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Lula diz que é preciso 'enquadrar' Banco do Brasil para atuar como 'banco público'

Em evento com pequenos empresários aliados, petista também afirmou que BNDES 'vai ter que deixar de fazer empréstimos para grandes empresas'

17 ago 2022 - 16h12
(atualizado às 16h32)
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Em evento com micro e pequenos empresários alinhados a sua candidatura, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira, 17, que é preciso "enquadrar" o Banco do Brasil para que a estatal se comporte como um "banco público", e que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deveria "deixar de fazer empréstimos" a grandes empresas e se dedicar a emprestar a pequenos e médios empresários.

"O Banco do Brasil parece bonzinho se tiver orientação governamental. Se não tiver orientação, a burocracia do Banco do Brasil pensa como banco privado. É preciso que a gente enquadre o Banco do Brasil e vamos rodar com o objetivo de fazer com que os bancos públicos virem bancos públicos", afirmou.

Lula em evento com micro e pequenos empresários Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

O petista esteve acompanhado no evento de aliados como o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT), que coordena seu plano de governo, e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), seu candidato a vice.

Lula ainda disse não querer que "bancos públicos tenham nenhum prejuízo", mas que também não quer "que eles queiram ter os mesmos lucros do banco privado". "Eles têm de prestar uma função social a esse país", afirmou.

"Da mesma forma, o BNDES, que vai ter que deixar de fazer empréstimos para grandes empresas e vai ter que se dedicar para emprestar para pequenos e médios empresários, grandes e médios empreendedores. Porque o restante pode tomar empréstimo em dólar, qualquer lugar. Mas o pequeno não tem", disse.

Lula afirma ser necessário "enquadrar" o BB para que atue como banco público em evento com pequenos e médios empresários. Foto: Divulgação

Segundo o ex-presidente, os juros altos estão inviabilizando o financiamento de pequenos empresários, mesmo quando eles obtêm acesso ao crédito. "Somente o Estado é capaz de garantir que essas coisas aconteçam com muita justiça", afirmou.

A política de empréstimos a grandes empresas, batizadas de "campeões nacionais", foi uma das apostas dos governos petistas. Empréstimos bilionários foram feitos a empresas grandes que acabaram em recuperação judicial ou situação financeira difícil, como foi o caso da Oi.

Já o Banco do Brasil chegou a ser colocado nos planos de privatizações do ministro da Economia, Paulo Guedes, ideia que acabou rechaçada pelo presidente Jair Bolsonaro.

No evento com empresários e aliados, Lula fez um discurso mais voltado às bases e alinhado com o plano de governo elaborado pelo partido e legendas coligadas e federadas. Em um dos itens, consta que é preciso "promover a renegociação das dívidas das famílias e das pequenas e médias empresas por meio dos bancos públicos e incentivos aos bancos privados para oferecer condições adequadas de negociação com os devedores".

Trata-se de um discurso de viés diferente daquele que o petista fez durante evento na Fiesp, na última semana, quando mencionou a "desoneração da produção" e prometeu uma reforma administrativa, item que não é citado nominalmente em seu plano de governo.

'Só tirar aquela tralha'

Lula também falou em "tirar aquela tralha", ao se referir a Bolsonaro. "Esse país está pronto, é só tirar aquela tralha", afirmou o petista em outro momento do discurso. "Bolsonaro é o que é porque pensa que existe só verde e amarelo, não sabe que tem o vermelho", acrescentou.

A reunião com empresários simpáticos à candidatura de Lula foi o berço da "tão sonhada revolução" do setor, de acordo com o petista. Ele também defendeu a união com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB).

"A nossa volta e o casamento entre mim e Alckmin é para fazer o que esse país precisa que seja feito. Este país tem que voltar a aquecer, a gerar emprego", afirmou o ex-presidente. "Vocês vão ter dois caras que gostam de conversar", seguiu.

Antes de Lula, doze empresários discursaram no evento, com fortes críticas à política econômica do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. "Eu faço parte dessa estatística de empreendimentos endividados. Não somos ruins em empreender, a questão é que o atual presidente da República é nosso maior inimigo", declarou a proprietária do restaurante Canto Madalena, Tita Dias.

Ela assumiu, porém, que tomou crédito do Pronampe, programa criado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para apoiar as PMEs na pandemia. "Eu só estou viva porque peguei o Pronampe. Mas hoje virou tormenta, é um pesadelo, motivo de fechar o meu negócio. Porque a Selic disparou", declarou.

Estadão
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