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América Latina

Às vésperas de eleição, candidatas se mobilizam para combater violência política contra mulheres em Honduras

O direito e a segurança das mulheres têm sido pontos centrais das eleições em Honduras, que serão realizadas no próximo domingo (30) e contam com uma hondurenha entre os principais candidatos à presidência. No país mais violento da América Central, a impunidade em relação à violência de gênero chega a 90%, segundo dados oficiais.

26 nov 2025 - 16h18
(atualizado às 16h21)
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Marie Griffon, correspondente da RFI em Tegucigalpa

A candidata à presidência de Honduras, Rixi Moncada, discursa durante o ato de encerramento de sua campanha em Tegucigalpa, em 23 de novembro de 2025.
A candidata à presidência de Honduras, Rixi Moncada, discursa durante o ato de encerramento de sua campanha em Tegucigalpa, em 23 de novembro de 2025.
Foto: © Orlando SIERRA / AFP / RFI

Às vésperas do pleito, as hondurenhas que abraçaram a carreira política levantam a voz para denunciar, independentemente do partido, os ataques sexistas e racistas que sofrem em comícios e, cada vez mais, nas redes sociais. A realidade atual do país mostra que as mulheres na política em Honduras são menos ouvidas, menos respeitadas e menos protegidas do que seus colegas homens.

Por conta disso, juntas, apesar das diferenças ideológicas e partidárias, elas compartilham a mesma luta. Na terça-feira (25), Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher, 30 parlamentares, prefeitas e candidatas a cargos estatais denunciaram a falta de políticas públicas voltadas para sua proteção, diante dos altos índices de impunidade para a violência de gênero.

Também para marcar a data, cerca de 250 mulheres se reuniram com faixas, megafones e os tradicionais lenços roxos do feminismo internacional em frente à Procuradoria Pública de Tegucigalpa, capital do país.

Responsável pelas investigações judiciais, essa instituição representa o abandono do Estado para muitas mulheres, incluindo a congressista Fátima Mena, do partido Salvador de Honduras, que, após ser agredida fisicamente durante um protesto, decidiu registrar uma queixa. Entretanto, os investigadores disseram a ela: "Mas você não tem nada", antes de arquivar seu caso.

"Muitas mulheres estão abandonando suas carreiras políticas porque se sentem inseguras", disse ela. "Eu mesma já recebi ameaças de morte várias vezes", explica Mena.

Em outro caso ainda mais grave, Michell Varela, ativista de 20 anos do Partido Nacional (PN), foi assassinada na região montanhosa de Olancho em 4 de outubro. Os autores do crime ainda não foram presos.

Na passeata, Elizabeth Palma e Ashanty Crisanto, candidatas a deputadas do Partido Inovação e Unidade (PINU), legenda social-democrata com ideias progressistas, disseram sofrer ataques sexistas e racistas, inclusive dentro do próprio grupo partidário.

"Estamos fartas de sermos excluídas das reuniões do nosso partido, como se a política fosse reservada aos homens", reclamam. Elas também mencionam "o descaso com as nossas ideias", "piadas sexistas" e "assédio nas redes sociais".

'Mulheres retratadas como mercenárias'

Segundo o Observatório Político das Mulheres de Honduras, 67% dos casos de violência política são ataques originados nas redes sociais. Isso inclui desde insultos à disseminação de notícias falsas e à criação de conteúdo sexualizado.

A candidata do partido governista à presidência, Rixi Moncada, não está imune. Uma imagem dela de costas, usando calças brancas que revelam sua roupa íntima, foi amplamente utilizada de forma indevida e divulgada em sites adultos.

Outra foto em close de suas nádegas com a legenda "É assim que o partido vai fraudar as urnas" foi usada para espalhar o boato de que a legenda Liberdade e Refundação (Libre) fraudaria as eleições gerais deste domingo, 30 de novembro.

O número de fake news contra ativistas e candidatas femininas vem crescendo no país. De acordo com o Laboratorio Ciudadano, uma organização que analisa a desinformação em Honduras, uma maneira de desacreditar mulheres na política online é rotulá-las como "marionetes da máfia" e usar inteligência artificial para gerar imagens manipuladas.

"As mulheres são retratadas como mercenárias, mentirosas, manipuladoras ou estúpidas nessas campanhas de desinformação", explica Aldo Salgado, fundador do laboratório.

"Há um desrespeito generalizado que afeta todas as mulheres na política, da presidente às ativistas", afirma Ashanty Crisanto, que também é membro da comunidade Garifuna, grupo étnico afrodescendente em Honduras que combate o sexismo e o racismo.

"Nós, mulheres Garifuna, não somos levadas a sério. Os estereótipos persistem. Para alguns, só servimos para dançar e cozinhar", lamenta Crisanto. Ela acredita que uma melhor representatividade das mulheres Garifuna, e especialmente o acesso a cargos de poder, é essencial para impulsionar a mudança social.

Diante deste cenário político dominado por homens, as parlamentares hondurenhas estão deixando o partidarismo de lado e se unindo para aprovar medidas que beneficiem as mulheres, mesmo que não compartilhem a mesma filiação política.

Como por exemplo, a lei que estabelece abrigos públicos para mulheres vítimas de violência doméstica, aprovada em março de 2024 por todos os departamentos.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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