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Tatiana Farah

Os amigos violentos da ex-ministra Damares

A nova senadora teve ao menos 3 pessoas próximas envolvidas em atos violentos da era Bolsonaro e do pós-governo.

18 jan 2023 - 09h00
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Sara Fernanda Giromini, conhecida como Sara Winter, Wellington Macedo de Souza e Oswaldo Eustáquio. O que esses três extremistas de direita têm em comum, além de já terem usado uma tornozeleira eletrônica e deixado um rastro de violência em atos antidemocráticos a favor de Jair Bolsonaro? A senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF). 

Damares Alves, ex-ministra do governo Bolsonaro
Damares Alves, ex-ministra do governo Bolsonaro
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Sara Giromini foi uma das líderes do falecido movimento Os 300 do Brasil, uma espécie de embrião dos bolsonaristas de quartel. Acampados diante do Supremo Tribunal Federal (STF), os aliados de Sara empunhavam tochas à la Ku Klux Klan e pediam a cabeça do ministro Alexandre de Moraes. Um dos prazeres do grupo era publicar fotos e vídeos portando armas. Em 15 de junho de 2020, Sara foi presa.

Antes de fundar os 300 do Brasil, Sara foi assessora da então ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. O cargo: coordenadora-geral de Atenção Integral à Gestante e à Maternidade do Departamento de Promoção da Dignidade da Mulher. O currículo: Sara foi do grupo extremista Femen, defendeu e fez aborto, mas mudou de lado, tornando-se antifeminista e antiaborto.

Abandonada por Damares e pelos bolsonaristas do governo, Sara cumpriu prisão domiciliar, teve de se retratar com Alexandre de Moraes e diz que quer distância dos antigos aliados.

Oswaldo Eustáquio é casado com Sandra Terena. A jornalista indígena foi secretária de Políticas de Promoção de Igualdade Racial do ministério de Damares. Oswaldo Eustáquio começou como blogueiro bolsonarista e seguiu pregando toda forma de golpe contra STF, Congresso Nacional, sistema eleitoral e agora contra o governo Lula 3. Foi preso, sofreu um incidente na prisão e vive numa cadeira de rodas.

A dificuldade de se movimentar, assim como todas as restrições impostas pela Justiça, incluindo uma tornozeleira eletrônica, não impediu que Oswaldo Eustáquio participasse de atos violentos em Brasília. No dia 12 de dezembro, naquela quebradeira promovida pelos bolsonaristas, quando queimaram carros e depredaram bens públicos e particulares, ele se abrigou no Palácio do Alvorada, residência do então presidente Jair Bolsonaro, para escapar de um possível mandado de prisão.

Foi uma tornozeleira eletrônica, aliás, que colocou outro blogueiro, Wellington Macedo de Souza, no local de um dos crimes mais violentos dos extremistas de direta. Wellington Macedo está preso acusado de, com outros dois bolsonaristas, tentar explodir uma bomba em caminhão de combustível no entorno do aeroporto de Brasília. A certeza de impunidade é tão grande entre esses criminosos, que Macedo já estava cumprindo ordem judicial e usava uma tornozeleira. Uma das provas usadas pela polícia é o registro de GPS da tornozeleira, que o coloca na cena do crime.

É no mínimo curioso que ao menos três nomes que promoveram violência política no Brasil e peçam intervenção militar estejam ligados ao gabinete de um Ministério que deveria zelar pelos Direitos Humanos e, além disso, reparar os brasileiros vítimas daquela intervenção das Forças Armadas que durou nada menos que 21 anos no Brasil.

Seja por suas políticas equivocadas _ que estão sendo revertidas pelo novo governo, seja pelo dedo podre para escolher alguns auxiliares, fica difícil imaginar a pastora Damares presidindo o Senado, o que é um de seus sonhos.

Fonte: Tatiana Farah Tatiana Farah é jornalista de política há mais de 20 anos. É repórter da Agência Brasília Alta Frequência. Foi gerente de comunicação da Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Repórter do BuzzFeed News no Brasil de 2016 a 2020.  Responsável por levar os segredos do Wikileaks para O Globo, onde trabalhou por 11 anos. Passou pela Veja, Folha de S. Paulo e outras redações, além de assessorias de imprensa. As opiniões da colunista não representam a visão do Terra. 
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