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Polícia

Polícia diz que vai investigar possíveis excessos cometidos na Maré

PM admite morte de três inocentes em confrontos que duraram quase um dia inteiro nas favelas da zona norte do RJ

26 jun 2013 - 11h01
(atualizado às 11h20)
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<p>Polícia entrou na Maré depois de arrastão na avenida Brasil na noite de segunda-feira</p>
Polícia entrou na Maré depois de arrastão na avenida Brasil na noite de segunda-feira
Foto: Giuliander Carpes / Terra

A Polícia Militar (PM) admitiu que pelo menos três das nove mortes ocorridas durante confrontos no Complexo da Maré entre a noite de segunda-feira e a tarde de terça foram de inocentes - dois eram moradores e um estava num bar. A entrada na favela Nova Holanda, na zona norte do Rio de Janeiro, ocorreu depois da morte do sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Ednelson Jerônimo dos Santos Silva. Moradores reclamaram de excessos e a corporação afirmou que a ação policial será investigado pela Corregedoria Integrada de Segurança Pública.

A PM vai abrir um processo investigativo e, se teve algum desvio, as pessoas serão responsabilizadas", afirmou o major João Jacques Busnello. 

Seis dos nove mortos nos confrontos ainda não foram identificados e, segundo o delegado Rivaldo Barbosa, titular da Divisão de Homicídios, ainda não é possível saber se eles tinham antecedentes criminais. Três das nove pessoas feridas continuam internadas no Hospital Federal de Bonsucesso. 

Moradores e representantes de ONGs que trabalham na Maré denunciaram os excessos policiais e serão recebidos nesta tarde pela coordenadoria de direitos humanos do Ministério Público do Rio de Janeiro. "Essa ação do estado foi totalmente sem controle, sem equilíbrio e gerou uma violência que atinge a todos nós, moradores e policiais que estiveram na Maré. E o pior é que depois não há nenhuma consequência", disse Jailson de Souza, coordenador do Observatório de Favelas, ONG que funciona logo na entrada da favela Nova Holanda, uma das 13 comunidades da Maré.

Para o professor José Augusto Rodrigues, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), ainda é cedo para avaliar tudo o que aconteceu na Maré. Ele admitiu que excessos podem ter ocorrido porque não se tratava de uma operação da polícia como as que vêm ocorrendo de forma pontual em outras comunidades do Rio. 

"Não foi uma operação policial planejada. Foi uma reação pontual das forças policiais a uma situação de emergência. Possíveis excessos podem ter acontecido por causa disso", explicou o especialista em segurança pública. "Vale a pena lembrar que o suspeito acusado de ter matado o policial foi preso e não executado. Não faz sentido demonizar a operação do Bope a priori. A política de operações policiais vem se mostrando clara no sentido de evitar confrontos nos últimos anos."

Rodrigues reconhece, no entanto, que as investigações de operações policiais malsucedidas têm deixado a desejar em termos de resposta à sociedade. "A criação da corregedoria unificada foi um avanço. Mas há muito o que fazer para aprimorar os mecanismos de controle das ações policiais."   

  

Fonte: Terra
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