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Coronavírus

Bolsonaristas fazem carreata pedindo fim do isolamento

Manifestantes percorrem Avenida 9 de Julho e Radial Leste e criticam medidas do governo João Doria como forma de combate ao coronavírus; atos também acontecem no interior do Estado

27 mar 2020 - 15h20
(atualizado às 16h08)
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SÃO PAULO E SOROCABA - Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro fizeram uma carreata pela Avenida 9 de Julho, em São Paulo, no início da tarde desta sexta-feira, 27, pedindo a reabertura do comércio e o fim das medidas de isolamento tomadas pelo governo estadual como forma de combate ao novo coronavírus.

Segundo entregadores de aplicativos que trabalham na região, eram cerca de 50 carros, vários deles com bandeiras do Brasil, tocando buzinas, entoando gritos de apoio a Bolsonaro e ofensas ao governador João Doria (PSDB).

Alguns deles pediam o impeachment de Doria, conforme os relatos, e outros gritavam 'o Brasil não pode parar', tema da campanha criada pelo governo contra o isolamento decretado na maioria dos Estados.

De acordo com os entregadores, alguns moradores da região foram às janelas de seus apartamentos e gritaram palavrões contra integrantes da carreata. Outros pediam 'Fora Bolsonaro.'

Também houve carreata contra o fechamento do comércio no fim da manhã desta sexta-feira na Radial Leste, na região do Tatuapé, na zona leste da capital paulista. De carro, manifestantes anunciaram ser contra o fechamento do comércio.

O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alfredo Cotait, criticou a manifestação. Segundo ele, a associação mantém o respeito ao decreto governamental. "Somos contra qualquer tipo de manifestação contrária à decisão governamental". Cotait reforça que defende o diálogo entre as partes. "Somos a favor do diálogo para se chegar a uma flexibilização do decreto que restringe a abertura do comércio até 7 de abril", disse.

"Dentro do Estado de São Paulo, deveria ter uma flexibilização de cidade para cidade. Em locais onde ainda não há o risco, o comércio poderia funcionar, adotando as devidas cautelas sanitárias. E onde já há a proliferação do vírus, nos grandes centros comerciais, manter o fechamento. Ter uma ação diferenciada", pediu.

Carreata em Piracicaba (SP), nesta sexta-feira (27), em defesa do presidente Jair Bolsonaro e contra a quarentena. Manifestantes pedem a volta ao trabalho.
Carreata em Piracicaba (SP), nesta sexta-feira (27), em defesa do presidente Jair Bolsonaro e contra a quarentena. Manifestantes pedem a volta ao trabalho.
Foto: Paulo Ricardo / Futura Press

Atos também no Interior do Estado

Também foram realizadas nesta sexta-feira, 27, manifestações pela reabertura do comércio em ao menos cinco cidades do interior de São Paulo. Em todas, houve aglomerações de pessoas, contrariando a determinação de evitar aglomerações das autoridades sanitárias.

Uma carreata organizada por comerciantes e autônomos pediu a reabertura do comércio, na manhã desta sexta-feira em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. O grupo de manifestantes se reuniu em frente ao prédio da prefeitura e saiu em carreata pela Avenida Andaló, uma das principais da cidade.

Os integrantes gritavam palavras de ordem contra a prefeitura e o governo estadual e empunhavam bandeiras do Brasil. A Polícia Militar acompanhou a carreata, que foi encerrada sem incidentes. O Movimento Cidadania Brasil (MCB), que normalmente convoca atos na cidade, divulgou nota informando que não convocou, nem participou da manifestação.

Em nota, a prefeitura informou que as medidas de contingenciamento para enfrentar o avanço do coronavírus foram tomadas de acordo com recomendação da Organização Mundial da Saúde, Ministério da Saúde e secretaria municipal. "A manifestação é livre em um regime democrático desde que seja realizada de maneira pacífica", afirmou. A prefeitura informou ainda que, na segunda-feira, 30, já está prevista uma avaliação com lideranças empresariais para saber se há possibilidade de tomar alguma medida que penalize menos o comércio.

Em Franca, comerciantes se reuniram em frente à prefeitura e pediram a reabertura do comércio, fechado em razão da quarentena. Os manifestantes gritaram palavras de ordem contra o governador Doria. A Polícia Militar informou que, no período de maior concentração, o protesto reuniu 250 veículos, entre carros e motos.

Em Hortolândia, empresários e comerciantes, realizaram uma carreata com buzinaço contra a proibição temporária do funcionamento presencial do comércio não essencial. O comboio saiu da loja Havan, no Parque dos Pinheiros, e seguiu em direção à prefeitura, exibindo bandeiras do Brasil.

Em Bauru, um grupo de empresários realizou uma manifestação no aeroclube local, pedindo a flexibilização do decreto municipal que impede o funcionamento de setores do comércio e a indústria. Os comerciantes cobraram a abertura imediata do comércio. Houve carreata também em Fernandópolis.

Santa Catarina

Na noite desta quinta-feira, algumas dezenas de motoristas fizeram uma carreata em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, estado onde o presidente teve o maior porcentual de votos. A manifestação, postada pelo próprio Bolsonaro em suas redes sociais, foi em comemoração à decisão do governador Carlos Moisés (PSL) de suspender o fechamento do comércio. Também houve carreata em apoio a Bolsonaro em Curitiba, sede da Operação Lava Jato.

Estadão
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