PUBLICIDADE

Coronavírus

Bolsa recupera perdas e fecha com alta superior a 9%; dólar cai, mas fica em R$ 5

O Ibovespa, principal índice da B3, chegou a alcançar os 71 mil pontos, após registrar baixas nos últimos dias; moeda americana tem leve recuo, mas ainda não voltou ao patamar dos R$ 4

24 mar 2020 - 09h11
(atualizado às 23h11)
Compartilhar
Exibir comentários

Após somar seguidas perdas, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, intensificou os ganhos no início da tarde desta terça-feira, 24, e fechou com alta de 9,69%, aos 69.729,30 pontos. Já o dólar deu um leve sinal de recuo, mas continua valorizado. A moeda americana terminou o dia com baixa de 1,03%, cotada a R$ 5,0820.

O Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, iniciou bem as negociações desta terça, chegando a 8,88% de aceleração em poucos minutos de mercado, acima dos 69 mil pontos. Vale lembrar que na última segunda-feira, 23, a B3 fechou com queda superior a 5%, na casa dos 63.569,62 pontos. Na máxima do dia, o índice bateu nos 71 mil pontos, com crescimento superior a 12%.

Já o dólar abriu as negociações do dia cotado a R$ 5,0448 uma queda de 1,75% em relação ao fechamento do dia anterior. Isso acontece em meio a um ambiente de melhora no cenário exterior, com Bolsas de Ásia e Europa tendo altas expressivas nos índices de cada país. Apesar de alto, o valor pode ser considerado como positivo: o maior patamar que a moeda já atingiu em valor nominal, quando se desconta a inflação, foi de R$ 5,26, na semana passada.

Este "sobe e desce" da moeda é reflexo do que acontece com os mercados financeiros no mundo inteiro, que têm dias de perdas seguidos de pregões de recuperação, em meio às tensões com o novo coronavírus. Como ainda não se sabe a totalidade dos efeitos da pandemia nas economias do mundo, a incerteza que o investidor tem neste momento é muito grande. O Fundo Monetário Internacional (FMI), por exemplo, espera uma crise "tão ruim ou pior" que a de 2008, quando a bolha imobiliária dos Estados Unidos gerou um "crash" nos mercados de todo o globo.

Contexto local

O cenário positivo da Bolsa brasileira ocorre simultaneamente com os bons resultados do mercado exterior. No entanto, o ânimo dos investidores do País se intensificou com as palavras do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que prometeu para a próxima quarta-feira, 25, a votação do Plano Mansueto. Em essência, o projeto visa socorrer Estados e municípios em meio ao caos causado pelo novo coronavírus. Ele ainda informou que o plano poderá ser fechado até a próxima sexta-feira, 27.

Outras ações também influenciaram positivamente o mercado. O Banco Central realizou nesta tarde uma Linha Temporária Especial de Liquidez (LTEL), que permitirá que instituições financeiras busquem empréstimos no BC, dando como garantia debêntures que hoje estão em suas carteiras. A ação representa uma liquidez adicional de R$ 91 bilhões para o sistema financeiro. Ao todo, o órgão já injetou mais de R$ 1 trilhão no sistema bancário.

Ainda nesta terça, o Congresso começou a se mobilizar para debater aspectos da PEC do 'Orçamento de guerra', que busca agilizar a disponibilização de recursos para o combate à pandemia. Outro aspecto que também deu certo ânimo ao mercado, foi a informação de que o Senado está trabalhando para aumentar o auxílio dado a trabalhadores informais de R$ 200 para R$ 350.

Outro ponto importante - e que ajudou a acalmar o mercado -, foi a ligação de 'acerto de contas' entre Bolsonaro e o presidente da China, Xi Jinping. Na conversa, ele não teria mencionado o episódio com o filho Eduardo Bolsonaro, que culpou o país asiático pela pandemia do novo coronavírus, mas apenas estreitado os laços com o presidente. Um acontecimento necessário, já que as importações e exportações entre os dois países somam mais de R$ 100 bilhões.

Contexto internacional

No exterior, o apetite por ativos, que embala também fortes ganhos nas bolsas internacionais, vem após as quedas dos PMIs industriais da Alemanha e Reino Unido, muitomenores do que as previstas por analistas. Antes disso, os investidores também acompanharam com ânimo o comunicado do G7, afirmando que está aprimorando a coordenação de seus esforços para responder aos impactos econômico, financeiro e sanitário da pandemia de coronavírus.

Já nos Estados Unidos, a expectativa continua em torno da aprovação - ou não -, do pacote contra o novo coronavírus proposto por Donald Trump, para evitar um possível congelamento da economia norte-americana. Segundo informações da mídia local, existe a possibilidade de que as medidas de US$ 1,6 trilhões sejam aprovadas ainda nesta terça pelo Congresso americano - informação que já deixou o mercado local animado.

No entanto, Trump têm se mostrado impaciente com o impasse entre governo e oposição. Mais cedo, ele informou que os democratas pedem alterações, "que não têm nada a ver com os nossos grandes trabalhadores ou empresas". Momentos após, ele também comentou que o isolamento pode "destruir o País".

Já nesta terça de recuperção, o petróleo fechou novamente em alta. O WTI para maio, referência no mercado americano, terminou o dia com ganhos de 2,78%, a US$ 24,01 o barril. Já o Brent para maio, que é referência no mercado europeu, subiu 0,44%, a US$ 27,15 o barril. Porém, devido às baixas anteriores do preço da commodity, a Petrobrás anunciou que vai diminuir em 15%, o preço da gasolina na refinaria.

Bolsas do exterior

As Bolsas de Nova York se animaram com a declaração de Trump, sobre reabrir a economia do País antes da Páscoa. O índice Dow Jones fechou em alta de 11,37%, no maior ganho porcentual diário desde 1933. O S&P 500 subiu 9,38%, no maior ganho diário desde outubro de 2008, e o Nasdaq teve seu melhor dia desde 2013, fechando com alta 8,12%.

Na Ásia, a maior alta registrada foi na Coreia do Sul, com o índice Kospi (8,60%), seguida de Japão, com 7,13%, e Hong Kong e Taiwan, com desempenhos semelhantes, 4,46% e 4,45%, respectivamente. Na China, a aceleração foi de 2,34%, e, na Oceania, a Austrália registrou avanço de 4,15%.

Os resultados positivos também alcançaram a Europa. A Bolsa de Londres encerrou o dia com forte alta de 9,05% e em Frankfurt, os ganhos foram de 10,98%. Em Paris, a Bolsa avançou 8,39%, enquanto em Madri, os ganhos foram de 7,82%. Em em Lisboa, a alta foi de 7,82%. Até mesmo a Bolsa da Itália registrou alta de 8,93%. No caso do mercado italiano, o bom humor é um sinal de boas notícias: pela primeira vez, o país registrou uma diminuição no número de novos casos de coronavírus./ SILVANA ROCHA, MARCELA GUIMARÃES, GABRIEL BUENO DA COSTA, FELIPE SIQUEIRA E MAIARA SANTIAGO.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade