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Guaidó propõe governo de emergência para enfrentar covid-19

29 mar 2020 - 13h24
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Diante de risco de "milhares de mortes" na Venezuela, líder oposicionista sugere formar governo que possa receber ajuda internacional. FMI rejeitou recentemente pedido de empréstimo feito por Maduro.O líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, propôs neste sábado (28/03) às forças políticas e militares de seu país que deem as costas ao presidente Nicolás Maduro e o ajudem a formar um governo nacional de emergência que possa ter acesso a financiamento internacional para evitar "milhares de mortes" por coronavírus.

"Especificamente, planejamos instalar um governo de emergência nacional que inclua todos os setores políticos do país", disse Guaidó em vídeo divulgado em seus perfis nas redes sociais.

Reconhecido por quase 60 países como presidente interino, Guaidó disse que estava ciente do relatório de um grupo de especialistas alertando que as infecções e mortes por covid-19 vão aumentar nas próximas semanas na Venezuela, um país que já está passando pela pior crise de sua história moderna.

Para tal, o país precisa de 1,2 bilhão dólares em financiamento de instituições multilaterais que, segundo ele, não vão cooperar com Maduro depois que ele foi acusado pelos Estados Unidos de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e terrorismo.

"É uma realidade inquestionável", disse Guaidó. "Para evitar mortes, precisamos de milhões de dólares em financiamento internacional, que ninguém dará a uma pessoa ‒ Maduro ‒ que não é reconhecida pelo mundo e está sendo acusada de tráfico de drogas e terrorismo internacional", continuou.

"As consultas que já fizemos nos permitem afirmar que isso é absolutamente possível se formarmos um governo de emergência", disse Guaidó. Esse governo emergencial deixaria a cargo de um Conselho de Estado as decisões de combate ao novo coronavírus, que já afeta 119 pessoas no país e matou dois venezuelanos.

Guaidó ressaltou, no entanto, que o Maduro não poderia fazer parte desse governo de emergência. Mas numa demonstração de reconciliação, o líder oposicionista disse a apoiadores do presidente que precisam ser "realistas" e estar preparados para compartilhar o poder.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) rejeitou recentemente pedidos de empréstimos de 5 bilhões feitos pelo regime venezuelano, dizendo que havia uma falta de clareza entre seus 189 membros sobre se Maduro ou Guaidó seria o líder legítimo da Venezuela.

Mas com o país falido, ficando sem gasolina e presenciando saques em meio à crise do coronavírus, crescem os apelos para a oposição e Maduro deixarem de lado suas amargas diferenças para evitar um cenário de pesadelo.

Diosdado Cabello, número dois do governo chavista venezuelano, logo reagiu ao anúncio de Guaidó, chamando-o de "inepto" ainda no sábado. Não houve comentários imediatos de Maduro sobre o vídeo. Mas nos últimos dias, ele disse estar disposto a trabalhar com a oposição, sem mencionar o nome de Guaidó, para enfrentar a emergência do coronavírus.

"Vocês dizem que não me reconhecem", afirmou Maduro. "Eu não me importo que vocês não me reconheçam. Para mim, o que importa é que trabalhamos pela Venezuela para chegar a um acordo em benefício do país."

As Nações Unidas disseram que a Venezuela poderia ser uma das nações mais atingidas pela disseminação do coronavírus, classificando-a como um país de atenção prioritária devido a um sistema de saúde marcado por escassez de suprimentos médicos e falta de água e eletricidade.

CA/efe/ap/dpa

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