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África

Brega e Ajdabiya, cidades estratégicas na Líbia

3 mar 2011 - 19h57
(atualizado às 20h29)
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As cidades de Brega, com suas refinarias de petróleo, e Ajdabiya, um entroncamento rodoviário importante, são vitais estrategicamente para os rebeldes no leste da Líbia para manter a ligação com o resto do país.

info infográfico líbia infromações sobre o país
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Foto: AFP

Por isso não é surpresa que as forças leais ao líder Muammar Kadafi tenham realizado na quarta-feira uma tentativa mal-sucedida de retomar Brega e seu porto dos rebeldes.

Fontes da oposição também relataram grandes movimentos de tropas indo em direção a Brega, do leste, e para Ajdabiya, a partir do sul.

Brega se localiza no Golfo de Sirte, 800 km a leste de Trípoli, e Ajdabiya a 100 km da costa. "Brega e Raslanuf (cerca de 100 km a oeste) são consideradas as bases da indústria do petróleo da Líbia", afirmou Fethi Faraj, diretor da Arabian Gulf Oil Co. e membro do conselho civil da cidade de Tobruk.

A maior parte do petróleo e gás extraídos no sudoeste da Líbia são transportados ao porto de Brega, onde uma parte é exportada e outra é refinada para consumo local.

"Brega fornece gás para Benghazi e seus arredores", afirmou sobre a maior cidade do leste da Líbia, que é o centro nervoso na rebelião contra Kadafi e localiza-se cerca de 150 km ao norte. "O resto das cidades da costa são abastecidas por Tobruk".

Mohammed Janis, que trabalha em uma companhia de petróleo em Brega, afirma sem rodeios que, se as forças de Kadafi retomarem a cidade, "elas poderão isolar Benghazi" e deixá-la sem gás.

Membro da Opep, a Líbia é o quarto maior produtor de petróleo da África, atrás de Nigéria, Argélia e Angola, e produz cerca de 1,8 milhão de barris por dia, com reservas estimadas em 42 bilhões de barris.

O país também quer desenvolver suas reservas de gás, que a Organização de Países Exportadores de Petróleo estima ser de 1,540 trilhão de metros cúbicos.

Desde 2005, a Líbia quase duplicou suas exportações de gás, de 5,4 bilhões de metros cúbicos para 10 bilhões. Ajdabiya, entretanto, é a principal encruzilhada.

Situada a 17 km da costa, sua estrada leva às cidades rebeldes mais importantes no nordeste - Benghazi, Tobruk, Derna e Al-Baida - e outra importante estrada leva ao sudeste.

Um engenheiro que pediu para não ser identificado disse que "é muito importante proteger Brega porque se eles a tomarem, poderão avançar até Ajdabiya, e Ajdabiya é uma região crucial, já que liga o leste ao oeste e ao sul".

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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