Ajuda humanitária entra em Gaza, apesar de erro do Hamas na entrega de corpos de reféns
Caminhões de ajuda humanitária entraram na Faixa de Gaza nesta quarta-feira (15). Ainda hoje, Israel planeja reabrir a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, e ampliar o envio de suprimentos ao enclave palestino, apesar da tensão causada por um erro na entrega de corpos de reféns mortos, que ameaça fragilizar o acordo de cessar-fogo com o Hamas.
Caminhões de ajuda humanitária entraram na Faixa de Gaza nesta quarta-feira (15). Ainda hoje, Israel planeja reabrir a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, e ampliar o envio de suprimentos ao enclave palestino, apesar da tensão causada por um erro na entrega de corpos de reféns mortos, que ameaça fragilizar o acordo de cessar-fogo com o Hamas.
Cerca de 600 caminhões de ajuda humanitária devem entrar na Faixa de Gaza até o final do dia. Segundo a emissora pública israelense Kan, os palestinos estão recebendo alimentos, suprimentos médicos, combustível, gás de cozinha e equipamentos para consertar a infraestrutura vital destruída por dois anos de bombardeios israelenses.
"A ajuda humanitária continua a entrar na Faixa de Gaza pela passagem de Kerem Shalom e outras passagens após a inspeção dos serviços de segurança israelenses", informou uma autoridade de segurança israelense à agência Reuters.
Após a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, novos desdobramentos reacenderam a crise entre o governo de Israel e o grupo islamista Hamas.
Na manhã desta quarta-feira (15), o Instituto Médico Legal de Israel identificou mais quatro corpos de reféns restituídos pelo movimento islâmico durante a madrugada: três são de reféns israelenses, mas um deles é de um palestino. Neste contexto, Israel considera que o Hamas viola o acordo de cessar-fogo.
O pacto mediado pelo presidente americano, Donald Trump, que entrou em vigor em 10 de outubro, previa que todos os reféns ainda mantidos em Gaza fossem entregues no prazo máximo de 72 horas, ou seja, até segunda-feira. O Hamas libertou no prazo todos os reféns vivos. Entretanto, o grupo só tinha restituído até a manhã desta quarta sete corpos dos 28 israelenses que morreram em cativeiro e ainda estavam no enclave.
Três identificações confirmadas
Três dos quatro corpos entregues na terça-feira por meio do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) foram identificados em Israel. Parentes das vítimas confirmaram a informação após o trabalho do Instituto Médico-Legal israelense.
"É com imensa tristeza e profunda dor que anunciamos o retorno do corpo de nosso amado Ouriel Baruch da Faixa de Gaza, após dois longos anos de orações, esperança e fé", declarou a família deste morador de Jerusalém, sequestrado em 7 de outubro de 2023 durante o Festival Nova, aos 35 anos.
Os familiares de Tamir Nimrodi e Eitan Levy também anunciaram o retorno de seus corpos a Israel. Nimrodi, soldado de 18 anos, foi capturado em uma base militar na fronteira com a Faixa de Gaza. Já Levy, taxista de 53 anos, foi morto após deixar uma amiga no kibutz Beeri na manhã do ataque do Hamas.
A previsão é que outros quatro corpos sejam entregues a Israel nesta quarta-feira, segundo a correspondente da RFI em Jerusalém, Frédérique Misslin. Os primeiros enterros estão previstos para hoje.
Reabertura da passagem de Rafah
Israel ameaçava não permitir a entrada de ajuda humanitária pela passagem de Rafah até a restituição dos corpos de todos os reféns.
A reabertura é considerada urgente pela ONU e pelas principais ONGs que atuam na Faixa de Gaza. O território é palco de um desastre humanitário, dois anos após o início da guerra desencadeada em 7 de outubro de 2023 pelo ataque do grupo Hamas contra Israel. No final de agosto, as Nações Unidas declararam estado de fome em várias áreas da localidade, o que é contestado por Israel.
Em entrevista à RFI, o diretor de comunicação da Unicef Palestina, Jonathan Crickx, afirmou que é preciso permitir a passagem do maior número possível de comboios com ajuda à população. "Antes da guerra, cerca de 500 caminhões entravam na Faixa de Gaza. Durante o cessar-fogo em janeiro passado, vimos uma situação em que 600 caminhões entravam todos os dias. Naquele momento, foi possível observar que os preços dos alimentos nos mercados voltaram ao normal e que os itens de primeira necessidade puderam ser distribuídos."