Batalha fiscal é próximo desafio do governo Lecornu II após escapar de censura na Assembleia Nacional
O primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, escapou por pouco de duas moções de censura no Parlamento, na quinta-feira (16) e se prepara, agora, para uma batalha fiscal: negociar e aprovar o orçamento de 2026. A poucos dias, o premiê de centro-esquerda propôs suspender a polêmica reforma da Previdência de Emmanuel Macron para evitar que o presidente se visse obrigado a dissolver a Assembleia Nacional novamente por falta de maioria no Parlamento.
O primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, escapou por pouco de duas moções de censura no Parlamento, na quinta-feira (16) e se prepara, agora, para uma batalha fiscal: negociar e aprovar o orçamento de 2026. A poucos dias, o premiê de centro-esquerda propôs suspender a polêmica reforma da Previdência de Emmanuel Macron para evitar que o presidente se visse obrigado a dissolver a Assembleia Nacional novamente por falta de maioria no Parlamento.
A esquerda radical e a extrema direita tentaram derrubar o segundo governo Lecornu, mas não conseguiram. Em uma das moções de censura faltou apenas 18 votos.
Lecornu precisa do apoio dos socialistas, que evitaram a sua queda, mas exigem mais justiça social. Eles são contra, por exemplo, ao congelamento das aposentadorias mais elevadas por um ano, assim como dos benefícios sociais, e pressionam por mais impostos sobre os mais ricos.
Com um parlamento dividido em três grandes blocos, de esquerda, centro e extrema direita, e sem maioria, Lecornu descartou usar o artigo constitucional 49.3 que permite aprovar o orçamento sem análise dos deputados.
Por orientação de Emmanuel Macron, o governo fez isso em 2023 e 2024, gerando a crise atual. Os franceses consideram essa medida, ainda que legal, profundamente antidemocrática.
Por isso, a crise política ainda não acabou e poucos acreditam que o novo governo vá se salvar durante os debates sobre o orçamento.
Jornais franceses analisam futuro do governo Sébastien Lecornu II
O jornal Libération destaca a "frágil influência" dos deputados de centro. O diário também aponta a imprevisibilidade dos votos à direita, uma vez que no partido 'Os Republicanos' há vozes dissonantes sobre a suspensão da reforma da Previdência.
Os debates sobre o orçamento da França para 2026 devem começar na próxima semana. O jornal Le Figaro observa que em uma Assembleia Nacional dividida, aprovar o texto não será uma tarefa simples. A lei de orçamento deve ser promulgada antes de 31 de dezembro.
O jornal Le Monde calcula que o governo conta, atualmente, com o apoio de 212 deputados, enquanto a oposição representa 265 votos. Para formar uma maioria são necessários 289 votos. Portanto, Lecornu depende dos 69 votos do Partido Socialista.