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Trânsito

Caminhoneiros mantêm bloqueio em SP até reunião com secretário

1 jul 2013 - 19h44
(atualizado às 19h53)
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Os caminhoneiros que interditam a rodovia Castello Branco, na região de Barueri, na Grande São Paulo, desde as 5h desta segunda-feira, pretendem permanecer no local até que líderes do movimento sejam recebidos pelo secretário estadual de Logística e Transportes, Saulo de Castro Abreu Filho. O protesto já dura 13 horas e a rodovia, que liga a capital paulista ao oeste do Estado, está interditada nos dois sentidos.

Os caminhoneiros autônomos reivindicam redução de 50% na tarifa do pedágio no período noturno, cancelamento da cobrança por eixo erguido da carreta e diminuição de 25% no preço do óleo diesel. "A gente volta vazio e não paga o eixo, mas ele (o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin) quer cobrar isso agora", disse Claudinei Oliveira, um dos organizadores do protesto.

Caso não ocorra negociação com o governo estadual, a categoria ameaça continuar bloqueando a rodovia. "(Vamos interditar a rodovia) até o secretário de Transportes falar com a gente ou abrir alguma audiência para falar com a gente", informou, por telefone, à Agência Brasil. "Podemos ficar dias, até 72 horas parados", disse Oliveira, ressaltando que o protesto é pacífico e que os acostamentos da rodovia, em ambos os sentidos, foram liberados para automóveis, ônibus e ambulâncias.

De acordo com Oliveira, até o momento, ninguém do governo paulista procurou os líderes da manifestação para marcar uma reunião ou abrir negociação com a categoria. Segundo ele, cerca de três mil caminhoneiros estão parados na Castello Branco - o número não foi confirmado pela Polícia Rodoviária Estadual.

A Polícia Rodoviária informou à Agência Brasil que a rodovia continua fechada nos dois sentidos, mas que uma faixa em cada sentido foi liberada para circulação de automóveis e motocicletas. A corporação não soube precisar o número de caminhões parados na rodovia. Na direção do interior, o congestionamento chega a sete quilômetros e, na direção da capital, a dois quilômetros. A Polícia Rodoviária confirmou o caráter pacífico da manifestação.

Segundo a CCR ViaOeste, que administra a rodovia, o tráfego na Castello Branco está interrompido nos dois sentidos por causa da manifestação. A concessionária informou que o bloqueio, sentido capital, ocorre na altura das cidades de Itapevi e Barueri, entre os quilômetros 32 e 30, e em Barueri, no sentido interior, entre os quilômetros 24 e 30.

A Agência Brasil procurou a Secretaria de Transportes, que informou não ter recebido, até o momento, pedido do movimento para marcar uma reunião com o secretário. Segundo a secretaria, Saulo de Castro Abreu Filho está disposto a conversar com os manifestantes, embora ainda não tenha sido procurado por ninguém do movimento.

Em nota, a Agência de Transportes do Estado de São Paulo e a Secretaria Estadual de Logística e Transportes informaram que a cobrança de pedágio por eixo suspenso dos veículos comerciais "é neutralizada pelo não repasse do reajuste tarifário anual de 6,5%". "A cobrança do eixo suspenso não foi implantada hoje, pois ainda depende da conclusão de medidas jurídicas e técnicas para ser efetivada. Não há previsão para conclusão dessas medidas", disseram a agência e a secretaria. De acordo com os dois órgãos, a paralisação de hoje não tem apoio do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região, nem da União Nacional dos Caminhoneiros.

A nota dos dois órgãos acrescenta que a cobrança do eixo suspenso já foi discutida com várias entidades que representam a categoria. "Há casos de reclamação, mas não representam a opinião da categoria. Essa cobrança já é feita nos pedágios das rodovias federais. A adoção da medida beneficiará toda a população ao integrar o pacote de ações para zerar o reajuste. É importante destacar que o uso do eixo suspenso provoca efeitos na frenagem e estabilidade do caminhão, afeta a estabilidade do veículo, tornando-o mais suscetível ao tombamento, reduz sua capacidade de frenagem e leva à insegurança", diz a nota.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

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Agência Brasil Agência Brasil
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