Morador suspeito de envolvimento em atentado contra síndica é preso por injúria racial em condomínio de Curitiba
Conselheira do condomínio onde síndica sofreu um atentado a tiros em abril disse que foi xingada pelo morador e esposa dele: 'Sua preta, negra, fedida'
Um dos moradores suspeitos de ter envolvimento em um atentado contra a síndica de um condomínio situado no bairro Santa Cândida, em Curitiba (PR), foi preso nesta quarta-feira (8) sob uma acusação de injúria racial. O homem teria proferido xingamentos racistas a uma conselheira do condomínio.
"Eu estava chegando do serviço e ele gritou. Não dei bola. Mas, quando voltei pra levar um guarda-roupa, fui xingada por ele e a esposa: 'Sua preta, negra, fedida'. Não deu para gravar. Eu pedi que ligassem para a polícia", narrou Edna Aparecida à Banda B.
Em frente à delegacia onde o homem foi mantido preso, Edna relatou ser vítima de perseguição por parte do suspeito devido à relação que possui com a síndica, Adriane Rocha, de 50 anos. "Sempre acontece isso! É uma perseguição total porque sou conselheira do condomínio. Eu só quero trabalhar e cuidar da minha vida. Eu tenho orgulho da minha cor e da minha raça. Estou revoltada porque não fazem nada", lamentou.
A defesa da conselheira acrescentou que este não é o primeiro caso de injúria racial nas dependências do condomínio. Há, segundo ele, materiais que compravam a ocorrência dos crimes. "Esse casal ataca diretamente todas as pessoas que estão alinhadas à síndica. No caso da Edna, ela é conselheira do condomínio. Não é a primeira vez que acontece injúria racial. Esperamos que ele responda a uma ação penal por injúria racial, ameaças e outros delitos que estão sendo apurados", disse o advogado Rodrigo Cunha.
Apesar de a vítima e o advogado mencionarem um casal, apenas o homem — que não teve a identidade revelada — foi preso.
Enquanto o ato de injúria racial está diretamente relacionado a ofender uma pessoa por raça, cor, etnia, religião ou origem, o crime de racismo atinge um coletivo. Ao contrário da injúria racial, o crime de racismo é inafiançável e imprescritível.
O atentado
Era madrugada de 13 de abril quando a síndica Adriane Rocha, que atua em um condomínio residencial no bairro Santa Cândida desde 2021, foi acordada com tiros atingindo sua casa. Segundo ela, o casal envolvido no crime de injúria racial são os responsáveis pelo episódio de tentativa de homicídio.
Uma câmera de segurança registrou o momento em que um homem aparece tentando quebrar as câmeras do local e atirando contra a casa de Adriane (assista abaixo). O delegado responsável pelas investigações afirmou que o atentado é visto como um "recado" para a mulher.
"Há mais de dois anos, tenho recebido várias ameaças por parte de moradores. [Sou vítima de] tentativa de agressão e agora essa tentativa com todos esses tiros. Eu acredito que é por ter regras no condomínio, multas, pagamento de taxas. Não sou rigorosa. Eu cumpro o regimento interno do condomínio", disse a síndica à Banda B, cerca de dez dias após o crime.
Ao se referir ao casal supostamente responsável pelo atentando, Adriane acrescentou que se sente perseguida por eles.
