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Ásia

Bo Xilai acusa ex-braço direito de mentir em depoimento

25 ago 2013 - 13h22
(atualizado às 13h52)
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O julgamento por corrupção do ex-dirigente comunista Bo Xilai, protagonista de um dos maiores escândalos políticos da China, continuou neste domingo em Jinan (leste) com a contínua defesa do réu que, durante a sessão deste sábado, admitiu ter cometido alguns erros.

O político chamou de falsas as declarações feitas neste sábado pelo delegado de polícia Wang Lijun, ex-braço direito de Bo, que prestou um depoimento surpresa. "Wang Lijun mentiu neste tribunal e seu testemunho não é digno de confiança", atacou Bo Xilai, em julgamento desde quinta-feira por corrupção, desvio de verbas e abuso de poder.

Wang, que comandou a polícia de Chongqing, metrópole então governada por Bo, contou a fúria de seu ex-patrão quando foi avisado de que sua esposa, Gu Kailai, era suspeita do assassinato de Neil Heywood, empresário britânico amigo do casal. O policial revelou ainda que à época, em 29 de janeiro de 2012, Bo lhe deu um soco que provocou sangramentos na boca e no ouvido.

Bo garantiu neste domingo que o episódio não passou de uma simples bofetada e acusou Wang de mentir. "Ele afirma que dei-lhe um soco, e não um tapa. A verdade é que nunca aprendi a técnica do boxe chinês, e seria incapaz de fazer algo assim", disse Bo.

Os dois homens trabalharam juntos por muito tempo, quando Bo Xilai dirigia o Partido Comunista de Chongqing e ascendia em sua carreira política.

Wang Lijun o ajudava com eficácia e se destacou, sobretudo, no final dos anos 2000, quando travou uma controversa luta contra a corrupção na cidade. Mas Wang caiu em desgraça de forma brutal e se refugiou em fevereiro de 2012 num consulado dos Estados Unidos, onde contou os graves episódios ocorridos em Chongqing e arrastou Bo Xilai para sua ruína. Wang foi condenado a 15 anos de prisão.

Bo, de 64 anos, negou ter aceitado subornos no valor de 2,67 milhões de euros, incluindo uma casa na França, de dois empresários. No sábado, contudo, ele admitiu pela primeira vez "certa responsabilidade" no desvio de cinco milhões de yuanes (800.000 dólares) em verbas públicas, que chegaram à conta de sua esposa.

O ex-dirigente também reconheceu erros na investigação do assassinato de Heywood, envenenado por sua esposa em novembro de 2011, em Chongqing. Ele negou, entretanto, que tenha abusado de seu poder para protegê-la.

Além da aparente transparência dos debates contraditórios, as autoridades chinesas controlam severamente este processo que, segundo analistas, deve culminar com a condenação de Bo.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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