Modesto, educado e fazendeiro: como se apresentava um dos maiores traficantes da América do Sul
Rodrigo Alvarenga Paredes está preso desde março de 2023 e é acusado de participar de esquema de envio de drogas para o exterior
Rodrigo Alvarenga Paredes, acusado de liderar um esquema transnacional de tráfico de drogas que enviou 11 toneladas de cocaína para a Europa entre 2020 e 2022, segue preso desde 2023 enquanto nega as acusações, que incluem lavagem de dinheiro e conexões com traficantes internacionais.
“Nasci de uma família abençoada”, diz Rodrigo Alvarenga Paredes ao explicar na Justiça que seu padrão de vida “razoável”. Modesto, educado e com jeito simples de falar, a aparência engana, pois ele é acusado de ser um dos maiores traficantes da América do Sul, responsável por enviar ao menos 11 toneladas de cocaína para a Europa em dois anos. A informação é da TV Globo.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Ele está preso desde março de 2023, mas o primeiro registro de envolvimento dele com o tráfico é de 2018 e, desde então, ele estabeleceu relações com traficantes europeus. Entre 2020 e 2022, o total enviado pelo esquema internacional comandado por ele é avaliado em cerca de R$ 2,8 bilhões.
Nascido no Brasil, ele cresceu em Pedro Juan Caballero, na fronteira do Paraguai, e sempre viveu entre os dois países. Filho de médico e neto de fazendeiro, o suspeito comprou uma casa de câmbio de 2007, aos 21 anos. Apesar do alto padrão, ele não ostentava.
"Sempre tive um padrão razoável, bom, só que com muito respeito pelo dinheiro", afirmou em audiência em maio deste ano. "Nasci de uma família abençoada. Tenho que explicar desde o meu nascimento e pouco antes de eu nascer, até, porque o que você é, se baseia como você cresceu ou no teu entorno", continua ao falar sobre a origem da família.
Na mesma sessão, Alvarenga chegou a pedir desculpas pela emoção, agradeceu por poder falar e negou envolvido com o tráfico de drogas. “Nego categoricamente. Não sei, para mim é como se fosse um filme de terror isso”, declarou.
Estrutura empresarial
Apesar do empresário negar, não é o que aponta o Ministério Público Federal e a Polícia Federal. O esquema que ele fazia parte cuidava de todas as etapas do envio da droga, como a negociação com produtores dos entorpecentes, a logística de envio para portos do Sul do Brasil e, depois, para países europeus, asiáticos e africanos. Nesse meio, também está a lavagem de dinheiro proveniente da carga vendida.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, era operada uma organização transnacional com estrutura empresarial, que atuava em todas as fases da operação.
Portanto, a cocaína era produzida e fornecida na Bolívia. Depois, era transportada por carro ou avião pelo Paraguai até chegar no Brasil pela região Sul, onde era distribuída para vários portos do país. Então, a carga era enviada para o exterior escondida em cargas legais.
Desde a prisão dele, as autoridades buscam localizar comparsas e compradores das drogas. Para isso, são feitas operações, sendo a última no fim de novembro, com ações simultâneas no Brasil, no Paraguai e na Holanda. Desde o início das operações, foram presas 21 pessoas e quase R$ 500 milhões bloqueados.
A polícia também encontrou ligações entre ele e o Armando Pacani, apontado como um dos principais compradores. Mensagens interceptadas tratam de uma carga de 1,7 tonelada de cocaína enviada para Hamburgo, na Alemanha. Parte da droga foi recuperada pelos criminosos, mas o restante foi apreendido pela polícia alemã.
Pacani está em Dubai, e o Brasil pediu a extradição dele. A defesa dele alegou ao Fantástico que ele é um cidadão comum, sem antecedentes criminais e sem patrimônio bloqueado. Enquanto isso, os advogados de Alvarenga contestam as acusações e afirmam que não há provas suficientes para a condenação. A defesa alega ainda que acusado não participou dos atos descritos na denúncia.