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Arquitetura inspirada na natureza traz soluções sustentáveis

9 out 2012 - 10h24
(atualizado em 10/10/2012 às 09h31)
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Sabrina Bevilacqua
Direto de São Paulo

Arquitetura inspirada na natureza pode trazer soluções sustentáveis para empreendimentos. A chamada biomimética - área da ciência que estuda as estruturas biológicas, sua evolução, e como elas podem ser "imitadas" e adaptadas por outras áreas do conhecimento - já é incorporada em ramos da tecnologia e do design, mas é pouco utilizada pela arquitetura no mundo.

As chaminés do Edifício Eastgate, no Zimbábue, funcionam como os orifícios de ventilação de cupinzeiros
As chaminés do Edifício Eastgate, no Zimbábue, funcionam como os orifícios de ventilação de cupinzeiros
Foto: Divulgação

Em busca de novas soluções que possam trazer harmonia entre funcionalidade, desenvolvimento e meio ambiente, a bióloga e diretora do escritório de arquitetura GCP, Alessandra Araujo, investe na formação da nova área. "A biomimética é uma nova discussão no mundo. Alguns países como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e Japão começam a abrir portas para a biomimética, mas ainda há pouca aplicação na arquitetura", diz Alessandra.

Esse novo olhar de arquitetura, que tem muito a contribuir para a sustentabilidade, é pouco conhecido e ainda não chegou ao País, mas já pode ser visto em edifícios como o Eastgate, no Zimbábue. O maior complexo comercial do país incorpora conceitos adaptados da natureza que permitem, por exemplo, a redução do consumo de energia. Inspirado na "arquitetura" dos cupinzeiros africanos, o complexo permanece com a temperatura regulada o ano todo sem a necessidade de ar condicionado ou aquecimento convencionais.

Os cupins no Zimbábue têm como principal alimento um fungo, que deve ser mantido a cerca de 30°C. Durante a noite, a temperatura local é de menos de 2°C e, durante o dia, aproximadamente 40°C. Para manter o alimento em segurança, os cupinzeiros têm pequenos orifícios que se abrem e fecham ao longo do dia. Com um sistema de correntes, o ar é sugado para dentro do cupinzeiro e armazenado em compartimentos com paredes de lama. A fim de regular a temperatura, os cupins cavam constantemente novas aberturas conectando os antigos canais aos novos.

O sistema de ventilação do Centro de Eastgate funciona de uma maneira similar. Chaminés no topo do edifício fazem o papel dos orifícios dos cupinzeiros. Só por não necessitar da instalação de ar-condicionado e aquecimento, foram economizados US$ 3,5 milhões dólares em sua construção.

De olho nos novos mercados que a arquitetura "responsável" pode trazer para a empresa, a biomimética deve ser incorporada na nova divisão de Urbanismo e Sustentabilidade do escritório. A empresa ainda não executou projetos com esses conceitos, mas segundo Alessandra, a intenção é trabalhar de forma multidisciplinar, integrando arquitetos, urbanistas, biólogos e engenheiros desde a concepção do projeto.

Com investimentos nessa nova dimensão do trabalho, Alessandra afirma que a GCP se prepara para seguir o que em alguns anos deve ser tendência mundial e se tornar pioneiro no País. Para a bióloga, uma região tropical e de tamanha biodiversidade como o Brasil tem como se inspirar no comportamento de diversos organismos aos mais diferentes climas. Por isso, há muitas possibilidades para desenvolver o conceito ampliando a eficiência e a sustentabilidade dos projetos. "O trabalho é fazer a ponte entre o mundo natural e a solução dos problemas urbanos integrando diversos profissionais, como se fosse um laboratório."

Fonte: DiárioNet DiárioNet
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