PUBLICIDADE

Coronavírus

Das preces às obras: grupo faz e doa milhares de máscaras

Devotas de Maria se juntaram inicialmente para orações; depois, passaram à caridade material no Rio

27 mai 2020 - 17h22
Compartilhar
Exibir comentários

Dez amigas frequentadoras da Paróquia de Santo Agostinho, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, criaram um grupo no Whatsapp em março para rezar pela irmã de uma delas, então acometida pela covid-19 e, naquele período, internada num hospital da cidade. Logo, as preces diárias se estenderam para outros parentes e amigos do grupo, infectados pelo coronavírus. A caridade espiritual já lhes alterava a rotina. No entanto, elas queriam ir mais adiante e resolveram confeccionar e doar máscaras para hospitais e outras unidades de saúde.

Esse salto veio num mutirão. Quem costura? Quem compra tecido? Quem pode doar elástico? Quem consegue retalhos? Perguntas assim passaram a ser repetidas com bastante frequência nas conversas do grupo. O primeiro passo foi assistir profissionais e pacientes do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE), com 500 peças. A escolha partiu de uma das devotas de Maria, a médica aposentada Carmen Assumpção. Ela trabalhou 30 anos naquele local e queria ajudar seus colegas de algum modo.

A médica Carmen Assumpção é uma das entusiastas das ações do grupo Estrelas de Maria
A médica Carmen Assumpção é uma das entusiastas das ações do grupo Estrelas de Maria
Foto: Divulgação

Nessa primeira etapa, o trabalho voluntário sobressaiu. O que nenhuma delas imaginava é que a demanda aumentaria muito e rapidamente - a repercussão da ação inicial foi intensa. Então, um novo gesto de solidariedade brotou das discussões em redes sociais. As ‘Estrelas de Maria’ requisitariam costureiras desempregadas para o projeto. Assim foi feito e dez delas, hoje, estão recebendo pelas máscaras que produzem.

Depois de atender ao IEDE, as devotas já repetiram a ação no Instituto Nacional de Câncer, Hemorio, Maternidade Leila Diniz, Hospital do Fundão, em dezenas de ONGs e grupos ligados a comunidades, como Vidigal, Rocinha e Complexo do Alemão, por exemplo.

Também dão apoio a asilos, orfanatos, pastorais de igrejas e iniciativas individuais, de gente que age silenciosamente doando refeições a moradores em situação de rua.

“Até o momento já doamos mais de 13 mil máscaras para 83 projetos. Além das dez costureiras com remuneração, contamos com outras oito, em ação voluntária. Mais recentemente, decidimos confeccionar também máscaras infantis”, conta Clarissa Assumpção, uma das integrantes das ‘Estrelas de Maria’. Sua irmã, Beatriz, é quem esteve internada com a covid-19, hoje já recuperada.

Boa quantidade de máscaras entregues pelo grupo, atualmente, acaba compondo os kits doados por outras pessoas aos que vivem pelas ruas do Rio. Para esse público, as ‘Estrelas de Maria’ fizeram uma adaptação. Em vez de máscaras de tecidos, que podem ser reutilizadas, optam pelas descartáveis. Isso em razão da dificuldade de acesso à agua e sabão dos que não têm onde morar e muitas vezes nem sequer o alimento do dia a dia.

“Se cada um fizer um pouquinho, já vai ajudar muito. Vivemos num caos e é importante fazer pelos que não têm nada”, diz Clarissa. Ela, Beatriz e Carmen integram o ‘Estrelas de Maria’ com outras oito mulheres: Josi, Leila, Liliane, Luciane, Patrícia, Rosária, Sonia e Nalva – esta se juntou às demais recentemente.

Quem quiser colaborar com o projeto pode obter mais informações pelo Instagram (@estrelasdemariarj) ou Facebook (endereço similar). Ou então fazer um depósito/transferência para o Banco Itaú, agência 8941, conta corrente 04561-2, em nome de Antonio Assumpção (CPF 299 945 277 20). O dinheiro é destinado à compra de material para a confecção das máscaras e ao pagamento das costureiras.

Fonte: Silvio Alves Barsetti
Compartilhar
Publicidade
Publicidade