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América Latina

Morre em Montevidéu um dos 16 sobreviventes da tragédia dos Andes

4 jun 2015 - 22h11
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Javier Methol, um dos 16 sobreviventes do chamado "Milagre dos Andes", morreu nesta quinta-feira aos 79 anos em decorrência de um câncer, informou à Agência Efe Daniel Fernández, outro dos uruguaios que em 1972 conseguiu sobreviver 73 dias na cordilheira após a queda de um avião que transportava 45 pessoas.

"Era de longe, sempre dissemos isso, o melhor de todos nós. É o primeiro que se vai e é uma tristeza enorme. Agora restamos 15", lamentou Fernández.

Methol, que em dezembro teria completado 80 anos, recebeu há aproximadamente um mês o diagnostico de um câncer fulminante e morreu na tarde de hoje em um hospital de Montevidéu.

"Nunca se chateava, sempre estava contente. Teve problemas, mas para ele não eram problemas. Sempre ajudando aos demais. Um grande cara. Um exemplo", lembrou seu antigo companheiro de batalhas esportivas a quem se uniu ainda mais depois de uma experiência vital que nunca puderam esquecer.

Em 13 de outubro de 1972, em um ensolarado dia primaveril, partiram de Montevidéu em um avião de passageiros da Força Aérea Uruguaia os jogadores do clube de rugby Old Christians e seus familiares rumo a Santiago do Chile para disputar um jogo contra o Old Boys.

Após uma escala para reabastecer em Mendoza, na Argentina, o avião seguiu em direção à capital chilena, à qual nunca chegou já que uma tempestade nos Andes fez com que o aparelho se chocasse contra um pico e deslizasse pelas encostas cobertas de gelo até deter-se em um talude.

Após vários dias de busca, o avião foi dado como desaparecido e seus ocupantes considerados mortos, uma vez que o lugar onde se supunha que tinha caído era completamente inóspito.

A maioria dos passageiros morreu no acidente, outros em dias posteriores devido aos ferimentos, e alguns em um desmoronamento de neve que os sepultou.

Mas, após uma longa luta de 73 dias na qual os 16 sobreviventes tiveram até que alimentar-se com os corpos dos mortos, conseguiram escapar da tragédia, quando dois deles, que decidiram buscar uma saída através das montanhas, foram achados em 22 de dezembro por um arrieiro chileno, que alertou às autoridades.

Em entrevista à Efe em 2009, Javier Methol, que no acidente aéreo perdeu a sua mulher Liliana e que era o mais velhos do grupo de atletas, assegurou que nesses 73 dias "cada um deu de si o que podia dar" e que em seu caso aprendeu "a ver as coisas boas que têm as coisas ruins e poder transformar assim o ruim em bom".

"Cada um de nós tínhamos um motivo diferente para sair dali. O caminho que fizemos juntos foi viver", resumiu.

Vários livros contaram essa história, o mais famoso deles o de Piers Paul Reed, intitulado "Vivos!" e publicado em 1974 nos Estados Unidos, que foi um sucesso em vendas, traduzido a vários idiomas e inspiração de um filme de mesmo nome lançado em 1993.

EFE   
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