Uruguaio forçado a tatuar iniciais de patrões é resgatado de trabalho escravo em MG
Homem ficou cerca de nove anos em situação degradante; operação resgatou também uma mulher transexual, vítima de violência
Dois cidadãos uruguaios foram resgatados de condições análogas à escravidão em Planura, município de cerca de 11 mil habitantes no Triângulo Mineiro, após uma operação coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Polícia Federal (PF) e Ministério Público do Trabalho (MPT). As vítimas - uma mulher transexual e um homem homossexual - eram submetidas a trabalho forçado, cárcere privado, exploração sexual, além de violência física e psicológica.
Segundo o MTE, o homem ficou cerca de nove anos sem receber salário, trabalhando em troca de moradia precária e alimentação, em jornadas exaustivas. A informação foi veiculada pela Veja. Em um dos episódios mais brutais relatados pelos investigadores, ele foi coagido a tatuar no corpo as iniciais dos patrões, como forma de marcar a "posse" que eles exerciam sobre ele.
A mulher também era submetida a condições de trabalho doméstico sem remuneração adequada e vivia sob constante intimidação. Durante o período em que esteve na casa dos empregadores, ela chegou a sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), possivelmente causado pelo estresse e pelas violências presenciadas.
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De acordo com o Ministério Público do Trabalho, testemunhas confirmaram a existência de agressões físicas, e foram identificados indícios de outras formas de violência, como exploração sexual e extorsão. O caso veio à tona após uma denúncia feita ao Disque 100, serviço nacional de denúncias de direitos humanos.
A operação, batizada de Novo Amanhã, resultou na prisão em flagrante de três homens, identificados como empregadores das vítimas. O trio usava as redes sociais para aliciar os estrangeiros com falsas propostas de trabalho.
De acordo com a Polícia Federal, celulares, notebooks e pen drives foram apreendidos durante a ação, que ocorreu entre os dias 8 e 15 de abril, mas só foi divulgada nesta sexta-feira, 25.
As vítimas foram acolhidas pelas Clínicas de Enfrentamento ao Trabalho Escravo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e do Centro Universitário Presidente Antônio Carlos (Unipac), onde recebem assistência médica, psicológica e jurídica.