Piores inundações em mais de uma década no Marrocos deixam quase 40 mortos
Ao menos 37 pessoas morreram neste domingo (14) na cidade de Safi, na costa atlântica do Marrocos, devido a enchentes repentinas provocadas por fortes chuvas, informaram as autoridades locais nesta segunda-feira (15). Este é o maior número de vítimas em inundações no país africano em mais de uma década.
Matthias Raynal, correspondente da RFI em Casablanca, e AFP
A forte tempestade atingiu a região no fim da tarde de domingo, inundando ruas, casas e comércios de Safi, localizada a 250 quilômetros ao sul de Casablanca. Imagens publicadas nas redes sociais mostram a enxurrada de lama arrastando carros e contêineres de lixo pelas ruas da cidade costeira.
Além das 37 mortes, há dezenas de feridos, e 14 pessoas permanecem hospitalizadas, sendo duas em estado grave, segundo o último comunicado das autoridades. Essa já está sendo considerada a pior catástrofe do gênero no Marrocos em pelo menos 10 anos.
Desde 2014, quando 47 pessoas morreram no sul do país, na região de Sidi Ifni-Guelmim, o Marrocos não enfrentava enchentes tão mortais. Esse número pode ser superado em Safi, pois a situação continua muito precária para os desabrigados.
As buscas continuam para localizar possíveis desaparecidos, enquanto as autoridades se mobilizam para oferecer apoio e ajuda às populações afetadas.
"Todo mundo está chocado"
O amanhecer foi difícil na cidade de 300 mil habitantes. No fim da noite de domingo, o nível da água já havia baixado, deixando para trás um cenário de devastação, com muita lama e carros virados. Equipes da Defesa Civil trabalhavam para remover os destroços.
Muitas ruas e estradas ao redor da cidade estão bloqueadas, e as escolas permanecerão fechadas nesta segunda-feira.
Uma moradora entrevistada pela RFI explicou que o Oued, o rio que atravessa Safi, transbordou. A água chegou a quase três metros de altura, atingindo cerca de 70 prédios e casas.
Os habitantes da Medina ainda estão em estado de choque com o que viram. Yassine relata que os moradores estão abalados porque "ver pessoas morrendo é difícil". Ele diz que desta vez "foi excepcional. A água subiu de forma inesperada e muito rápido, entre 14h30 e 16h30. Foram cerca de duas horas de chuva e trovões", conta, garantindo que "nunca viu isso". Como consolo, Yassine ressalta que "os moradores se ajudam uns aos outros. Isso é bom".
Com a queda do nível da água, os moradores conseguiram entrar em suas casas e recuperar alguns pertences. Contudo, o serviço meteorológico prevê mais chuvas na terça-feira (16) em grande parte do país. Tempestades e inundações são relativamente frequentes no Marrocos, apesar de sete anos consecutivos de seca severa na região.