Crocodilo pré-histórico de 180 milhões de anos é encontrado com esqueleto intacto na França
Um fóssil de crocodilo com cerca de 180 milhões de anos foi revelado ao público na sexta-feira (10) no Museu de Lodève, no sul da França. A descoberta, considerada excepcional por especialistas, inclui um esqueleto quase completo do animal pré-histórico, que viveu durante o período Jurássico.
Um fóssil de crocodilo com cerca de 180 milhões de anos foi revelado ao público na sexta-feira (10) no Museu de Lodève, no sul da França. A descoberta, considerada excepcional por especialistas, inclui um esqueleto quase completo do animal pré-histórico, que viveu durante o período Jurássico.
Com cinco metros de comprimento e mais de dois de largura, o fóssil preserva detalhes impressionantes: vértebras, patas, espinhas dorsais e até o focinho alongado com dentes visíveis. O achado foi feito por um morador da região, que encontrou por acaso 11 vértebras fossilizadas durante uma caminhada nos arredores de Montpellier.
"Na hora, eu nem sabia de que animal se tratava", contou Stéphane Fouché, responsável pelas coleções de paleontologia do museu. Ele visitou o local da descoberta e acionou uma equipe de cientistas. "A própria erosão fez o trabalho por nós. Os fósseis estavam ali, era só recolher."
As escavações duraram quatro anos e foram realizadas na região de Lodève, considerada uma das mais ricas em fósseis da França. A restauração foi feita com técnicas minuciosas, como o uso de jatos de areia de diferentes densidades para remover sedimentos e revelar os detalhes do fóssil.
O crocodilo jurássico vivia tanto na água quanto em terra firme e se alimentava principalmente de peixes. Seu crânio, ainda ligado à coluna cervical, será analisado para determinar se pertence a uma espécie já conhecida ou se trata de uma nova descoberta científica.
Uma era dourada de descobertas de dinossauros
A França tem se consolidado como um dos principais polos de descobertas paleontológicas da atualidade. Nos últimos meses, o país foi palco de achados extraordinários que revelam novas espécies de dinossauros e fósseis em estado de conservação raríssimo, despertando o interesse da comunidade científica internacional.
Em Montouliers, no sul do país, um paleontólogo amador chamado Damien Boschetto encontrou, por acaso, um dos fósseis mais bem preservados já descobertos na Europa: o esqueleto de um titanossauro de 70 milhões de anos, com cerca de 10 metros de comprimento e 70% da estrutura original intacta. O achado ocorreu após um deslizamento de terra expor parte de uma falésia. A descoberta foi considerada tão significativa que Boschetto abandonou sua carreira no setor energético para se dedicar à paleontologia. O fóssil está sendo preparado para exibição no Museu de Cruzy.
Mais ao norte, na região de Angeac-Charente, escavações revelaram uma nova espécie de camarassauro, um dinossauro herbívoro de 20 metros e 30 toneladas, parente distante do diplodoco. Os fósseis, datados de cerca de 140 milhões de anos, foram encontrados em excelente estado de conservação. A descoberta é considerada uma "revolução científica", pois esse tipo de dinossauro era até então conhecido apenas na América do Norte. O sítio de Angeac-Charente, um dos mais ricos do mundo, já rendeu mais de 10 mil peças fósseis e continua surpreendendo os pesquisadores a cada nova campanha de escavação.
Na Normandia, uma equipe liderada pelo paleontólogo Eric Buffetaut identificou uma nova espécie de dinossauro carnívoro: o Caletodraco cotardi, pertencente à família dos Abelissaurídeos. Essa linhagem era, até então, conhecida apenas na América do Sul. A descoberta, feita nas falésias de calcário de Saint-Jouin-Bruneval, sugere que esses predadores pré-históricos tinham uma distribuição geográfica muito mais ampla do que se imaginava. O fóssil, datado de cerca de 100 milhões de anos, pode reescrever parte da história evolutiva dos dinossauros carnívoros na Europa.
Essas descobertas reforçam o papel da França como um dos centros mais importantes da paleontologia mundial. Com sítios arqueológicos de altíssimo valor científico e uma tradição de pesquisa consolidada, o país continua a revelar segredos do passado remoto da Terra — e a inspirar novas gerações de cientistas.
Com AFP e agências