Amazon bloqueia 1.800 candidaturas fraudulentas de cidadãos da Coreia do Norte
A Amazon anunciou que bloqueou mais de 1.800 candidaturas de norte-coreanos que buscavam empregos na gigante americana. O anúncio reforça as acusações de que Pyongyang tenta contornar as sanções da ONU ao obter contratos em empresas estrangeiras para cidadãos que trabalham remotamente a partir do país.
O chefe de segurança da Amazon, Stephen Schmidt, afirmou na semana passada em uma publicação no LinkedIn que "norte-coreanos buscam obter empregos remotos na área de tecnologia junto a empresas do mundo inteiro, especialmente nos Estados Unidos". Segundo ele, a empresa registrou um aumento de quase um terço nessas candidaturas ao longo do ano.
Por trás desses perfis estão as chamadas "fazendas de laptops", que são locais repletos de computadores instalados fisicamente nos Estados Unidos, mas controlados remotamente a partir de outro país. Schmidt acrescentou que o problema não se limita à Amazon e provavelmente ocorre em larga escala em todo o setor.
O programa de ciberataques da Coreia do Norte foi criado em meados da década de 1990. Desde então, evoluiu para uma unidade com cerca de 6.000 membros, conhecida como Bureau 121, operando em diversos países, segundo relatório do Exército americano publicado em 2020.
"A Coreia do Norte forma ativamente agentes cibernéticos e infiltra sites estratégicos ao redor do mundo", explicou à AFP Hong Min, analista do Instituto Coreano para a Unificação Nacional, em Seul. Ele acrescentou que, dada a natureza das atividades da Amazon, o motivo parece ser econômico, com alta probabilidade de que a operação vise roubar ativos financeiros.
Hackers patrocinados pelo Estado
Em novembro, Washington anunciou sanções contra oito pessoas acusadas de serem hackers patrocinados pelo Estado, responsáveis por roubo e lavagem de dinheiro para financiar o programa nuclear do regime norte-coreano.
Em julho, uma americana foi condenada a mais de oito anos de prisão por comandar uma fazenda de laptops que permitia que norte-coreanos conseguissem empregos remotos em mais de 300 empresas americanas do setor de tecnologia. Com esse esquema, ela e a Coreia do Norte teriam faturado mais de US$ 17 milhões, segundo as autoridades.
Os serviços de inteligência sul-coreanos alertaram no ano passado que agentes norte-coreanos usavam o LinkedIn para se passar por recrutadores e abordar profissionais sul-coreanos do setor de defesa para obter informações.
Contornando sanções da ONU
De acordo com as sanções da ONU, trabalhadores norte-coreanos estão proibidos de ganhar dinheiro no exterior.
Um relatório de 2024 da organização americana 38 North afirma que especialistas em tecnologia da Coreia do Norte, ocultando suas nacionalidades, conseguiram contratos para trabalhar em projetos de animação de empresas japonesas e americanas, como Amazon e HBO Max.
Segundo o Departamento do Tesouro dos EUA, cibercriminosos ligados à Coreia do Norte roubaram mais de US$ 3 bilhões nos últimos três anos, principalmente em criptomoedas.
Com AFP