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Redação do Enem: como fazer e exemplos

A redação do Enem 2023, assim como em anos anteriores, deve ser elaborada em um texto em prosa e do tipo dissertativo-argumentativo

17 ago 2023 - 10h50
(atualizado em 30/8/2023 às 10h18)
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Redação do Enem é feita no primeiro dia de provas
Redação do Enem é feita no primeiro dia de provas
Foto: Gabriel Ramos / iStock

A redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é uma etapa importante da avaliação. O texto deve ser escrito no primeiro dia de provas, dentro do tempo de 5 horas e 30 minutos, e os candidatos precisam conciliar a produção da redação com as provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e a de Ciências Humanas e suas Tecnologias.

Para ir bem nesse quesito, os estudantes devem estar por dentro da estrutura da redação do Enem 2023. Uma maneira de entender o tipo de texto que deve ser produzido na avaliação é acessar exemplos e, também, conhecer possíveis temas para a redação.

Como deve ser feita a redação do Enem?

A redação do Enem 2023, assim como em anos anteriores, deve ser elaborada em um texto em prosa e do tipo dissertativo-argumentativo

Isso significa que os candidatos devem escrever a redação em um texto corrido e, também, com a defesa de um ponto de vista e opiniões baseadas em argumentos sobre o tema da avaliação, respeitando a estrutura de introdução, desenvolvimento e conclusão no texto.

A produção deve ainda apresentar uma proposta de intervenção social para o problema que é mostrado pelo tema da redação. Por fim, o texto deve ser escrito com letra legível, em português, com caneta de tinta preta e material transparente.

O que vai cair na redação do Enem 2023?

O tema da redação do Enem 2023 é divulgado aos candidatos no momento da realização da prova, no primeiro dia de avaliação. Em geral, os temas envolvem atualidades e assuntos que estão presentes no noticiário e no cotidiano da sociedade. 

Nos textos explicativos da redação, também são apresentados problemas relacionados ao tema e enunciados com perguntas que ajudam na elaboração da redação.

Os textos são avaliados de acordo com 5 competências da redação do Enem:

  1. Domínio da escrita formal da língua portuguesa: os candidatos dominam regras de ortografia como acentuação, hífen, pontuação, pronomes, entre outras;
  2. Compreensão do tema: o estudante entendeu a proposta da redação e organizou o texto com ideias e conhecimentos de diferentes áreas, dentro da estrutura dissertativa-argumentativa;
  3. Seleção, organização e interpretação de informações em defesa de um ponto de vista: a redação mostra que o candidato selecionou, relacionou, organizou e interpretou dados, fatos e argumentos para defender seu ponto de vista;
  4. Conhecimento de mecanismos linguísticos: no texto, o estudante mostrou que conhece mecanismos necessários para a argumentação da redação;
  5. Respeito aos direitos humanos: a proposta de intervenção apresentada na redação está alinhada aos direitos humanos.

Qual é a nota máxima da redação do Enem?

A nota máxima da redação do Enem é de 1000 pontos e cada uma das competências tem valor máximo de 200 pontos. A variação ocorre da seguinte forma:

0 ponto: o candidato não atendeu ao que era exigido na competência;

40 pontos: o estudante apresentou precariedade na competência;

80 pontos: a competência foi desenvolvida de forma insuficiente;

120 pontos: a competência aparece de maneira mediana;

160 pontos: a habilidade foi bem desenvolvida na redação;

200 pontos: a habilidade foi apresentada de maneira excelente.

Ao menos dois professores graduados em Letras ou Linguística corrigem as redações de forma independente, sem conversarem entre si. Em caso de avaliações muito diferentes, o texto será avaliado por um terceiro avaliador e, persistindo as diferenças, a redação do Enem irá para a análise de uma banca de três professores.

Uma redação também pode ter nota zero caso apresente características como:

  1. Fuga ao tema proposto;
  2. Escrita fora do tipo dissertativo-argumentativo;
  3. Texto com menos de 7 linhas;
  4. Cópia de textos da Prova de Redação ou de Caderno de Questões sem produção de ao menos 8 linhas de autoria própria;
  5. Desenhos, sinais gráficos ou números sem função clara;
  6. Assinatura, nome ou iniciais fora do local apropriado;
  7. Texto escrito em língua estrangeira;
  8. Texto ilegível;
  9. Folha em branco ou com redação escrita apenas na folha de rascunho.

