França perderá 0,5% do PIB com guerra comercial de Trump, mas cenário tende a melhorar em 2026
Com a entrada em vigor nesta quarta-feira (9) do tarifaço do presidente americano, Donald Trump, o Observatório Francês de Perspectivas Econômicas revisou para baixo a previsão de crescimento da França, agora estimada em 0,5% em 2025, contra 0,8% na projeção anterior. O desemprego deve subir para 7,9% até o final do ano. As novas projeções não integram os custos adicionais de uma escalada na guerra comercial, que poderá acontecer quando a União Europeia anunciar suas medidas de retaliação.
Com a entrada em vigor nesta quarta-feira (9) do tarifaço do presidente americano, Donald Trump, o Observatório Francês de Perspectivas Econômicas revisou para baixo a previsão de crescimento da França, agora estimada em 0,5% em 2025, contra 0,8% na projeção anterior. O desemprego deve subir para 7,9% até o final do ano. As novas projeções não integram os custos adicionais de uma escalada na guerra comercial, que poderá acontecer quando a União Europeia anunciar suas medidas de retaliação.
O bloco foi atingido por três rodadas de tarifas dos Estados Unidos. Em março, Trump anunciou tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio e, em seguida, anunciou tarifas de 25% sobre todos os carros fabricados no exterior, medidas que entraram em vigor na semana passada. O terceiro e último passo, e possivelmente o mais ousado, foi o anúncio de tarifas de 20% sobre os bens da UE, entre uma série de outros impostos, que entram em vigor nesta quarta-feira.
Nesta quarta-feira, os 27 países do bloco devem aprovar tarifas sobre cerca de US$ 20 bilhões em exportações dos EUA. Segundo o jornal Les Echos, diamantes, amêndoas, soja, barcos, motocicletas e eletrodomésticos estão entre os importados americanos atingidos, em resposta às tarifas dos EUA sobre o aço e o alumínio europeus impostas em março.
As taxas alfandegárias sugeridas por Bruxelas, que variam de 10% a 25%, começarão a ser cobradas a partir de 15 de abril para alguns itens, a partir de meados de maio para a maioria dos produtos visados e a partir de 1º de dezembro para alguns produtos agroalimentares.
O uísque americano foi retirado da lista de retaliação, a pedido de França, Itália e Irlanda, que estavam preocupados com represálias contra seus vinhos e destilados. Trump ameaçou impor taxas de 200% sobre as bebidas alcoólicas europeias.
O objetivo declarado da UE é chegar a um acordo com Washington, para evitar uma guerra comercial total.
Perspectivas para 2026
Apesar da queda prevista no PIB francês, a economia francesa poderá registrar uma retomada da atividade e crescer 1,1% em 2026, graças ao aumento dos gastos militares e do plano de investimentos bilionário planejado na Alemanha, seu principal parceiro comercial. Porém, isso não impediria que a taxa de desemprego continuasse em ascensão, chegando a 8,5% no final de 2026, de acordo com o Observatório Francês de Perspectivas Econômicas.
Em seu editorial, o jornal Libération diz que os impacto do aumento de tarifas atingirá muitos setores da economia francesa, mas de forma diferenciada. Embora seja difícil manter a cabeça fria num momento de incertezas como este, os empresários franceses estão tomando as medidas necessárias para proteger ao máximo suas atividades e proteger seus empregados, o que não é fácil diante da imprevisibilidade de Donald Trump. Os empresários franceses que têm margem de manobra estão preferindo procurar mercados em outros países e adiar os investimentos nos Estados Unidos.