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Mulheres do aço: mão de obra feminina cresce indústria de base da metalurgia

Durante 2023, o número delas em cargos de gestão aumentou 30%; empresas passaram a adotar políticas de igualdade de gênero como prioridade

2 abr 2024 - 05h00
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Foto: Edwin Tan/Getty Images

Muitos podem pensar que a metalurgia é uma área voltada só para homens, mas, na prática, cada vez mais mulheres têm ocupado esse espaço. Dados recentes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Mapa do Trabalho Industrial apontam que mais de 4,1 milhões de mulheres trabalham no setor. 

Durante o ano de 2023, o número delas em cargos de gestão aumentou 30%, de modo que a mão de obra feminina aumentou e as empresas passaram a adotar políticas de igualdade de gênero como prioridade em suas dinâmicas. No mesmo período, as ofertas de emprego na indústria também aumentaram: segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, foram registradas 127 mil oportunidades na área. 

A gerente de qualidade de Cubatão da Usiminas, Patrícia Pala, que atua há 23 anos na siderurgia, vê no dia a dia o que os números apontam. Apesar de ainda haver um "caminho" para aumentar a participação feminina no setor, Patrícia cita os programas de inclusão e diversidade como responsáveis por essa mudança no cenário.

"Eu vi, ao longo desse tempo, grandes avanços, mudanças realmente significativas", destaca. "A mudança deu uma bela alavancada com o apoio também desses programas, então, um dos objetivos é aumentar realmente a quantidade de mulheres na nossa empresa e em diferentes cargos, seja na produção e também na gestão". 

Iêda Maria Vieira Caminha, diretora do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), membro do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM) e doutora na área metalúrgica, afirma que a prinicpal mudança é a presença de mulheres em cargo de chefia. informou que quando entrou para o setor, há mais de 30 anos, ele ainda era predominado por homens, e reforça que isso tem mudado ao longo dos anos.

Foto: Getty Images

"As mulheres, no geral, não eram chefes; as chefias eram os homens. Mas isso é muito pelo perfil do Brasil. Isso está melhorando muito", acrescenta ela, que está há 30 anos nesse setor.

O que é preciso para ingressar na indústria de base

O profissional de metalurgia trabalha com o tratamento, aplicação, manutenção e refino de metais e suas ligas. Para as mulheres que desejam ingressar na área, é possível começar com um curso técnico em metalurgia, no qual são ensinados esses processos de manejo da matéria-prima.

Essa formação dá as bases para atuar nas indústrias automobilística, naval, siderúrgica e petrolífera, bem como na extração de minérios. Nesses locais, a profissional poderá atuar em atividades de cálculo de cargas, controle de processos, além de processos de qualidade e segurança no trabalho e meio ambiente. 

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Quem desejar se especializar ainda mais pode cursar engenharia metalúrgica. Nesse curso, são estudadas as propriedades dos materiais metálicos e suas características, desenvolvimento e aplicação em processos metalúrgicos. 

"Você pode trabalhar na indústria automotiva, na construção civil, nos setores de máquinas e equipamentos agrícolas... Tem a questão de torre eólica. A gente vê nos nossos utensílios eletrodomésticos, tudo é aço, e aço não é tudo igual", reforça Patrícia.

Quanto é possível ganhar na metalurgia?

De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a diferença salarial diminuiu em média 1,0 ponto percentual ao ano, apesar de as mulheres representarem 24% dos trabalhadores formais no estado. Em média, as trabalhadoras da indústria de São Paulo recebem R$ 3.294,75 por mês, 14,7% menor que a média dos homens do setor – R$ 3.863,68 por mês.

Ainda segundo o levantamento, a diferença vem sido reduzida gradativamente desde 2006, quando o percentual era de 30,5%. Se continuar neste ritmo, a uma média de 1,0 ponto percentual ao ano, a paridade salarial no setor irá ocorrer apenas em 2035.

Foto: Monty Rakusen/Getty Images

Ainda segundo a Fiesp, o setor em que as mulheres têm o maior salário é a indústria extrativa, com média mensal de R$ 7.165,38, o que representa 27,0% a mais que o recebido pelos homens, que representam 88% do setor. Em contrapartida, na indústria de transformação elas recebem 22,7% a menos do que eles –R$ 3.272,7 e R$ 4.235,96, respectivamente.

"A gente tem variações entre as empresas, entre regiões. A gente tem uma faixa salarial que é estudada de acordo com o mercado. A informação que eu tenho, que eu escuto, é que a indústria paga entre os melhores salários no contexto econômico nacional", finaliza Patrícia.

Fonte: Redação Terra
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