Fraude de R$ 22 milhões em pensões de servidores falecidos da UFRJ é alvo da PF
Agentes cumprem cinco mandados de prisão e 23 mandados de busca e apreensão; entre os suspeitos, estão ex-professores da universidade
A Polícia Federal realiza operação contra fraudes que desviaram R$ 22 milhões em pensões de servidores falecidos da UFRJ, envolvendo ex-professores e impactando a instituição em R$ 1,2 milhão.
A Polícia Federal (PF) faz uma operação na manhã desta quinta-feira, 30, contra um grupo criminoso que cometia fraudes para desviar pensões e benefícios de servidores falecidos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Entre os investigados, estão vários ex-professores da instituição. Até o momento, quatro suspeitos foram presos.
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No total, agentes cumprem cinco mandados de prisão preventiva e 23 mandados de busca e apreensão em residências de investigados. As ordens judiciais são cumpridas em quatro cidades do Rio de Janeiro (capital, Nova Iguaçu, Nilópolis e Mangaratiba) e em Mogi das Cruzes (SP).
Segundo as investigações, os suspeitos movimentaram cerca de R$ 22 milhões entre janeiro de 2022 e dezembro de 2024. Outras fraudes, como golpes bancários e em benefícios previdenciários, também foram identificadas durante as apurações.
A PF ainda diz que foram revelados indícios de que parte dos recursos obtidos podem ter sido direcionados a pessoas ligadas à cúpula de uma das maiores facções criminosas atuantes no estado do Rio de Janeiro.
"As apurações revelaram um complexo esquema de vultosas movimentações financeiras, com utilização de laranjas e empresas de fachada para ocultar a origem e o destino dos valores arrecadados ilegalmente. Os membros do grupo se valiam de documentação fraudulenta para se passarem por familiares de ex-professores, ludibriando a instituição", afirma a corporação.
Prejuízo de mais de R$ 1 milhão
As investigações começaram após um pensionista identificar que outro beneficiário havia sido habilitado em sua pensão para dividir o valor a qual tinha direito. A pessoa habilitada -- que não existe -- seria um filho da vítima em questão, conforme a documentação falsa apresentada.
Com essa descoberta, a UFRJ iniciou uma auditoria em 2023 e identificou inúmeros casos semelhantes envolvendo outros pensionistas. O prejuízo estimado para a instituição é de R$ 1,2 milhão. A PF não descarta a hipótese de que outros órgãos públicos tenham sido vítimas do grupo.
Em nota ao Terra, a UFRJ disse que "não é responsável pelas fraudes, sendo vítima dessa ação criminosa" e que, ao identificar os indícios de fraude, encaminhou à PF, "paralisou os processos e anulou dois benefícios já concedidos, com a devolução dos valores pagos".
"A Universidade reforça que está colaborando plenamente com a Polícia Federal e demais autoridades competentes. A UFRJ destaca que na auditoria interna não foi detectado qualquer envolvimento de servidores da instituição nas fraudes identificadas", informou a instituição.
Crimes
Os investigados podem responder pelos seguintes crimes:
- falsificação de documento público;
- estelionato;
- uso de documento falso;
- lavagem de dinheiro; e
- organização criminosa.
As investigações da operação, batizada de Capgras, foram coordenadas pela Unidade de Investigações Sensíveis da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários e contou com o apoio do Núcleo de Identificação da PF no Rio de Janeiro.