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Líderes dos setores público, privado e social debatem o gerenciamento de grandes bases de dados para as políticas de Saúde no Brasil

Levantamento do Observatório de Oncologia, apresentado nesta quarta-feira (15/06), mostrou os tipos mais letais de câncer no País em 2029

27 jun 2016 - 13h38
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O acesso a informações, a estruturação de dados e as estratégias de gerenciamento de números da Saúde para prevenção e tratamento de doenças impõem desafios e oportunidades para gestores, médicos e entidades que atuam com pacientes no Brasil. Estes foram alguns dos temas tratados no Fórum Big Data em Saúde, promovido pelo Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, nesta quarta-feira (15/06), em São Paulo. Os participantes debateram os impactos do acesso à informação e a dificuldade de conectar os elementos disponíveis nas grandes bases de dados, num País com tantas diferenças.

Foto: DINO

O evento foi aberto pelo ex-secretário de Saúde de São Paulo, professor Gonzalo Vecina Neto. Ele ressaltou a falta de recursos no setor, mas destacou o uso da inteligência para otimizar soluções disponíveis, com a universalização de tecnologias, transparência e ação conjunta entre os setores público e privado.

O debate foi mediado pelo médico Luis Fernando Correa, que defendeu o acesso aos dados e a participação ativa do paciente no seu tratamento. "Quando estas informações estiverem organizadas, poderemos debater com os agentes públicos de forma mais estruturada e a situação das diferentes realidades na Saúde brasileira pode mudar".

Durante o fórum, foi apresentado o estudo do Observatório de Oncologia, que projetou a mortalidade, por tipo de câncer, entre homens e mulheres, nas cinco regiões brasileiras, até 2029. Com a análise dos dados, foi possível concluir, por exemplo, que a mortalidade por câncer de mama permanecerá estável nas Regiões Sul e Sudeste, mantendo praticamente as mesmas taxas de 2014. Por outro lado, para esta mesma doença, o número de mortes aumentará drasticamente nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, superando as mais altas taxas da atualidade. A projeção também revela que a mortalidade por câncer de colo do útero aumentará no Norte em cerca de 50%, permanecendo como a primeira causa de morte por câncer na região; e que a letalidade dos tumores de traqueia, brônquio e pulmão terá forte crescimento em todas as regiões brasileiras, passando para a primeira posição entre as causas de morte por câncer no Sul e para a segunda posição no Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste.

Entre os homens, a mortalidade por câncer de próstata deverá permanecer estável nas Regiões Sul e Sudeste e terá queda para os casos de tumores de estômago, no Sul e Sudeste. As mortes por câncer de traqueia, brônquio e pulmão, no entanto, crescerão fortemente no Norte e Nordeste.

Para a presidente da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia, líder do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, Merula Steagall, as projeções apresentam um cenário alarmante. "Esses dados precisam ser organizados em informações relevantes para prevenção e controle do câncer. Precisamos atuar desde já em políticas públicas de diagnóstico precoce e mudança de hábito da população", afirma.

O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz Marcel de Moraes Pedroso destacou a desigualdade tecnológica brasileira e a dificuldade de unificação dos dados. "Os sistemas do Ministério da Saúde têm uma história, feita por equipes e metodologias diferentes. Tentamos, há muito tempo, como instituição, promover esse tipo de avanço, mas é complexo", admitiu. A Fiocruz está testando um novo programa, que tentará agregar as informações nacionais no setor.

Alexandre Chiavegatto Filho, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, citou uma experiência que está sendo realizada no município de São Paulo. "Mais de 100 hospitais já utilizam o portal eletrônico integrado via SUS, facilitando o acesso à informação e ao diagnóstico", ressaltou.

O oncologista Fernando Cotait Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer, afirmou que a análise dos grandes dados pode ajudar os profissionais de saúde na prevenção e diagnóstico da complexidade do câncer, também no tratamento e na disseminação do conhecimento sobre a doença.

Frente à imensidão de informações e seus usos, coma medicina de precisão, a utilização dos prontuários eletrônicos, internet das coisas na Saúde, o Cientista-Chefe da IBM Brasil Fabio Gandour, questionou a existência dos dados adequados e na medida certa para prevenir e tratar o câncer. "Este deve ser um caminho percorrido sem saltar etapas, utilizando o talento de diversos profissionais que vão adquirir a prática sobre uma base de conhecimento formal, bem estruturada".

Observatório de Oncologia

O Observatório de Oncologia, iniciativa do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, é uma plataforma online e dinâmica de monitoramento de dados abertos e compartilhamento de informações relevantes da área de oncologia do Brasil.

As principais bases de dados são do Ministério da Saúde, do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São utilizadas informações sobre incidência de câncer, atendimentos ambulatoriais, internações hospitalares e mortalidade. Os dados apresentados abrangem dimensões demográfica, epidemiológica, de assistência à saúde, de rede assistencial, entre outras.

http://observatoriodeoncologia.com.br

Movimento Todos Juntos Contra o Câncer

O Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, criado a partir da parceria de mais de 50 entidades de apoio ao paciente, tem a missão de influenciar as políticas na área de Oncologia e acelerar a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o acesso ao tratamento e cuidados paliativos às pessoas com câncer no Brasil.

DINO Este é um conteúdo comercial divulgado pela empresa Dino e não é de responsabilidade do Terra
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