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Imprensa internacional alerta para uso político-eleitoral do 7 de Setembro

Mídia externa repercute celebrações do Bicentenário com destaque para a agenda eleitoral do presidente Jair Bolsonaro

7 set 2022 - 14h30
(atualizado às 15h01)
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Jair Bolsonaro elogiou Michelle Bolsonaro durante discurso em Brasília
Jair Bolsonaro elogiou Michelle Bolsonaro durante discurso em Brasília
Foto: Leo Bahia/FotoArena / Estadão

Os 200 anos da Independência do Brasil estampam o noticiário internacional desde terça, 6, com destaque para uma mudança na forma como as celebrações acontecem neste ano, às vésperas das eleições de outubro. Grandes agências de notícias e jornais nos Estados Unidos e na Inglaterra mencionam a data, enfatizando um viés eleitoreiro adotado no feriado de 7 de Setembro, que tradicionalmente é dominado por uma festa verde e amarela e desfiles militares.

A CNN enfatizou que as comemorações da data, que deveria ser apartidária, foram distorcidas. "Todos os anos, 7 de Setembro no Brasil é um dia de desfiles coloridos, manifestações militares e orgulho nacional, pois o país comemora sua independência do Portugal colonial", inicia a reportagem da rede norte-americana. "Mas, enquanto o Brasil se dirige para as eleições presidenciais no próximo mês, o presidente Jair Bolsonaro (PL) parece estar distorcendo o feriado nacional para fins partidários", acrescenta.

Na mesma linha, a Reuters publicou uma análise sob o título "Bolsonaro convoca comícios para flexionar os músculos no bicentenário do Brasil". A agência de notícias enfatiza os ataques do presidente Bolsonaro ao sistema eleitoral e o temor de que o episódio visto nos Estados Unidos, quando o ex-presidente Donald Trump não aceitou a vitória do democrata Joe Biden, também se repita no Brasil.

"Os ataques de Bolsonaro contra o sistema eleitoral do Brasil - e os tribunais que o administram - provocaram pedidos de golpe militar de seus apoiadores radicais. Alguns temem que ele esteja preparando as bases para alegar fraude eleitoral como seu aliado dos EUA", noticia a Reuters.

O britânico The Guardian antecipou a cobertura do dia 7 de Setembro e chamou atenção, em matéria publicada nesta terça, para a preparação do Brasil para um dia de "turbulência", no qual a celebração do bicentenário foi "sequestrada".

"A empolgação da direita com as comemorações de Bolsonaro contrasta com o medo e a raiva progressivos de que um dia de celebração nacional tenha sido sequestrado pela direita bolsonarista", diz o jornal.

O também britânico Financial Times deu destaque à participação da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e seu tom religioso na "polarizada corrida presidencial" em matéria de terça. Assim como destaca o tabloide, ela também discursou neste 7 de Setembro, evocando novamente Deus, família e liberdade.

Já o norte-americano The New York Times trouxe um artigo do cientista político e professor da Universidade de Columbia, Miguel Lago, sobre o pleito no Brasil neste 7 de Setembro, sob o título "Bolsonaro não está se preparando para um golpe. Ele está se preparando para uma revolução". Ao narrar os desdobramentos das eleições no País, o especialista chama a atenção para a atuação de Bolsonaro, com ataques frequentes para colocar o processo eleitoral no País em dúvida.

As celebrações em torno da data também despertam o interesse de jornais na América Latina. O professor do Departamento de Relações Internacionais da UERJ, Maurício Santoro, afirma que recebeu muitos pedidos de entrevistas de jornalistas da região, preocupados com as manifestações desta quarta. "Entre os repórteres da região, há forte percepção do impacto internacional dos riscos às eleições democráticas no Brasil", escreveu em seu perfil no Twitter.

Em Brasília, Bolsonaro beija Michelle e puxa coro de "imbrochável":

Discurso

Durante o desfile cívico-militar, em Brasília, Bolsonaro aproveitou o ato para fazer um discurso político, no qual, novamente, convocou apoiadores para irem às ruas. Além da sua pauta tradicional, que traz Deus e uma posição contrária às drogas e ao aborto, recorreu, novamente, à luta do "bem contra o mal" e fez um ataque, desta vez velado, ao Supremo Tribunal Federal.

"A voz do povo é a voz de Deus", disse Bolsonaro enquanto a multidão de apoiadores vaiava a Suprema Corte brasileira. "Hoje todos sabem que é o Poder Executivo, a Câmara dos Deputados, o Senado Federal. Todos sabem o que é o Supremo Tribunal Federal", disse ele. "Todos nós mudamos. Todos nós nos aperfeiçoamos e podemos ser melhores no futuro."

"Com a reeleição, traremos para as 4 linhas todos os que ousam ficar fora delas", disse o presidente da República, que no entanto evitou atacar frontalmente a Corte e os ministros. Durante o breve discurso, Bolsonaro também fez críticas ao PT. "Sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal. Um mal que perdurou por 14 anos no nosso País, que quase quebrou a nossa Pátria e que agora deseja voltar À cena do crime. Não voltarão! O povo está do nosso lado. O povo está do lado do bem. O povo sabe o que quer", disse.

Estadão
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