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Parlamento da França barra imposto de ultrarricos, mas aprova tributação de holdings

Os deputados franceses aprovaram, nesta sexta-feira (31), uma primeira medida para tributar indivíduos com alto patrimônio, com foco nas holdings. A proposta, defendida pelo governo, foi restringida pela direita, gerando insatisfação na esquerda. Entretanto, os parlamentares rejeitaram a chamada "taxa Zucman", focada no patrimônio dos ultrarricos.

31 out 2025 - 16h54
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Os deputados franceses aprovaram, nesta sexta-feira (31), uma primeira medida para tributar indivíduos com alto patrimônio, com foco nas holdings. A proposta, defendida pelo governo, foi restringida pela direita, gerando insatisfação na esquerda. Entretanto, os parlamentares rejeitaram a chamada "taxa Zucman", focada no patrimônio dos ultrarricos.

O primeiro-ministro francês Sébastien Lecornu se dirige à Assembleia Nacional, nesta sexta-feira, 31 de outubro de 2025.
O primeiro-ministro francês Sébastien Lecornu se dirige à Assembleia Nacional, nesta sexta-feira, 31 de outubro de 2025.
Foto: AFP - ALAIN JOCARD / RFI

O imposto sobre as holdings (empresas utilizadas por pessoas físicas ou corporações para concentrar ativos) faz parte da lei de orçamento de 2026 e foi aprovada por 224 votos, contra 10 oposições. A direita e a extrema direita, que demonstraram forte oposição, não conseguiram eliminar a medida por completo, mas conseguiram reescrevê-la, restringindo significativamente seu alcance.

O líder do grupo parlamentar Os Republicanos (LR, direita), Laurent Wauquiez, declarou à AFP estar satisfeito por "pôr fim à loucura fiscal e à obsessão tributária" da proposta orçamentária.

A esquerda, que já considerava a versão inicial do governo pouco ambiciosa para tributar efetivamente os ultrarricos, agora denuncia a medida como "completamente esvaziada de sua essência", e se absteve da votação.

O governo havia proposto originalmente um imposto de 2% sobre holdings com ativos de pelo menos € 5 milhões, com diversas exceções, principalmente a exclusão de ativos empresariais. A expectativa era arrecadar cerca de € 1 bilhão.

Uma emenda aprovada reduz o número de holdings afetadas, elevando o limite de participação de pessoas físicas de 33% para 50%, e limita a base tributável ao listar os tipos de ativos abrangidos.

As holdings são frequentemente utilizadas por indivíduos de alta renda para proteger patrimônios e reduzir impostos. Os defensores da tributação alegam que o imposto corrige essa vantagem e promove justiça fiscal.

Essas empresas, que detêm participações em outros negócios, são consideradas uma ferramenta "positiva" para a economia, mas "às vezes são usadas para acumular riqueza pessoal", reconheceu a ministra francesa das Contas Públicas, Amélie de Montchalin, que afirmou querer "corrigir" os abusos.

A deputada Clémentine Autain, do grupo dos ecologistas e socialistas, denunciou que o texto significa "uma meia-medida". "Foi uma rede para sardinhas que deixa passar baleias", criticou o deputado comunista Nicolas Sansu. "Com esse imposto, não vão pescar nem baleias, vão só esvaziar o mar", ironizou Laurent Wauquiez.

O partido de extrema direita Reunião Nacional, inicialmente contrário à proposta do governo, acabou votando a favor da reformulação apresentada pela direita, considerando-a uma "forma de homenagem" ao imposto sobre grandes fortunas, abolido pelo governo Macron, e que o grupo apoia.

Taxa sobre ultrarricos é rejeitada

A Assembleia Nacional também rejeitou a emblemática "taxa Zucman" sobre os ultrarricos, defendida pelos partidos de esquerda.

Para apaziguar os ânimos, o primeiro-ministro Sébastien Lecornu anunciou que abandonaria o congelamento das aposentadorias e dos benefícios sociais, em uma tentativa de evitar uma moção de censura do Partido Socialista e alcançar um consenso sobre o orçamento.

Criticado pela "intransigência" de seu partido durante as tensas e paralisadas discussões sobre impostos desta sexta-feira na Assembleia Nacional, Lecornu fez um apelo por uma "mudança de abordagem". O premiê pediu para seus ministros convocarem representantes dos grupos políticos para tentar encontrar um ponto em comum.

Anteriormente, ele havia refutado a existência de um "imposto milagroso para restaurar a justiça fiscal". A taxa Zucman, inspirada nos trabalhos do economista francês Gabriel Zucman, previa um imposto mínimo de 2% sobre ativos superiores a € 100 milhões. Ela foi rejeitada por 228 parlamentares, contra 172 que a aprovaram.

Os deputados também rejeitaram uma versão intermediária da proposta, apresentada pelos socialistas.

O abandono do congelamento das aposentadorias e dos benefícios sociais — medida que fazia parte do orçamento e cuja eliminação estava sendo votada simultaneamente na Comissão de Assuntos Sociais — pode gerar uma perda de até € 3,6 bilhões em economias.

O governo poderá tentar compensar esses gastos com um aumento da Contribuição Social Geral sobre ativos, já aprovado pela esquerda na comissão, como parte do orçamento da Previdência Social.

Com AFP

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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