delas ainda usam um sistema de propulsão a jato ou foguete para aumentar a velocidade e a capacidade de penetração, segundo a Biblioteca do Departamento da Marinha dos EUA. Outras também contam com guiamento por GPS ou laser, o que lhes permite atingir alvos com precisão cirúrgica.
As primeiras versões das bombas antibunker foram desenvolvidas durante a 2ª Guerra Mundial, com a famosa “Tallboy” e “Grand Slam”, usadas pelos britânicos contra instalações fortificadas alemãs. Entretanto, o conceito moderno do armamento evoluiu significativamente com a tecnologia de precisão e materiais mais avançados, sobretudo nos anos seguintes ao conflito mundial.
Há diversos tipos de bombas antibunker, adaptadas para necessidades específicas. Uma das mais famosas, a GBU-28, foi desenvolvida pelos EUA e amplamente usada na Guerra do Golfo, contra instalações subterrâneas no Iraque, pesando cerca de 4,4 toneladas.
Uma versão mais moderna é a GBU-57 Massive Ordnance Penetrator (MOP - Penetrador de Artilharia Massiva), com quase 14 toneladas, projetada para atingir bunkers ainda mais profundos. Revestida por uma liga especial de aço e tungstênio, pode penetrar até 61 metros de concreto reforçado ou 40 metros de rocha sólida e pode custar cerca de US$ 3,5 milhões (R$ 19 milhões).
Por que elas são a ferramenta certa para o trabalho?
Está no próprio nome. A GBU-57 MOP foi projetada para instalações profundamente enterradas e fortificadas, como bunkers e túneis. Seu design, peso e construção em liga de aço permitem que ele se enterre no subsolo e depois exploda.
Embora seja a arma convencional mais pesada do arsenal dos EUA, ela não foi projetada para saturar explosivos em uma área ampla. Os comandantes confiam em sua precisão guiada por GPS para atingir alvos específicos e bem defendidos, a fim de destruir o que as bombas comuns não conseguem atingir. Não há relatos públicos do uso da MOP em combate, segundo especialistas.
Autoridades de defesa afirmaram que a MOP é capaz de penetrar até 60 metros. Mas ela provavelmente é ainda mais capaz agora, após um maior desenvolvimento nas últimas duas décadas, disse Trevor Ball, ex-técnico de disposição de explosivos do Exército.
Embora os israelenses tenham contado com munições americanas para sua devastadora guerra aérea em Gaza, Líbano e Irã, seus caças não podem transportar MOPs. O bombardeiro B-2 Spirit dos EUA é a única aeronave da Força Aérea que pode lançar o MOP, afirmou o serviço.
Existem 19 B-2s operacionais, de acordo com a Força Aérea. Viajando em velocidades subsônicas, mas capaz de reabastecimento em voo, o B-2 pode voar uma distância extraordinária. Durante a guerra do Kosovo no final da década de 1990, os pilotos do B-2 voaram de ida e volta de sua base na Base Aérea de Whiteman, no Missouri, para atacar alvos. Em 2017, dois B-2 voaram 34 horas para atingir campos do Estado Islâmico na Líbia.
A Força Aérea está testando uma tecnologia que pode ajudar a destruir alvos onde as informações de inteligência sobre subestruturas podem ser limitadas. Um “fusível inteligente” na MOP pode detectar vazios em seu caminho descendente — como salas e pisos — e explodir em um ponto ideal, disse Ball.
Essa seria uma capacidade importante se os comandantes decidissem que precisavam atacar o mesmo alvo profundo várias vezes. Não está claro se essa tecnologia foi colocada em uso operacional. (*Com informações do Estadão Conteúdo)