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Europa

Turquia: violência aumenta em Istambul após duas semanas de protestos

11 jun 2013 - 18h43
(atualizado às 21h31)
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Após serem expulsos, manifestantes voltam a ocupar praça na Turquia:

Istambul foi palco nesta terça-feira dos choques mais duros dos últimos 11 dias entre agentes antidistúrbios e manifestantes, quando a polícia entrou na praça Taksim, epicentro da onda de protestos antigovernamentais que sacode o país. A ação policial mais contundente aconteceu por volta das 14h30 (de Brasília), depois de mais de 12 horas de enfrentamentos esporádicos nas áreas periféricas do emblemático local.

Os agentes avançaram com várias salvas de gás de pimenta e jatos de água para dispersar os milhares de cidadãos que tinham se reunido na praça após o fim da jornada de trabalho. Apesar de os policiais terem conseguido desocupar a praça, grupos de manifestantes retornavam continuamente e voltavam a encarar os agentes, chegando inclusive a acender uma gigantesca fogueira e lançar sinalizadores e fogos de artifícios contra os policiais.

11 de junho - Protestos avançaram noite adentro em Istambul até dispersão pelas forças de segurança
11 de junho - Protestos avançaram noite adentro em Istambul até dispersão pelas forças de segurança
Foto: Reuters

A intervenção policial começou no início da manhã, quando os agentes entraram na praça pela primeira vez em 11 dias. Rapidamente se produziram choques com manifestantes, que responderam com paralelepípedos e coquetéis molotov aos lançamentos de gás de pimenta e aos jatos de água da polícia.

Ao mesmo tempo, centenas de cidadãos defendiam a praça com sua presença, sem empregar métodos violentos, e vários grupos se interpuseram entre os antidistúrbios e os lançadores de pedras, em uma tentativa de acalmar os ânimos.

Logo circularam pela internet rumores que atribuíam o lançamento de bombas incendiárias a agentes infiltrados, que buscariam assim dar às forças da ordem um pretexto para tomar o controle não só da praça, mas também do adjacente parque Gezi, onde milhares de jovens acampam há 11 dias.

O governador de Istambul, Hüseyin Avni Mutlu, tinha prometido reiteradamente que não faria nenhuma tentativa de desocupar o parque, transformado já em uma pequena cidade autogestionada, e cuja defesa de um projeto urbanístico foi a origem dos protestos. De fato, pouco depois do meio-dia, um grande grupo de agentes subiu as escadas que conduzem ao parque, mas sem entrar nele.

"Se encontraram com uma densa multidão de manifestantes que não lhes deixou passar, e os fomos empurrando para fora, sem que houvesse violência", relatou pouco depois à Agência Efe uma testemunha.

Após a operação policial da tarde, o governador assegurou que um "grupo marginal" tinha atacado os agentes e pediu às pessoas que se afastassem desses radicais e deixassem a praça e o parque por sua própria segurança. "Temos relatórios muito sérios a respeito da segurança da vida de nossos filhos", advertiu.

O premiê turco, Recep Tayyipt Erdogan, discurs em Ancara: "fim da tolerância" e novo estouro dos protestos em Istambul
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Foto: AP

Após a brusca intervenção policial na praça Taksim, milhares de pessoas de diversos bairros de Ancara começaram a marchar rumo à praça Kizilay, para solidarizar-se com os manifestantes de Istambul. Também houve manifestações em Esmirna, onde os protestos se desenvolveram nestes dias com menos intervenção policial.

As distintas ações policiais hoje causaram surpresa já que ontem à noite o governo anunciou que o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, se reuniria amanhã com a Plataforma de Solidariedade com Taksim, para encontrar uma saída negociada ao conflito. Ao mesmo tempo advertiu que não toleraria mais atos ilegais.

Uma frase repetida hoje por Erdogan, que culpou à imprensa internacional e às redes sociais pelos violentos protestos. "Peço a todos os ativistas no parque Gezi que entendam o que está acontecendo e que abandonem esse lugar", manifestou, antes de insistir que "a partir de agora não haverá mais tolerância".

Desde que começaram os protestos morreram pelo menos quatro pessoas, entre elas um policial, lembrou hoje o próprio Erdogan. Segundo informou o Colégio de Médicos, centenas de pessoas ficaram feridas hoje, cinco delas com ferimentos graves.

11 de junho - Nuvens de gás lacrimogênio começam a dispersar-se e apresentar uma Praça Taksim mais vazia após os intensos protestos de terça-feira
11 de junho - Nuvens de gás lacrimogênio começam a dispersar-se e apresentar uma Praça Taksim mais vazia após os intensos protestos de terça-feira
Foto: AP

EFE   
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