Flotilha de Gaza: ativistas suíços deportados por Israel afirmam terem sido torturados
Os oito ativistas suíços deportados por Israel foram acolhidos como celebridades no domingo (5), no aeroporto de Genebra. Cerca de 200 pessoas foram até o local recebê-los pessoalmente. Assim que as comemorações terminaram, os membros da flotilha começaram a se manifestar, denunciando abusos e até mesmo torturas.
Os oito ativistas suíços deportados por Israel foram acolhidos como celebridades no domingo (5), no aeroporto de Genebra. Cerca de 200 pessoas foram até o local recebê-los pessoalmente. Assim que as comemorações terminaram, os membros da flotilha começaram a se manifestar, denunciando abusos e até mesmo torturas.
Com informações de Jérémie Lanche, correspondente da RFI em Genebra, e agências
"Foram horas sob o sol, de joelhos. Não conseguíamos nem levantar a cabeça, porque se o fizéssemos, tínhamos nossas cabeças empurradas para baixo", disse o escritor suíço Vianni Bianconi à emissora Radio Télévision Suisse.
Bianconi também contou que os ativistas receberam uma visita do ministro israelense da Segurança Nacional, Ben Gvir. "Ele nos chamou de 'terroristas'", reiterou o escritor.
Levados para a prisão de Ketziot, a maior do país, no deserto do Negev, o suíço denuncia que ele e outros militantes foram tratados "como animais". "Nos disseram que tínhamos que beber água do vaso sanitário, sob gritos e ameaças."
O Ministério das Relações Exteriores de Israel refuta as acusações. Em uma mensagem divulgada no X, o governo israelense afirma que "todos os direitos legais dos participantes deste espetáculo midiático foram e continuarão sendo completamente respeitados". "As mentiras que estão difundindo são parte de sua campanha premeditada de notícias falsas", acrescenta a publicação.
Deportação de 171 ativistas
Israel informou nesta segunda-feira (6) ter deportado 171 ativistas detidos que faziam parte da flotilha de ajuda humanitária Global Sumud. Entre o grupo expulso, está a ambientalista sueca Greta Thunberg, anunciou o Ministério das Relações Exteriores israelense. Já os militantes brasileiros seguem detidos na prisão de Ketziot.
O governo israelense indicou que "mais 171 provocadores", incluindo Greta Thunberg, foram deportados para a Grécia e a Eslováquia. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do país, os militantes expulsos são originários de 18 países europeus e dos Estados Unidos. Os ativistas brasileiros não foram citados.
Na rede social X, a chancelaria israelense divulgou imagens da ambientalista sueca com duas mulheres caminhando no aeroporto Ramon, no sul de Israel. As três foram fotografadas com as típicas roupas cinzas usadas por detentos nas prisões israelenses.
Brasileiros seguem detidos
Representantes do Ministério das Relações Exteriores do Brasil em Tel Aviv fizeram uma nova visita, nesta segunda-feira, aos brasileiros que fazem parte do grupo interceptado pelo governo de Israel, na semana passada. Segundo informações obtidas pelo canal GloboNews e o site G1, os cidadãos permanecem no centro de detenção em Ketziot.
Até o momento, nenhuma informação sobre o encontro com os militantes brasileiros foi divulgada pelas fontes diplomáticas. Também não há notícias sobre o estado de saúde dos quatro militantes que realizam uma greve de fome desde sábado (4), entre eles, Thiago Ávila, que também deixou de beber água desde domingo (5).
Na última visita realizada ao grupo, na sexta-feira (3), representantes da embaixada do Brasil em Tel Aviv indicaram que os cidadãos estavam em boas condições físicas de saúde e não apresentavam problemas físicos.
No total, 13 brasileiros estão presos no centro de detenção em Ketziot. Apenas cinco deles teriam manifestado interesse de assinar um documento do governo israelense para agilizar o processo de deportação. Os outro oito militantes devem passar por um processo judicial que resultará em expulsões posteriores.
138 ativistas sob custódia israelense
Segundo Israel, 138 ativistas da Global Sumud permanecem sob custódia. A flotilha, que contava com 45 embarcações, tinha como objetivo romper o bloqueio israelense para entregar ajuda humanitária a Gaza, onde a ONU declarou estado de fome após dois anos de guerra.
Israel interceptou os primeiros barcos em águas internacionais na última quarta-feira (1°). Mais de 470 pessoas foram detidas na operação, segundo informações do governo israelense, e as embarcações foram levadas à força ao porto de Ashdod. As primeiras expulsões tiveram início no fim de semana.
Israel acusa a flotilha Global Sumud de ser um desdobramento do grupo Hamas. O governo israelense alega que os barcos violaram uma zona proibida e que nenhuma ajuda humanitária foi encontrada a bordo.