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Coronavírus

Após perder emprego, trabalhador já mira a recolocação em cenário pós-covid

Cursos gratuitos têm sido a saída para muitos brasileiros, que pensam em como voltar ao mercado após terem suas antigas vagas fechadas

1 jul 2020 - 13h02
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A pandemia da covid-19 provocou uma turbulência na vida das pessoas. A súbita perda de emprego e a falta de perspectivas de volta ao mercado de trabalho mudou a rotina dos trabalhadores. Para muitos, o que resta é tentar se preparar até que os empregos voltem.

Camila Lima trabalhava como guia turística em uma empresa em São Paulo. "Em março informaram que as visitas seriam canceladas. Recebi uma ligação dizendo que no dia seguinte eu não trabalharia mais. Era freelancer, não tive nenhum direito trabalhista e estou sem nenhuma renda até agora."

Ela gerencia as contas com o que economizava para se mudar de casa e com o salário da mãe, que mora com ela. "Não estou tendo gastos e tento economizar o máximo que posso. Estava planejando me mudar quando conseguisse um emprego fixo, mas vou ter de esperar."

A guia fez cursos gratuitos no LinkedIn relacionados a comunicação e atendimento ao cliente para tentar outras vagas. Também cursos de idiomas para manter-se atualizada. "Não tenho previsão de voltar a trabalhar já que o setor do turismo está totalmente parado e não é considerado essencial. Tenho feito outros cursos de cunho pessoal para ocupar o tempo."

A atendente Helen Marine Menezes trabalhava em uma empresa de cruzeiros e foi demitida após o fechamento das fronteiras dos EUA em março, o que impediu a circulação de navios. Para tentar novas vagas fora do ramo de turismo fez cursos de gestão financeira e Excel. "Imagino que o setor vai demorar a retornar, então estou tentando outras vagas administrativas."

O marido, que é motorista de aplicativo, conseguiu receber até agora duas parcelas do auxílio emergencial. Ela explica que não pode pegar empréstimo pois teme não conseguir pagar. "Vou receber a última parcela do seguro-desemprego neste mês. Conseguimos atrasar o pagamento do aluguel, pois o dono compreendeu a situação, e também algumas contas. Com a retomada, meu marido está tendo um pouco mais de demanda por corridas. Espero que possamos conseguir um pouco mais de dinheiro e que a situação melhore", afirma.

O analista de segurança da informação Marcos David foi demitido no fim de abril, na volta das férias, após trabalhar dois anos na empresa. "Agora não dá para gastar nada. Vou tentando aproveitar o que aparece", diz. Ele tem feito cursos online gratuitos.

David sente falta de apoio das empresas que estão contratando sobre como melhorar o desempenho nos processos seletivos.

"Precisariam dar um feedback porque você não sabe como consertar algo que está errado no currículo ou na carreira. Não vai ser fácil ser recontratado, mesmo depois da pandemia. Isso para mim é uma das sensações mais difíceis."

Estadão
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