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Coronel Lima intermediou recebimento de propina em nome de Temer, diz MPF; Planalto nega

11 abr 2018 - 03h43
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O coronel João Baptista de Lima Filho intermediou o recebimento de 1 milhão de reais de propina para uma organização criminosa em nome do presidente Michel Temer, que foi paga pelo grupo J&F, afirmou o Ministério Público Federal de Brasília ao aditar denúncia contra o chamado "quadrilhão do PMDB da Câmara" em acusação sigilosa, que foi obtida pela Reuters.

Presidente Michel Temer
27/03/2018
REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente Michel Temer 27/03/2018 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Em nota, a Secretaria de Comunicação da Presidência refutou as declarações do MPF.

"Todas as atribuições do coronel João Batista Lima Sobrinho em campanhas do presidente Michel Temer sempre foram pautadas pela legalidade, lisura e correção", afirma a nota.

"Essa velha acusação volta a ser requentada hoje pelas autoridades sem que haja provas reais", acrescenta o texto da Presidência. "O assunto tem como único objetivo manter campanha difamatória contra o presidente sem que as investigações produzam fatos reais."

Para o MPF, o coronel Lima, como era conhecido, agregou-se ao núcleo financeiro da organização criminosa para cometer vários delitos, em especial contra a administração pública, para a arrecadação de propina em diversos órgãos.

"Seu papel na organização criminosa era o de auxiliar os demais integrantes do núcleo político na arrecadação da propina, em especial seu líder, Michel Temer, conforme já narrado na peça acusatória", afirma o MPF, na acusação feita no dia 21 de março.

Nesta segunda-feira, a Justiça Federal de Brasília aceitou denúncia por organização criminosa contra o coronel Lima, o advogado José Yunes, ambos amigos de Temer, e outros envolvidos.

Recentemente, Lima e Yunes chegaram a ser presos de forma temporária por determinação do ministro Roberto Barroso, do STF, no âmbito da operação Skala, um desdobramento do inquérito que investiga o próprio Temer por recebimento de propina na edição de um decreto que alterou regras em concessões portuárias.

O caso do quadrilhão do PMDB é desdobramento na primeira instância da denúncia feita pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer e outros aliados no ano passado. Essa acusação criminal foi barrada pela Câmara, mas o Ministério Público Federal pediu o desdobramento do caso em relação a pessoas que não detinham foro privilegiado.

Em março, procuradores da República da força-tarefa da operação Greenfield confirmaram a denúncia feita por Janot e ainda acrescentaram novos acusados e fatos a partir de documentos coletados pela operação Patmos, deflagrada em maio do ano passado e que teve como principal alvo Temer.

A denúncia aditada cita relatos de delatores da J&F, grupo que controla a JBS que apontam o coronel Lima como o receptor da propina em nome de Temer. Na busca e apreensão feita em um endereço do coronel, descobriu-se uma série de papéis que o relacionaram ao presidente.

"Tais elementos indicam que João Baptista Lima Filho faz a gestão do recebimento dos recursos e doações de campanha para Michel Temer há décadas e corroboram tudo o quanto exposto acerca das condutas mais recentes do coronel Lima no âmbito da organização criminosa", cita o MPF.

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