Presidente e premiê da França entram em conflito sobre futuro da reforma da Previdência
O presidente francês, Emmanuel Macron, e seu novo primeiro-ministro, Sébastien Lecornu, expuseram na terça-feira (21) sua primeira grande divergência. Enquanto o primeiro defende que a polêmica reforma da Previdência seja adiada, o premiê promete a suspensão na lei que altera as regras da aposentadoria.
O presidente francês, Emmanuel Macron, e seu novo primeiro-ministro, Sébastien Lecornu, expuseram na terça-feira (21) sua primeira grande divergência. Enquanto o primeiro defende que a polêmica reforma da Previdência seja adiada, o premiê promete a suspensão na lei que altera as regras da aposentadoria.
"Macron semeia dúvidas e complica a tarefa de Lecornu", afirma a manchete no site do jornal Le Monde nesta quarta-feira (22). Em coletiva de imprensa na Eslovênia, onde cumpria compromissos diplomáticos, o presidente francês declarou na véspera que a reforma da Previdência, imposta em 2023, não será revogada e nem suspensa, mas terá sua aplicação adiada. A interrupção da controversa lei da aposentadoria, adotada sem a votação final dos deputados há dois anos, foi a única margem de manobra do novo premiê para obter o apoio dos deputados socialistas e evitar uma nova queda de governo.
Para o jornal Libération, Macron contradiz seu primeiro-ministro, que passou semanas negociando entre as diferentes forças políticas para adotar um orçamento para 2027 e chegou a renunciar em 6 de outubro, diante da complicada tarefa, antes de ser renomeado ao cargo alguns dias depois. O acordo do premiê em troca do apoio dos socialistas previa a suspensão da reforma da Previdência, mas o presidente francês "alimenta dúvidas sobre a sinceridade da promessa do governo", diz Libé.
Após as declarações contraditórias de Macron, o premiê francês foi obrigado a tranquilizar os socialistas, afirma Le Figaro. Na terça-feira, em uma sessão de perguntas e respostas na Assembleia de Deputados da França, Lecornu anunciou que a suspensão da reforma da Previdência será formalizada por meio de uma carta retificativa ao projeto de lei de financiamento da Seguridade Social, que será adotada na quinta-feira (24) em reunião do Conselho de Ministros.
Para o jornal Le Parisien, a atitude de Macron é "um jogo estranho". O diário lembra que há apenas cinco dias o presidente francês havia prometido que seria mais discreto em relação às políticas nacionais, deixando seu premiê chefiar o governo. Mas o presidente largou novas bombas que podem complicar ainda mais a tarefa de Lecornu de manter um frágil equilíbrio na Assembleia de Deputados do país, conclui a matéria.