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Coronavírus

Relembre frases de Bruno Covas, político disciplinado e comedido

Prefeito de São Paulo, morto neste domingo, 16, tinha como uma de suas principais características o temperamento disciplinado e comedido, mesmo durante a campanha eleitoral e o tratamento contra o câncer

16 mai 2021 - 19h39
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Declarações calculadas foram regra do repertório de Bruno Covas ao longo de sua trajetória política. O prefeito de São Paulo, que morreu neste domingo, 16, aos 41 anos, vítima de câncer, era um político tímido, pouco afeito aos discursos inflamados e midiáticos. Uma de suas principais características era o temperamento disciplinado e comedido, mesmo durante a campanha eleitoral.

Covas teve uma agitada carreira política, iniciada ainda na juventude por incentivo do avô, o ex-governador de São Paulo Mário Covas. Relembre aqui a trajetória do prefeito.

Mesmo durante as fases mais delicadas de seu tratamento, Covas optou por manter a transparência e comunicar os estágios da doença. "A população tem todo o direito de acompanhar, porque não se trata de uma pessoa qualquer. É o governador e, no caso, agora, o prefeito da cidade de São Paulo", disse ele em entrevista ao Estadão, pouco tempo após receber o diagnóstico de seu câncer, em 2019.

Relembre, a seguir, frases do prefeito Bruno Covas.

'Havendo forças para continuar, eu continuo' (dez. de 2019)

O câncer que atingiu o sistema digestivo de Bruno Covas foi diagnosticado em outubro de 2019. Em dezembro daquele ano, na primeira entrevista após deixar a Unidade de Tratamento Intensiva (UTI), o prefeito disse ao Estadão que não pensava em se afastar da Prefeitura: "Havendo forças, condições físicas e psicológicas para continuar na Prefeitura, eu continuo. Não havendo, vou ter que me licenciar".

A primeira internação não impediu o prefeito de continuar trabalhando; ele manteve as atividades como prefeito diretamente do hospital.

'Ou você encara o desafio de frente ou não encara. Não dá para encarar pela metade' (dez. de 2019)

Na mesma entrevista, o prefeito comentou o paralelo entre a sua trajetória e a do avô, Mário Covas, que morreu de câncer em 2001. "Não dá para encarar pela metade. Não tem meio termo nessa questão. Ou você acredita nos médicos, ou você acredita numa força maior, ou você acredita em você mesmo ou não acredita", afirmou Covas.

Ao longo de seu tratamento, o prefeito optou por manter a transparência quanto aos procedimentos realizados e ao estágio da doença. "O que ele (Mário Covas) falava é exatamente o que eu falo: a população tem todo o direito de acompanhar, porque não se trata de uma pessoa qualquer. É o governador e, no caso, agora, o prefeito da cidade de São Paulo", disse.

'Restam poucos dias para o negacionismo e o obscurantismo' (nov. de 2020)

O primeiro pronunciamento de Bruno Covas como prefeito eleito da cidade de São Paulo, em 29 de novembro de 2020, ganhou um tom nacional com as críticas indiretas ao presidente Jair Bolsonaro e sua gestão frente à pandemia do novo coronavírus. Na ocasião, Covas disse que as urnas derrotaram o "negacionismo" e que São Paulo votou "a favor da ciência".

"Restam poucos dias para o negacionismo e o obscurantismo. São Paulo disse sim à ciência e à moderação", afirmou ele, que também se declarou um "filho da democracia". "É possível fazer política sem ódio, falando a verdade", completou.

'Só não podem me acusar de omisso' (jun. de 2020)

Durante a pandemia do novo coronavírus, Covas chegou a se mudar para a Prefeitura de São Paulo, de onde poderia continuar despachando e evitar deslocamentos nas fases mais restritivas. O prefeito tinha planos de retomar a agenda pública em março de 2020, cinco meses depois de receber o diagnóstico de câncer, mas foi impedido pelo avanço da pandemia.

A gestão do prefeito, assim como do governador Doria e de outros governantes, recebeu críticas tanto do lado que defende a reabertura do comércio quanto por aqueles que acreditavam em restrições ainda mais severas. Sobre o assunto, respondeu: "Podem me acusar de qualquer coisa, só não podem me acusar de omisso. Tudo que esteve a nosso alcance, a gente tentou fazer. Grande parte das ações, as pessoas colaboraram e entenderam a necessidade. Algumas não surtiram efeito desejado, o efeito necessário", disse ele ao Estadão.

'Se eu for reeleito, só volto a ser candidato em 2026' (nov. de 2020)

Apesar de sempre deixar claras as suas aspirações políticas, Covas negou ao longo de sua campanha eleitoral que deixaria a Prefeitura como o seu antecessor, João Doria, para disputar o governo do Estado. Questionado sobre o tema em sabatina do Estadão, o prefeito afirmou que, caso fosse reeleito, só voltaria a ser candidato em 2026. "Não há a menor perspectiva de candidatura em 2022, já deixei bem claro isso ao partido. Já está todo mundo consciente em relação a esse tema", disse.

'Eu e Doria governamos a cidade juntos' (set. de 2017)

Enquanto ainda era vice-prefeito de São Paulo, Covas afirmou em entrevista que governava a cidade "a quatro mãos" com o então mandatário, João Doria. Em 2017, o prefeito ainda não havia oficializado a sua candidatura ao governo do Estado. "Doria tem feito o que ele disse que faria na campanha, que nós iríamos governar juntos, que faríamos uma administração a quatro mãos", afirmou ao Estadão, em meio a especulações sobre o "treino" que ele estaria fazendo para assumir a Prefeitura no futuro.

"Ele não está fazendo nada diferente do que foi compromissado em 2016. Ele me convidou para ser vice e tem me dado essa oportunidade de governar com ele", completou.

'Ser vice é querer ser subalterno' (nov. de 2011)

A postura, no entanto, nem sempre foi a mesma. Em 2011, quando ainda era secretário do Meio Ambiente, Covas lançou a pré-candidatura à prefeitura de São Paulo e descartou, em entrevista à TV Estadão, compor chapa com Gilberto Kassab (PSD). "Você não tem pretensão de ser vice. Político que tem a pretensão de ser vice tem a pretensão de ser um subalterno", declarou na época.

'Mais vale eliminar uma fila do que construir um viaduto' (abr. de 2018)

Covas assumiu oficialmente o cargo de prefeito de São Paulo em abril de 2018. Em seu primeiro pronunciamento, afirmou que a gestão não seria "contaminada por questões eleitorais" e que teria como foco transformações sociais em educação e saúde. "Sou daqueles que acreditam que mais vale eliminar uma fila do que construir um viaduto", afirmou.

Estadão
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