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América Latina

Relatório liga militares dos EUA a execuções na Colômbia

20 jun 2014 - 00h18
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A ajuda militar e policial dada pelos Estados Unidos à Colômbia, principalmente entre 2000 e 2010, teve impacto no aumento substancial dos casos de execuções extrajudiciais, conhecidas no país como "falsos positivos", segundo um relatório divulgado pelo Movimento de Reconciliação e a Coordenação Colômbia-Europa-Estados Unidos.

O estudo analisa o nível de penetração da ajuda militar americana nas diferentes unidades do exército e os registros na procuradoria de "falsos positivos", as execuções extrajudiciais de civis apresentados como baixas em combate em troca de benefícios econômicos ou promoções.

"Existe uma correlação entre as brigadas do Exército que receberam um nível médio de assistência dos Estados Unidos e a comissão de execuções extrajudiciais", estabeleceu o estudo, sem apresentar números concretos.

A explicação desta relação está, segundo testemunhos militares, no fato de que havia uma política estabelecida na instituição para apresentar altos números de guerrilheiros mortos, rebeldes ou não, o que provaria que o auxílio americano estava surtindo efeito.

Por isso, também conclui que "um maior percentual de unidades comandadas por oficiais treinados pelos Estados Unidos entre 2001 e 2003 cometeram execuções múltiplas de unidades de comandantes colombianos escolhidos ao acaso".

Durante o Plano Colômbia, o programa de cooperação com os Estados Unidos implementado em 2002 para acabar com o narcotráfico e as guerrilhas pela via militar, "mostrou um aumento substancial em estatísticas de execuções extrajudiciais pelas Forças Armadas e a polícia, o que torna imprescindível uma avaliação rigorosa dos impactos de tais recursos na situação humanitária da Colômbia", recomendou o relatório.

Entre 2000 e 2010 foram registradas 5.763 execuções extrajudiciais na Colômbia, 1.821 delas atribuídas a uma unidade do Exército por testemunhas, órgãos judiciais e ONGs. Estima-se que durante o governo do ex-presidente e senador eleito, Álvaro Uribe, os casos cresceram em 101%.

Os registros começaram a diminuir em 2008, quando explodiu o escândalo dos "falsos positivos" na pequena cidade de Soacha, próxima a Bogotá, onde 20 jovens civis foram enganados por militares para fazer um trabalho que nunca realizaram e depois foram reportados mortos com uniformes militares.

Em consequência, o investimento americano começou a diminuir porque o mau uso e as violações dos direitos humanos decorrentes do mesmo foram comprovados.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse na segunda-feira, após ser reeleito, que espera que os processos de paz em andamento permitam a utilização dos recursos do Plano Colômbia, que são cada vez menores, no pós-conflito.

EFE   
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