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Polícia

Júri será retomado com interrogatório de 4 PMs que atuaram no Carandiru

Julgamento será retomado nesta sexta-feira com o depoimento de quatro réus

19 abr 2013 - 06h12
(atualizado às 06h12)
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Julgamento ocorre no Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo
Julgamento ocorre no Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo
Foto: Tércio Teixeira / Futura Press

O quinto dia do julgamento de 26 policiais militares acusados de participação no episódio que ficou conhecido como massacre do Carandiru - ocorrido em 1992, quando 111 presos da Casa de Detenção de São Paulo foram mortos -, será retomado nesta sexta-feira com o depoimento de quatro réus, escolhidos pela defesa para falar em nome do grupo, acusado por 15 das mortes. 

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Nesta quinta-feira, os trabalhos foram interrompidos após três horas e 40 minutos destinados à apresentação de material audiovisual com reportagens da época e um documentário dos ataques ocorridos em 2006 em São Paulo, promovidos pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Até às 15h desta quinta-feira, o júri ficou suspenso por um dia e meio após um dos jurados ter se sentido mal. Ele precisou ficar em repouso, no ambulatório do Fórum durante o período. Mesmo quando os trabalhos foram retomados, houve três interrupções para que ele fosse avaliado clinicamente.

Esta foi a segunda vez que um jurado apresentou problemas de saúde durante o julgamento do massacre do Carandiru. Na semana passada, quando começaria o júri (marcado inicialmente para o dia 8 de abril), uma jurada também passou mal, mas não se recuperou e o conselho de sentença foi desfeito antes mesmo do início dos trabalhos. Na ocasião, haviam sido selecionados como jurados cinco mulheres e dois homens. Já na última segunda-feira, foram selecionados, por meio de sorteio, seis homens e uma mulher para decidir se absolvem ou condenam os réus.

De acordo com o juiz, o estado de saúde do jurado não é grave, mas o magistrado não deu detalhes sobre o que ocorreu. Ele está sendo supervisionado e medicado. Todas as famílias foram comunicadas para acalmá-las. Conversei com ele, não apresentava nenhum sintoma aparente", explicou o juiz, em entrevista na quarta-feira.  

Júri de 26 PMs

Devido ao tamanho do processo, o julgamento do caso foi dividido em etapas: neste júri, são julgados os 26 policiais militares que atuavam no 1º Batalhão de Policiamento de Choque, e que são apontados como responsáveis por 15 mortes ocorridas no 1º andar do pavilhão 9 - cenário do massacre. 

Pelo menos outros três júris devem ocorrer até o fim do ano, já que outros 53 PMs são apontados como responsáveis pelos demais assassinatos, registrados nos outros pavimentos. Até hoje, o único condenado pelo caso foi o coronel da PM Ubiratan Guimarães, que comandava a operação e pegou 632 anos de prisão em 2001. Em 2006, entretanto, a Justiça decidiu absolvê-lo em novo julgamento. Ele morreu assassinado naquele mesmo ano.

Nos dois primeiros dias de júri, 11 testemunhas - cinco de acusação e seis de defesa - foram ouvidas, entre elas o então governador Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB) e o ex-secretário de Segurança Pública Pedro Franco de Campos, que afirmaram que a entrada da PM no Carandiru era "necessária", devido à situação no pavilhão. De acordo com a denúncia, uma briga entre dois presos de facções rivais motivou o tumulto no presídio, o que provocou a invasão por parte dos policiais.

Também foram ouvidos como testemunhas três sobreviventes (dois ex-detentos e um presidiário), que negaram haver uma rebelião generalizada e acusaram os PMs de atirar aleatoriamente; um dos diretores da Casa de Detenção, que também criticou a operação policial e considerou ter havido uma "execução"; três juízes que participaram das negociações antes da invasão; além do perito criminal responsável pela análise da cena do crime, que acusou a PM de tentar prejudicar a investigação.

Julgamento

Passados 20 anos do episódio que terminou com 111 presos mortos no Pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo, em outubro de 1992, 26 policiais militares serão julgados pelo caso que ficou conhecido como Massacre do Carandiru.

Pelo menos 79 PMs acusados de envolvimento nas mortes aguardam julgamento. O único que recebeu a sentença foi o coronel da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, que coordenava a operação no dia do massacre, mas teve sua pena de 632 anos de prisão anulada em 2006, sete meses antes de ser assassinado.

Em 2 de outubro de 1992, uma briga entre presos da Casa de Detenção de São Paulo - o Carandiru - deu início a um tumulto no Pavilhão 9, que culminou com a invasão da Polícia Militar e a morte de 111 detentos. Entre as versões para o início da briga está a disputa por um varal ou pelo controle de drogas no presídio por dois grupos rivais. Ex-funcionários da Casa de Detenção afirmam que a situação ficou incontrolável e por isso a presença da PM se tornou imprescindível.

A defesa afirma que os policiais militares foram hostilizados e que os presos estavam armados. Já os detentos garantem que atiraram todas as armas brancas pela janela das celas assim que perceberam a invasão. Do total de mortos, 102 presos foram baleados e outros nove morreram em decorrência de ferimentos provocados por armas brancas. De acordo com o relatório da Polícia Militar, 22 policiais ficaram feridos. Nenhum deles a bala.

Fonte: Terra
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