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Polícia

Taillon Barbosa: saiba detalhes da prisão de miliciano alvo de grupo que matou médicos no RJ

Investigação que resultou na prisão de Taillon e do pai reuniu muitas provas que mostram em detalhes como funciona a milícia que comandam

6 nov 2023 - 16h08
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Taillon em lancha avaliada em R$ 1 milhão
Taillon em lancha avaliada em R$ 1 milhão
Foto: Reprodução/TV Globo

No fim de outubro, a Polícia Federal (PF) prendeu o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa e seu pai, Dalmir Barbosa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Segundo a polícia, Taillon era o alvo de traficantes que mataram três médicos no mês passado, mas teria sido confundido com uma das vítimas, Perseu Ribeiro. O Fantástico noticiou com exclusividade detalhes sobre a prisão de Taillon e da vida de luxo que levava. 

Em um vídeo divulgado pelo programa da TV Globo, Taillon aparece dançando à bordo de uma lancha que vale R$ 1 milhão, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, onde a família dele tem uma casa de praia avaliada em R$ 2 milhões. Segundo a polícia, a vida confortável é resultado de um esquema de mílicia entre ele e o pai.

Taillon e o pai, ex-terceiro sargento da Polícia Militar, são apontados pelo Ministério Público e pela PF como chefes de uma das milícias mais antigas do Rio, a de Rio das Pedras, na Zona Oeste. Além da lancha e da casa em Angra, a família tem outros imóveis de luxo na cidade. 

Alvo dos criminosos era o miliciano Taillon (à esquerda), que se parece com o médico Perseu Ribeiro Almeida (à direita)
Alvo dos criminosos era o miliciano Taillon (à esquerda), que se parece com o médico Perseu Ribeiro Almeida (à direita)
Foto: Reprodução/TV Globo

A milícia de Rio das Pedras teve sua origem na década de 1980, quando cerca de 20 mil pessoas habitavam a comunidade. Atualmente, essa região se transformou em um bairro, com aproximadamente 200 mil residentes.

O nome de Dalmir, o pai de Taillon, ganhou notoriedade nacional em 2008 durante a CPI das Milícias, quando ele foi identificado como um dos líderes da milícia de Rio das Pedras. Posteriormente, em 2011, ele foi expulso da Polícia Militar por violações éticas e de dever policial. Em 2020, Dalmir Barbosa foi preso em uma operação de combate às milícias e, desde então, cumpria pena em prisão domiciliar.

A milícia de Rio das Pedras, originalmente criada sob o pretexto de combater a violência, agora se assemelha cada vez mais ao tráfico de drogas. 

Ao Fantástico, Letícia Emili, subcoordenadora do Gaeco, observa que, nos últimos anos, a milícia de Rio das Pedras passou por reformulações na composição de seus integrantes. Ela nota que antes se via uma milícia que era integrada com agentes do Estado ou ex-agentes do Estado. No entanto, nos dias de hoje, a milícia é composta por membros de facções criminosas vinculados ao tráfico de drogas.

Três médicos são mortos a tiros em quiosque na Barra da Tijuca (RJ):

Leandro Almada, superintendente da Polícia Federal no Rio, enfatiza que, atualmente, é possível afirmar com clareza a existência de "narcomilícias". Ele destaca que essa mudança a coloca em um segundo estágio, com dados investigativos sólidos que comprovam a sinergia com uma facção criminosa associada ao narcotráfico. Portanto, para ele, essa realidade se tornou praticamente indissociável.

Taillon já havia sido preso anteriormente em dezembro de 2020, como resultado de outra operação contra a milícia, sendo condenado a 8 anos e 4 meses por sua participação na organização criminosa. Após permanecer detido até março deste ano, ele passou para prisão domiciliar e, em setembro, iniciou o cumprimento da pena em liberdade.

Investigação que resultou na prisão

A investigação que resultou na prisão de Taillon e do pai reuniu muitas provas que mostram em detalhes como funciona a milícia de Rio das Pedras. Imagens exclusivas obtidas pelo programa da TV Globo revelam a violência adotada por eles. Quem fica devendo ou desrespeita os integrantes do grupo criminoso pode ser torturado ou morto e esses crimes violentos são registrados pelos próprios milicianos. 

Após uma execução, um vídeo foi produzido como prova e enviado aos líderes da milícia, em que um homem dizia: "Serviço feito. Acabou o problema."

Um antigo residente de Rio das Pedras, inclusive, tomou a decisão de deixar a região depois que um parente foi morto em um confronto com um miliciano. Descrevendo a situação como angustiante, ele destacou que a morte foi violenta e completamente desnecessária. Ele também ressaltou que a vida perdeu seu valor na comunidade e os moradores são obrigados a pagar para poder permanecer lá, independentemente de sua condição financeira.

Em um áudio obtido pelo Fantástico, dois membros da milícia discutem as extorsões relacionadas às taxas impostas aos residentes. Eles indicam que, entre 90 moradores em um condomínio, apenas 53 efetuam os pagamentos. Eles reconhecem a necessidade de aumentar a arrecadação em três, quatro, cinco ou até dez pagantes por mês. Não há margem para diminuir os valores; é uma questão de pagar ou pagar, sem alternativas. As taxas variam de R$ 50 a R$ 12 mil, com os valores mais elevados destinados a alguns comerciantes.

Fonte: Redação Terra
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