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Polícia

No PI, Zaccone diz que delegado usa técnica da ditadura contra Amarildo

8 ago 2013 - 17h04
(atualizado às 17h08)
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Segundo Zaconne, não existe provas concretas no relatório da participação de Amarildo com o tráfico de drogas
Segundo Zaconne, não existe provas concretas no relatório da participação de Amarildo com o tráfico de drogas
Foto: Yala Sena / Especial para Terra

O delegado Orlando Zaccone, que investigou o caso do desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, afirmou nesta quinta-feira, em Teresina, que o delegado Ruchester Marreiros quer polemizar e está tentando usar a estratégia da época da ditadura militar para incriminar Amarildo. O pedreiro está desaparecido desde o dia 14 de julho após ser levado por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha.  

“Essa estratégia de desqualificar os desaparecidos é antiga e feita pela ditadura militar brasileira. Eu não sei se estamos num marco tentando trazer de volta determinados comportamentos que a gente já deveria ter afastado da sociedade brasileira”, afirmou Zaccone, que está em Teresina para participar de seminário de enfrentamento contra as drogas.

Os dois delegados que investigaram o caso Amarildo trocam acusações sobre sumiço do pedreiro. Ruchester afirmou que Zaccone ignorou o relatório feito por ele que indicava que o pedreiro e a mulher faziam parte de esquema de tráfico de drogas na  Rocinha. 

Segundo Zaconne, não existe provas concretas no relatório da participação de Amarildo com o tráfico de drogas. “Não existem elementos concretos que possam definir Amarildo e nem a esposa dele, Elisabete, como pertencente ao tráfico. O que tem lá é uma citação de uma ‘Bete’ que seria participante do tráfico feita por um policial. Agora quantas Bete têm na Rocinha? E falavam de um ‘Boi’, mas não existe sequer um ato de reconhecimento de que aquela Bete e aquele Boi seria Amarildo e Elisabete”, ressaltou o delegado. 

Ele informou ainda que Amarildo tinha apelido de “Boi”, mas questiona se seria o único a ser chamado pelo apelido na Rocinha. “E isso é suficiente para dizer que essa pessoa está associada ao tráfico? Não sei. Isso é muito esquisito, ainda mais, porque vem à tona justamente quando o Amarildo desaparece. Ou seja, ele (o delegado Ruchester Marreiros) já tinha feito relatórios anteriormente e não tinha apontando isso, mesmo tendo esses indícios em mãos.”

Sobre a acusação de que a residência do pedreiro servia de rota de fuga para traficantes, Zaccone descarta essa possibilidade.

“A casa do Amarildo tem 10 metros quadrados. Ele (se referindo a Ruchester Marreiros) disse inclusive que a casa seria rota de fuga e não tem janelas. Não dá para entender muitas coisas, por isso que desconsiderei”.

Zaccone não quis comentar se Amarildo estaria vivo ou morto e ressaltou que o inquérito foi encaminhado para a Delegacia de Homicídios sem o pedido de prisões. “Não tenho evidências para dizer que ele está morto”, disse o delegado. 

Ele ressaltou que existem filmagens que mostram Amarildo saindo de casa e sendo levados para a UPP. “Não existe uma imagem do Amarildo saindo da UPP. Não existe nada, mas, agora, querem desqualificar pra dizer que ele é responsável pelo seu próprio sumiço.”

Fonte: Especial para Terra
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