Argentina condena 4 ex-militares à perpétua por 'voos da morte'
Um tribunal criminal da Argentina condenou nesta segunda-feira (5) quatro ex-militares da Força Aérea à prisão perpétua, no julgamento dos chamados "Voos da Morte", ocorridos durante a ditadura militar (1976-1983) e nos quais ao menos 6 mil presos políticos foram drogados e lançados de aviões no Rio da Prata.
Na decisão histórica, a justiça argentina sentenciou quatro repressores pelos crimes de privação ilegal de liberdade, tortura e homicídio contra quatro vítimas. São eles: o ex-comandante dos Institutos Militares do Campo de Mayo, Santiago Omar Riveros, o ex-comandante do Batalhão de Aviação 601, Luis del Valle Arce, e outros dois oficiais, Delsis Angel Malacalza e Eduardo María Lance.
O tribunal ordenou ainda a verificação do estado de saúde dos condenados, hoje em prisão domiciliar, porque a acusação pediu que cumpram a pena em uma penitenciária.
Além disso, as autoridades pediram o aprofundamento da investigação sobre quem atuou como pilotos e copilotos dos voos da morte. Até o momento, Riveros, supervisor do Campo de Mayo, já soma 16 penas de prisão perpétua.
Hoje, a justiça também considerou comprovada a existência dos voos e explicou que eles eram usados como um mecanismo de extermínio criado pelo Exército durante o período da ditadura. Todos os corpos eram lançados a partir do aeródromo militar de Campo de Mayo.
Em 2017, a Justiça condenou 29 ex-militares à prisão perpétua. Também houve outras 19 sentenças entre 8 e 25 anos pelos crimes de sequestro, tortura e desaparecimento de pessoas durante o último período militar. Essa decisão histórica ficou conhecida como "Megacaso da ESMA" ? sigla de Escola Superior de Mecânica da Marinha.