Exemplos de redação do Enem

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pelo Enem, tem uma cartilha com dicas para a produção da redação do Enem, além de exemplos de enunciados com instruções para a avaliação. 

O instituto também mostra trechos de redações que alcançaram a nota máxima, de 1000 pontos, por cumprirem todas as exigências das cinco competências. De acordo com o Inep, as redações possuem:

  • Proposta de intervenção para o problema apresentado, respeitando os direitos humanos;
  • Características textuais como coesão, coerência, informatividade e sequenciação;
  • Demonstrações de domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa, como organização frasal e adequação às convenções de escrita e  às regras gramaticais.

Redação do Enem nota 1000 de Pedro Henrique Rezende Machado

Para a filósofa estadunidense Nancy Fraser, o conceito de justiça social funde-se em duas frentes, sendo uma delas a do reconhecimento, referente à existência e à visibilidade de um determinado grupo ou indivíduo perante o poder público e a sociedade. Nesse viés, a fim do efetivo asseguramento da cidadania de seus indivíduos, o corpo estatal exige a materialização do existir de seus cidadãos mediante documentos oficiais, os quais proporcionam o acesso a prerrogativas e serviços que lhes cabem aos indivíduos registrados. No entanto, não raras são as ocasiões em que não há tais registros, o que levanta debates acerca da importância dos documentos civis e da devida regularização dos cidadãos à garantia de acesso à cidadania plena e, portanto, à visibilidade, no Brasil, embasados, sobretudo, na oportunidade de indivíduos alijados à sociedade ascenderem de condições de vida, somada à possibilidade de estes construírem ser verdadeiro “eu”. Tendo isso em vista, o Estado deve agir visando à facilitação e à democratização de tal processo civil.

De início, é notório o caráter indispensável do registro civil na promoção da cidadania, em especial, de indivíduos à margem da sociedade e da atuação do poder público, possibilitando sua ascensão social. Segundo o geógrafo Milton Santos, o Brasil vive um cenário de cidadanias mutiladas, em que, embora a Constituição preveja, de forma universal e indistinta, o acesso a prerrogativas, estas não são efetivamente consubstanciadas na prática, engendrando disparidades sociais baseadas, principalmente, no poder econômico dos membros da sociedade. Nesse contexto, pessoas em uma posição inferior de pirâmide social têm seus direitos renegados, em uma estrutura baseada no capital, restando ao Estado o dever de, ainda que parcialmente, complementar a iniciativa privada na oferta de serviços e de prerrogativas mercantilizadas, em busca de uma conjuntura de maior equidade social. Dessa forma, o registro civil, ao estabelecer a conexão indivíduo-poder público, permite que este atue de forma localizada e eficiente sobre comunidades ou cidadãos, com o fito de promover sua ascensão social, tendo o documento papel primordial nesse intermédio.

Além disso, já em um âmbito existencialista, a regularização do indivíduo, ao materializar sua existência, fornece um importante amparo na síntese de seu verdadeiro “eu”. Conforme o filósofo Jean-Paul Sartre, o homem é dotado de liberdade para construir sua essência, mediante tomadas de decisões, porém apenas quando sobre ela precede a existência humana. Nessa perspectiva, o fato de existir é imprescindível para que o cidadão, em seu íntimo, seja capaz de, ao longo de sua vivência, sintetizar quem ele realmente é, com toda a liberdade intrínseca a sua existência. Desse modo, o registro civil de uma família, por exemplo, permitirá que esta, sob um regime de supervisão e auxílio do Estado, seja atriz de sua própria história, definindo a essência de cada um de seus membros e sintetizando, de forma ativa, seu legado a gerações futuras, tornando-se mais visíveis a elas, ao corpo estatal e à sociedade como um todo, o que ressalta sua cidadania.

