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Desmatamento na Amazônia brasileira é dois terços menor em terras indígenas

10 ago 2020 - 19h21
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Por Anastasia Moloney

Árvores em chamas na floresta amazônica em Apuí (AM)
08/10/2020
REUTERS/Ueslei Marcelino
Árvores em chamas na floresta amazônica em Apuí (AM) 08/10/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

BOGOTÁ (Thomson Reuters Foundation) - A concessão de posse de terras para comunidades indígenas na Amazônia brasileira é chave para a contenção do aumento das taxas de desmatamento na maior floresta tropical do mundo, disseram pesquisadores nesta segunda-feira. 

Cientistas consideram que a proteção da floresta amazônica é essencial para desacelerar as mudanças climáticas globais por conta das vastas quantidades de dióxido de carbono absorvidas pelas árvores. 

Pesquisadores cruzaram informações sobre títulos de propriedade de terras indígenas demarcadas concedidas pelo governo nas últimas três décadas com dados de satélite sobre a cobertura florestal e vegetativa para mostrar o impacto das taxas de desmatamento entre 1982 e 2016. 

A co-autora do estudo Kathryn Baragwanath, candidata a um PhD na Universidade da Califórnia em San Diego, disse que os territórios indígenas com direitos totais de propriedade registraram uma redução de 66% em desmatamento anual quando comparados com as terras além de suas fronteiras. 

"Uma vez que os direitos totais de propriedade são concedidos aos territórios indígenas... as tribos indígenas são realmente eficientes na contenção do desmatamento", disse a pesquisadora à Thomson Reuters Foundation. 

Com as altas taxas de desmatamento, especialmente no Brasil, que possui a maior parte da floresta amazônica, a proteção da floresta é uma prioridade urgente, assim como as medidas para salvaguardar as terras e posses indígenas, dizem os cientistas. 

Na Amazônia brasileira, o desmatamento atingiu alta de 11 anos em 2019 e disparou mais 25% na primeira metade de 2020, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 

A derrubada de floresta para a criação de gado, cultivo de soja, garimpo e extrativismo de madeira ilegal são os principais motores do desmatamento. 

Ambientalistas culpam o presidente Jair Bolsonaro por incentivar a grilagem e os madeireiros e mineradores ilegais pelo aumento do desmatamento com sua visão de desenvolvimento econômico para a região. 

Bolsonaro defendeu seus planos de introduzir a mineração e a agropecuária em reservas indígenas e áreas de proteção como caminho para retirar a região amazônica da pobreza. 

O novo estudo, que figura na publicação Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), sustenta as descobertas publicadas em 2019 sobre a Amazônia colombiana e em 2017 sobre a Amazônia peruana, que afirmam que a concessão de terras para comunidades indígenas ajuda a proteger a floresta e a diminuir o desmatamento. 

No Brasil, cercade 2 milhões de hectares de terras indígenas estão sob revisão e podem receber direitos de propriedade coletiva, diz o estudo.

(Os créditos da reportagem devem ser atribuídos à Thomson Reuters Foundation, braço filantrópico da Thomson Reuters, que cobre a vida das pessoas em todo o mundo que se esforçam para viver com liberdade e justiça. Visite http://news.trust.org)

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