Relatório parlamentar acusa governo britânico de 'desperdiçar' bilhões em hotéis para migrantes
Um novo relatório de parlamentares do Reino Unido acusa o governo de ter "desperdiçado" bilhões de libras em dinheiro público hospedando requerentes de asilo em hotéis desde 2019. O documento aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro trabalhista Keir Starmer sobre sua gestão da imigração.
Um novo relatório de parlamentares do Reino Unido acusa o governo de ter "desperdiçado" bilhões de libras em dinheiro público hospedando requerentes de asilo em hotéis desde 2019. O documento aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro trabalhista Keir Starmer sobre sua gestão da imigração.
A publicação do relatório na segunda-feira (27) ocorre após a prisão, na sexta-feira (24), de um requerente de asilo etíope, libertado por engano da prisão onde cumpria pena por agressão sexual.
O caso deste homem, que morava em um hotel para migrantes em Epping, perto de Londres, desencadeou violentos protestos antimigrantes em frente a hotéis em todo o Reino Unido em julho e agosto.
De acordo com a Lei de Imigração e Asilo de 1999, o governo tem a obrigação de fornecer acomodação para requerentes de asilo enquanto seus casos estão sendo analisados. Os hotéis, que inicialmente deveriam ser uma solução temporária, "tornaram-se a solução principal, levando a um sistema falido, caro e impopular entre as comunidades locais", apontam os parlamentares em seu relatório, que analisa a situação desde 2019, quando os conservadores estavam no poder.
Segundo suas estimativas, o custo total desse tipo de acomodação poderá chegar a £ 15,3 bilhões (R$ 109,7 bilhões) em 2029, em comparação com £ 4,5 bilhões (R$ 32,27 bilhões) em 2019.
Aumento de imigrantes ilegais
De acordo com dados do Ministério do Interior, mais de 32 mil migrantes foram alojados em hotéis em junho de 2025 — de um total de 103 mil — em comparação com 56.042 em setembro de 2023, um recorde.
Além dos hotéis, os migrantes também são alojados em centros de detenção, apartamentos compartilhados, bases militares convertidas em centros de acolhimento, etc. No Reino Unido não há acampamentos de migrantes ilegais nas ruas, praças e em espaços públicos, como na França, por exemplo.
O primeiro-ministro Keir Starmer prometeu eliminar gradualmente os hotéis até 2029.
O relatório destaca que a pandemia de Covid-19 e o aumento "dramático" da chegada de migrantes em barcos improvisados levaram a esse incremento nas acomodações em hotéis.
"Simplesmente acabamos com mais pessoas do que o previsto nos contratos, e isso elevou muito os custos", disse Karen Bradley, presidente do comitê que produziu o relatório, à rádio BBC4 na segunda-feira.
As travessias do Canal da Mancha não diminuíram este ano. Desde 1º de janeiro, 36.954 pessoas desembarcaram na costa inglesa vindas da França após uma travessia perigosa, em comparação com 36.816 migrantes em todo o ano de 2024.
Com AFP
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