Portanto, em vista dos benefícios inerentes ao registro civil e sua facilitação, no que se refere à cidadania, faz-se necessário que o Estado, através de parcerias entre as esferas federal, estadual e municipal, democratize a retirada de documentos cidadãos, por meio da construção de centros de registro e cartórios em zonas periféricas ou interioranas, os quais disponibilizem atendimento integral e direcionado a indivíduos de baixa renda que não tiveram a oportunidade de reivindicar seus documentos. A finalidade de tal ação é ampliar e garantir o acesso à cidadania plena no Brasil, já que esta só pode ser integralmente alcançada, na maioria dos casos, com, no mínimo, a certidão de nascimento, justamente por informar o poder público a respeito de sua existência como cidadão. Somente assim, poder-se-á construir um cenário de justiça social e de reconhecimento igualitário dos indivíduos perante o corpo social e estatal, universalizando prerrogativas e fazendo da sociedade uma instituição harmoniosa e, em seu conjunto, cidadã.

Redação do Enem nota 1000 de Emanuelle Severino Gontijo Boucinhas

A cidadania, no contexto relativo à Grécia Antiga, era restrita aos homens aristocratas, maiores de vinte e um anos, que participassem do sistema político de democracia direta do período. Diferentemente dessa conjuntura, a Carta Magna do Estado brasileiro, vigente na contemporaneidade, concede o título de cidadão do Brasil aos indivíduos nascidos em território nacional, de modo que a oficialização dessa condição está atrelada ao registro formal de nascimento. Nesse contexto, convém apresentar que, em virtude da ausência dessa documentação, diversas pessoas passam a enfrentar um quadro de invisibilidade frente à estrutura estatal e, com isso, são privadas da verdadeira cidadania no país.

Acerca dessa lógica, é necessário pontuar a dificuldade da parcela da população brasileira, em situação de vulnerabilidade socioeconômica, no acesso ao procedimento de registro civil. Sob esse viés, destaca-se que, segundo relatório de 2019 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o Brasil é o sétimo país mais desigual do mundo, condição que implica a existência de indivíduos tupiniquins detentores de rendas extremamente baixas, as quais, muitas vezes, não são suficientes para fornecer condições de vida dignas a essas pessoas. A essa linha de raciocínio, os limitantes recursos financeiros podem impossibilitar o deslocamento desses indivíduos até os cartórios, devido aos custos com transporte e, por conseguinte, impedir a realização do registro. Assim, a acentuada desigualdade social da nação dificulta a promoção da documentação pessoal, especialmente, para as classes sociais menos abastadas.

Além disso, é importante relacionar a falta de documentos de nascimento com o sentimento de invisibilidade desenvolvido pelos indivíduos sem registro, tendo em vista a privação dos direitos sociais, civis e políticos desencadeada pela problemática discutida. Sob essa óptica, somente a partir da certidão de nascimento, pode-se emitir as carteiras de identidade e de trabalho, bem como o título de eleitor e o cadastro de pessoa física. Nesse sentido, o acesso aos programas do governo, a exemplo do auxílio emergencial – assistência financeira concedida durante a pandemia da Covid-19 –, à seguridade social e ao exercício do voto dependem, diretamente, da existência do registro civil. Portanto, a ausência da documentação formal torna parte da população invisível socialmente, já que essas pessoas não podem beneficiar-se dos serviços e das garantias do Estado Democrático de Direito brasileiro.

Diante do exposto, conclui-se que o registro civil é um aspecto intrínseco à cidadania no Brasil. Por isso, o Governo Federal deverá propiciar a acessibilidade das populações mais carentes, que sofrem com a falta de acesso à documentação, a esse tipo de serviço, por meio da articulação de unidades móveis para os cartórios do país. No que tange a esse aspecto, os veículos adaptados transportarão os funcionários dos órgãos de registros até as áreas de menor renda “per capita” de seus respectivos municípios, um dia por semana, com o intuito de realizar o procedimento formal de emissão dos documentos de nascimento dos grupos sociais menos favorecidos economicamente. Desse modo, um maior número de brasileiros acessará, efetivamente, a condição de cidadão.

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Fonte: Redação Terra
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